Bakugan: Champions of Vestroia capa

Review Bakugan: Champions of Vestroia (Switch) – Um Pokémon com execução a desejar

Quanto mais eu jogo, mais tenho em minha cabeça que se trata de um apanhado de inspirações misturadas e feitas sem muita ideia do que estava sendo feito. Sim, este é meu sentimento com Bakugan Champions of Vestroia, que aliás foi desenvolvido por uma grande empresa: a WayForward. Lembro exatamente do momento em que ele foi anunciado em uma Nintendo Direct Mini, como também é vívido em minha mente o quanto o jogo foi criticado pelas pessoas na internet

Vivemos tempos em que as pessoas julgam algo sem nem mesmo ter experimentado antes, e, normalmente, costumo fazer o contrário e dar uma chance, por mais que vídeos de jogabilidade me desanimem de vez em quando.

Desenvolvimento: WayForward
Distribuição: Warner Bros. Interactive Entertainment
Jogadores: 1-2 (local e online)
Gênero: Ação, RPG
Classificação: Livre
Português: Interface e Legendas
Plataformas: Switch
Duração: Sem registro

Um herói pra chamar de seu

Batalhas

Bakugan Champions of Vestroia me cativou por ser baseado em um anime, o que me faz lembrar de meus velhos tempos com o jogo BeyBlade de PS1, que possivelmente nos dias de hoje é um verdadeiro desastre. Mesmo assim, foram bons momentos de experiência com um produto inspirado em uma outra mídia, e eu achei muito que Bakugan quebraria esse estigma negativo que jogos desse teor costumam ter. De qualquer forma, nunca julgue um livro apenas pela sua capa, e nem uma jogabilidade apenas por causa de vídeos.

Bakugan Champions of Vestroia segue um clichê bastante usado em games desse gênero, que é o protagonista personalizado que acaba recebendo o nome do jogador. E isso não é uma crítica. No início da jornada no modo História podemos criar nosso próprio personagem, mas sem muitas opções variadas para moldá-lo ao gosto pessoal. O máximo que nos é oferecido para alterar são os cabelos, calças, camisetas e calçados. Minimamente é possível dar uma identidade própria ao protagonista, estudante da escola sem nome – ou algum esquecível que já me esqueci – de nossa cidade, sem algo que a identifique.

A seguir, um objeto não identificado colide com um local próximo de onde os alunos estavam jogando bola, e então um grupo de amigos resolve investigar o ocorrido junto com o protagonista. Chegando lá, uma esfera contendo um Bakugan se revela, e acaba “adotando” nosso personagem como seu dono e treinador. A partir daí, o jogador começa a receber mensagens de tutorial do protagonista e estrela do anime, Dan Kuso, que não passa apenas de um mero assistente em Bakugan Champions of Vestroia.

Bakugan voador

As missões são bastante simples, e o mesmo pode ser dito em relação aos diálogos. O game, de forma geral, parece ter sido pensado em um público pré-adolescente, já que as conversas que os personagens têm entre si são bastante bobinhas e muitas vezes apresentam lições de moral relativamente previsíveis. As tarefas também não possuem segredos, e se resumem basicamente ir de um ponto A ao ponto B, pegar algo e entregar a alguém, coletar itens para completar uma missão de busca e atravessar a cidade fazendo uso de locais de fast-travel que possuem um loading extremamente frustrante.

Aliás, se tem algo que esse jogo sabe fazer é telas de carregamentos: elas estão por todos os lugares. Basta entrar na loja, iniciar uma luta ou chegar em um outro lugar do mapa, e a tela de loading será sua pior inimiga por aqui. Mesmo após atualizações, o problema não foi resolvido ou sequer amenizado.

Batalhas com interação desnecessária

Corrida por energia

Eu diria que o maior pecado de Bakugan Champions of Vestroia é também sua maior vitória. As batalhas são dignas de serem criticadas, e com muita razão. Algo que poderia ter sido feito de forma mais simples, recebeu aqui um pacote de distrações para manter a sensação de ocupação no jogador. As ações seguem um estilo bem Pokémon de ser, em que os Bakugans possuem um grupo de 4 habilidades que podem ser trocadas por novas adquiridas, mas que necessitam de energia para serem usadas. Quando todos os Bakugans chegam ao máximo de energia, é possível executar um golpe em equipe para causar um dano bem maior.

Ao fundo do cenário durante estas batalhas, o Bakugan do jogador e do inimigo ficam se estapeando sem parar somente para simular uma briga, enquanto que nosso personagem precisa ser controlado para coletar losangos de energia que ficam surgindo no chão em toda a luta. É um processo bastante repetitivo, esse de juntar energia o suficiente para permitir a execução de uma habilidade, ver a animação do Bakugan usando-a, e novamente coletar a energia para repetir o ciclo.

Eu juro que entendi o que tentaram fazer ali, justamente mantendo o personagem sendo controlado pelo jogador para ter o que fazer enquanto as habilidades não ficam prontas. O problema é que, depois de uma ou duas lutas, esse sistema de batalha se torna bastante cansativo. As lojas locais tentam até oferecer melhorias para o nosso “guerreiro” de forma que esferas de energia passem a agir de forma magnética em relação ao personagem – ainda bem, porque passar reto por elas é mais do que normal acontecer -, e outras vantagens que modificam levemente a jogabilidade do protagonista. Mesmo assim, nada parece melhorar a repetição extrema e a obrigação que temos de assistir toda vez a mesma coisa. É como jogar Pokémon sem a opção de pular as animações, porém elevado à enésima potência, e quem gosta disso ativado sabe o quanto é punitivo psicologicamente não ter essa modificação.

Colecionando Bakugans

Subindo de nível

A forma como Champions of Vestroia fornece novos monstrinhos ao jogador é bem simples, e se dá através de vitórias. Não é muito previsível em quais momentos exatamente ganhar uma batalha trará como resultado um Bakugan novo, mas geralmente é uma ótima sensação a de receber um novo integrante para a equipe. Os tipos de Bakugans também funcionam de forma parecida com o jogo da GameFreak/Nintendo, já que os “monstros” possuem cores variadas, cada qual possuindo um tipo de vantagem sobre outra cor diferente e também desvantagens em relação à outras. É possível fazer a consulta mais detalhada dos Bakugan no menu da equipe, além de ver todos os atributos de cada monstro. O maior problema é que tudo isso precisa ser decorado, já que durante as batalhas só existem as opções “resume” e “forfeit” – aliás, a tradução do jogo está incompleta.

É de extrema importância que informações desse tipo estejam presentes para serem visualizadas durante momentos primordiais, mas a interface e experiência de usuário em Bakugan Champions of Vestroia claramente não foi bem pensada ou testada. As batalhas acabam se tornando algo sem estratégia e baseadas apenas na memória, juntando energias freneticamente e aplicando golpes aleatórios que, também, carecem de informação sobre o efeito de cada um durante o confronto. Para piorar, qualquer tática vai por água abaixo já que o jogo não permite a escolha do próximo Bakugan a ser enviado na batalha uma vez que o anterior é derrotado.

Um jogo cheio de problemas, mas porque escolheu assim

Vários loadings...

Bakugan Champions of Vestroia acabou sendo bem maçante no fim das contas, mesmo tendo um escopo de jogo bem parecido com Pokémon e uma fórmula que tinha tudo pra dar certo. As missões são fracas e muito simplistas, e certas tarefas são ridiculamente bobas como encontrar pedaços do cartaz que está impedindo a divulgação de um evento.

Porém, é inadmissível que as batalhas, o foco do jogo, possua um sistema de coleta de energias que estraga completamente seu ritmo. Fora isso, a ausência de qualquer informação detalhada sobre os Bakugans – e até mesmo a inexistência da possibilidade de consulta – durante os confrontos, torna a experiência em um mero golpe de sorte e tentativa e erro, já que decorar o que cada ataque faz e sobre quais tipos de Bakugan uma cor específica tem é um trabalho que deve ser feito manualmente. Infelizmente, foram inventar coisas quando dava para ser bem mais direto na proposta.

Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Kiefer Kawakami

Bakugan Champions of Vestroia

4

Nota final

4.0/10

Prós

  • Batalhas tem potencial
  • Design dos Bakugans
  • Personagem personalizável

Contras

  • Mecânicas forçadas
  • Tradução incompleta
  • Missões sem graça
  • Muitas telas de loading
  • Sem informações em batalhas