Alquimia, esse é o cerne da franquia de jogos Atelier, mas vai muito além disso. Todos os personagens presentes na franquia são fofos, e o mundo é todo colorido. Mesmo as grandes ameaças trazem aquele tom de conto de fadas que enchem os olhos. Todas as protagonistas de Atelier Mysterious Trilogy tem o seu jeito próprio, com personalidades distintas e jogos que, apesar de similares, são completamente diferentes.
Desenvolvimento: Gust
Distribuição: Koei Tecmo
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG
Classificação: 12 anos
Português: Não
Plataformas: Switch, PC e PS4
Duração: Atelier Sophier: 37 horas (campanha)/45 horas (100%) / Atelier Firis: 25 horas (campanha)/47 horas (100%) / Atelier Lydie & Suelle: 42 horas (campanha)/57 horas (100%)
Atelier Sophie: The Alchemist of the Mysterious Book
Aqui conhecemos Sophie, que mora no Atelier que era de sua avó. Ela mora no entorno da cidade de Kirchen Bell e é a Alquimista do local. Sua habilidade com o manejo e criação de itens ainda é muito precário, mas ela tem um sonho: ficar igual ou melhor que sua amada avó. Sua vida muda completamente depois de um incidente.

Ao fazer uma receita certa, ela decide fazer anotações em um livro, para que possa consultar sempre que quiser, mas alguma coisa acontece e esse livro ganha vida! Depois de conversar um pouco com o objeto, descobrimos que seu nome é Plachta, contudo, ela pouco se lembra de sua história. Sophie e o livro se dão super bem, e Plachta decide que vai ajudar a jovem alquimista a melhorar em sua arte, mas, em contrapartida, ela terá que acrescentar todas as novas receitas no livro, para assim trazer de volta a memória perdida. Sophie então se junta com alguns amigos da cidade e parte em uma jornada de aprendizado e batalhas.
Isso basicamente resume a jornada que Sophie terá que cumprir em seu jogo. O combate está presente no formato de turnos clássicos, ou seja, cada um pode agir uma única vez a cada ação. Além disso, é possível controlar quem vai agir mais rápido, já que, por exemplo, um ataque normal é geralmente mais veloz do que uma magia.
Para aprender como fazer novos itens, recebemos dicas de Plachta. Para algumas receitas é preciso recolher uma quantidade de itens ou então derrotar um tipo de inimigo, ou realizar pequenas investigações, que podem ser escolhidas no bar, que serve como forma de juntar uns trocados, já que vender itens rende bem pouco. É no bar também que podemos comprar rumores e aprender um pouco mais sobre os residentes da cidade, ou então sobre monstros e missões específicas. Conforme você vai realizando mais missões, mais delas aparecem e sua complexidade também aumenta.

Contudo, o grande destaque de Atelier Sophie: The Alchemist of the Mysterious Book é a síntese de itens, ou a alquimia, por assim dizer. Conforme andamos pelos mapas, podemos recolher itens que são utilizados para criar outras coisas. As criações podem variar desde bombas até caldeirões usados na síntese de novos itens. Muitas das vezes as missões pedidas no bar são para criar certos itens e entregá-los, e com isso é possível o crescimento de Sophie de uma alquimista aprendiz até chegar em um nível extremamente alto.
A exploração do mundo se dá através de caminhos, ou seja, o mundo mesmo não é explorado, e sim os vários locais que são abertos de acordo com a memória de Plachta. Isso é até bom, já que não perdemos muito tempo entre um local e outro.
Atelier Firis: The Alchemist and the Mysterious Journey
Na cidade de Entorna vive uma doce garota chamada Firis. Ela é a irmã de Liane, a caçadora local. Firis tem um poder especial: ela consegue sentir onde estão localizadas as pedras de minério na mina da cidade. Apesar de gostar do seu trabalho, o sonho da garota é atravessar o portão da cidade, ver o sol e viver uma grande aventura. Entorna não é uma cidade comum, já que ela fica, literalmente, dentro de uma montanha, e o sol somente é visto através de um buraco acima do lago.

Sua vida muda completamente quando, absolutamente do nada, uma alquimista explode o portão da cidade. Depois do impacto inicial causado pela visitante, elas se apresentam e descobrimos que seu nome é Sophie, e Firis fica fascinada ao saber que a estranha entende de alquimia. Vendo ali uma oportunidade de viver uma grande aventura, Firis implora para que a alquimista a ensine aquela arte, o que é prontamente aceito.
Ao tentar contar a grande novidade para seus pais, Firis acaba brigando com eles e promete que vai embora dali. O ancião da vila chega e decide que, se a garota conseguir ajudar as pessoas da cidade, ela poderá sair.
Depois de realizar algumas missões, o ancião decide que ela pode deixar Entorna, mas ela tem o período de um ano para se tornar uma alquimista registrada, do contrário, teria que abandonar o seu sonho e nunca mais pensar em sair. Firis fica extremamente alegre com a oportunidade, e sua irmã decide que irá acompanhá-la em sua jornada. A missão para se tornar uma alquimista registrada não é nada fácil, é necessário levar três cartas de recomendações de três alquimistas registrados. Assim, Firis e Liane partem em uma misteriosa jornada.
A exploração do mundo aqui é completamente diferente do game anterior. Agora temos absolutamente todo o mundo para explorar, ou seja, lá se vão vários “dias” de exploração. Como Firis tem apenas um ano para cumprir sua missão, no lado esquerdo superior fica o contador de dias e um relógio que controla a passagem do tempo. Portanto, é crucial ficar de olho naquele contador, já que tudo conta, como por exemplo: para fazer uma bomba, independente da sua qualidade, leva-se 12 horas; e caso sejam feitas 2 bombas, lá se foi um dia inteiro.

Outra coisa que influencia aqui é o LP, que são uma espécie de pontos de ação de Firis. Posso dar aqui uma série de exemplos, como andar pelo mapa e pegar itens também consome LP, e basicamente tudo o que ela faz em sua aventura. Por isso, é crucial manter o controle desses pontos, para que a personagem não desmaie durante a jornada.
O combate aqui é um pouco diferente do Atelier anterior, sendo levemente mais rápido. Apesar de ainda ser em turnos, dependendo da velocidade do personagem, ele pode agir duas ou três vezes mais rápido que o adversário ou membros da equipe. É possível controlar isso através de uma barra do lado direito da tela e, ao usar magias ou habilidades especiais, demoramos mais para agir novamente. Então, basta encontrar o equilíbrio necessário e assim dominar o combate.
Uma boa evolução vista aqui é o sistema de alquimia presente no jogo. Fazer o melhor item ficou mais intuitivo e fácil, se souber ver as dicas que o game dá, além de usar os elementos certos. Se usar peças vermelhas em partes vermelhas, você ganhará um bônus, e isso aumenta os atributos dos itens, o que pode influenciar diretamente na qualidade deles. Dentre os três jogos aqui abordados, a alquimia vista nessa é a mais divertida. Contudo, Firis tem ideia de itens absolutamente do nada. Às vezes eu pegava uma planta ou um minério e ela aprendia a fazer uma espada… fora isso, nada a declarar.
Atelier Lydie & Suelle Alchemists Mysterious Paintings

Por fim, temos Lydie e Suelle, que vivem com seu pai, o pintor e alquimista Roger na cidade de Merveille, capital do reino de Adalet. Elas comandam um pequeno Atelier na cidade, mas vivem sem clientes, já que na mesma cidade se encontra o Atelier da família Borthayre. A vida das gêmeas muda completamente quando elas conhecem Ilmeria, uma grande alquimista que estava visitando o local à convite dos regentes do castelo, e que se torna a professora delas. Pouco depois elas descobrem que o castelo implantará um sistema de ranking de alquimistas, e a dupla decide participar, começando assim a jornada.
A síntese de itens através da alquimia é praticamente igual ao game anterior, mas levemente melhorada. Há muitas mais opções de como fazer itens mais poderosos e assim deixar a jogabilidade mais fácil. O mesmo vale pro combate. As gêmeas são fracas, então dá para usar e abusar dos itens criados, como as excelentes bombas. Mesmo depois de pegar alguns aliados, os itens são a melhor pedida. A barra de ação é igual ao Atelier anterior, então é possível manipular quando as ações vão acontecer e, assim, obter maiores vantagens.

Uma coisa da aventura das gêmeas que vou evitar comentar é sobre as “Pinturas Misteriosas” que estão no título. Eu poderia falar algo sobre aqui, mas seria impossível sem entregar detalhes da trama, o que acabaria sendo deselegante da minha parte. Só saiba que esse é um trecho muito importante da história e traz um frescor maior para o game, se comparado com os outros dois. Além disso, acabamos encontrando antigas amigas durante a jornada, mas paro meu comentário por aqui.
A exploração do mundo retornou às origens, ficando igual ao primeiro game aqui citado. Devo dizer que achei isso muito bom, já que evita a perda de tempo em campos abertos onde não há nada a ser feito.
Jogos de encher os olhos e agradar os ouvidos
À primeira vista, os jogos de Atelier Mysterious Trilogy são como ver um desenho da Barbie feito por japoneses, e isso pode afastar quem não é muito fã de cenários coloridos e fofinhos. Ainda assim, cada novo lugar é um vislumbre para os olhos e esse remaster ficou totalmente excelente. Os três jogos impressionam à sua maneira e em todos os personagens são extremamente bem feitos e bonitos, desde os protagonistas até os secundários.
Sua trilha sonora é fofinha e combina perfeitamente com o ambiente, e não cansam com o passar das horas. Atelier Sophie e Atelier Firis possuem dublagem em inglês e japonês, enquanto Atelier Lydie & Suelle possui somente o áudio original. Particularmente, eu prefiro as vozes em inglês, então para mim foi uma bola fora não ter essa opção no terceiro game. Além disso, não há legendas em português, o que pode afastar uma parte do público.
No geral, Atelier Mysterious Trilogy é um pacote de JRPG que eu recomendo demais. O trabalho da equipe aqui foi primoroso e tudo está em alto nível. Essa foi a primeira vez que eu tive o prazer de jogar algo da franquia Atelier, e ela agora com toda certeza está no meu radar de lançamentos.
Cópia de PS4 cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong
Atelier Mysterious Trilogy
Prós
- Visuais bonitos e extremamente coloridos
- Trilha sonora que não cansa e diverte
- Sistema de alquimia que melhora a cada jogo
- Histórias envolventes e instigantes
Contras
- Algumas missões de leva e traz de itens e informação são chatas demais
- Falta de dublagem em inglês no terceiro jogo da trilogia
- Falta de legendas em português