A Gummy's Life Capa

Review A Gummy’s Life (Xbox One) – Quem não tem amigos ou assinatura online, não brinca

Em uma leva de jogos caóticos inspirados em Gang Beasts, acabamos tendo espalhados por aí vários títulos indies que tentam oferecer uma experiência similar, com jogabilidade descontraída e bagunçada – no bom sentido. O maior problema é que produtos assim funcionam bem melhor com amigos, sendo algo bem monótono se jogado sozinho sem as motivações corretas. E o quanto A Gummy’s Life teve isso em mente? Bom, vejamos a seguir.

Desenvolvimento: EP Games
Distribuição: EP Games
Jogadores: 1-4 (local) e 1-8 (online)
Gênero: Ação, Plataforma, Aventura, RPG
Classificação: 10 anos
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC, PS4, Switch, Xbox One
Duração: Sem registros

Briga de doces

Fases

O indie maluco criado pela EP Games traz uma proposta de jogabilidade caótica, em que nosso objetivo é alternado levemente de acordo com o tipo de jogo escolhido:

  • Free for All: um modo em que todos se estapeiam até que reste apenas um em pé. O objetivo aqui é ser o “vacilão” que joga os outros para fora da arena, ou aquele traíra que lança o amigo em uma motoserra para vê-lo desaparecer.
  • Team Deatmatch: como o nome deixa claro, é o tipo de jogo que cria grupinhos e coloca todo mundo pra brigar pelo seu time. O time que eliminar todo mundo do outro lado, é o felizardo e vencedor da partida.
  • King of the Hill: aqui, ficam caindo marshmallows do céu e o objetivo é encostar neles até somar 5 pontos. Mas não pense que é possível fazer gracinhas e ficar perto do objeto logo que ele cair, pois isso lançará os espertinhos para bem longe
  • Hot Potato: o famoso Batata Quente, em que precisamos passar uma quase bomba-relógio para os adversários e vê-los explodirem.
Cenários variados

Todos esses modos listados acima podem ser jogados em qualquer um dos mais de 15 mapas disponíveis, mas também existem as listas recomendadas para cada um que são os cenários feitos pensando em cada um dos tipos de jogo.

Em termos de fases, todas são extremamente criativas e trazem até mesmo mecânicas próprias dentro delas, como um piano que abaixa alavancas que amassam os personagens e os eliminam; uma pista de carrinho bate-bate em que podemos dirigir os veículos e atropelar os adversários; uma academia ninja onde balas de goma alunas do local vêm te atacar; um relógio de ponteiro que tem seus números subindo para servirem de plataforma enquanto uma névoa acaba com quem ficar lá embaixo; entre outras gimmicks extremamente interessantes.

Desbloqueáveis

Os personagens também são bastante criativos e bem bolados, trazendo desde doces com uma aparência comum e completamente comestível, até um ursinho com cara de brinquedo e um tubarão que pode usar um chapéu com cara de gorro de inverno. Todos eles (supostamente) possuem atributos diferentes, como força, quantidade de dano que aguentam levar e um último ícone o qual não faço ideia sobre seu significado. Porém, na prática, os personagens parecem ter uma jogabilidade idêntica, já que não senti diferença alguma. Uma pena.

Boas ideias e sentimentos mistos

Mecânicas internas em fases

Mas aí, depois de tanta empolgação, vem a tempestade. Apesar de existirem vários desbloqueáveis completamente cosméticos que, felizmente, não alteram a vantagem que um personagem tem sobre o outro – apesar de que isso realmente traria um significado dos atributos citados acima -, todos os itens exigem com que joguemos online para serem desbloqueados. Isso mesmo, A Gummy’s Life tem um foco 100% no multiplayer online. Entendo que games assim possuem essa proposta de loucura desenfreada com amigos, mas por que eu deveria ser obrigado a jogar contra pessoas de verdade e manter uma assinatura em meu respectivo console para liberar algo primordial assim?

Tudo bem, pois nem tudo está perdido, porque não será tão difícil encontrar pessoas com quem jogar assim. A Gummy’s Life possui crossplay, e isso é muito bom. Porém, não é possível criar salas, mas é engraçado perceber que você pode ver as quais estão abertas no momento. No online, a única opção é a o matchmaking, ou então a criação de uma partida privada. Felizmente o Xbox possui a famosa função de Clube, então podemos criar um post convidando pessoas aleatórias para nossa partida. Depois de algumas jogatinas com estrangeiros japoneses, americanos e também pessoas do Brasil, percebi que o servidor do jogo é excelente, mesmo com um ping no vermelho.

Fase do teclado

Mas, é importante deixar bem claro que A Gummy’s Life vai te fazer ficar totalmente dependente do online. Como foi citado acima, não somente os desbloqueáveis exigem com que você jogue partidas na internet para serem liberados, mas o pior de tudo aqui é a inteligência artificial dos bots. Felizmente, o offline permite com que adicionemos uma cambada de personagens controlados pela IA sem depender da internet, porém, como ela funciona é bem questionável. Em todas as dificuldades, os bots agem da mesmíssima forma, indo agressivamente contra seu personagem.

Tudo isso é piorado pelos controles que, supostamente, eram para permitir o agarrão do adversário para lançá-lo além das arenas, eliminando-o de uma só vez. Entretanto, não é bem assim que as coisas funcionam, e até mesmo a falta de tutoriais faz com que a simples tarefa de arremessar uma goma inimiga seja uma missão quase impossível. Até agora não entendi como faço para jogar os personagens para longe, e olha que fui insistente.

Caos, bagunça e coisas estranhas

A Gummy’s Life era para ser um jogo bem divertido, mas na prática acaba sendo mais caótico do que qualquer outra coisa. Seus controles inspirados por A Gang Beasts acabam por mitigar bastante a diversão que era pra eu ter tido com ele, além da inteligência artificial agir de forma estranha e agressiva contra seu personagem a todo tempo. Porém, “bato palma” para a criatividade imensa desprendida na criação de fases. Muitos cenários possuem mecânicas próprias, e isso traz um pouco de variedade ao cerne do jogo.

A pior parte mesmo são os desbloqueáveis que são liberados apenas nas partidas online, tirando um pouco o sentido do jogo caso você seja alguém que não goste de jogar na internet. Se tiver amigos, provavelmente o indie caótico é uma boa pedida para você. Por outro lado, se gosta de games que possuem algum sentido para modo principal, pule fora – ou obrigue seus amigos a comprarem A Gummy’s Life em qualquer plataforma, já que existe o crossplay.

Cópia de Xbox One cedida pelos produtores