Beyond the Ice Palace II é um jogo de plataforma no estilo dos Castlevania clássicos que tem bons gráficos e algumas ideias com potencial, mas que, no geral, entrega um resultado mediano.
Desenvolvimento: Disaster Games
Distribuição: Selecta Play, Astrolabe Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura
Classificação: 12 anos (violência)
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS5, Switch, Xbox Series S|X
Duração: 4 horas (campanha)
Dois? E o um?

Em Beyond the Ice Palace II, você controla o “Rei Amaldiçoado”, que desbrava seu reino devastado para retomar seu trono. Talvez você se pergunte sobre o II do título, já que é provável nunca ter ouvido falar do primeiro Beyond the Ice Palace. Bom, também aconteceu comigo e tive que pesquisar: trata-se de um jogo de 1988, lançado para computadores da época, como Amiga e Commodore 64. É um jogo de plataforma bastante curto, semelhante a Ghosts ‘n Goblins.
Obviamente, os games evoluíram muito desde 1988, e o que se mantém nessa distante continuação é basicamente o enredo e o formato de plataforma 2D. Apesar do game ser divulgado como um metroidvania, eu diria que é apenas um “vania”, pois a gameplay se assemelha mais aos títulos clássicos da série de vampiros, lançados antes de Symphony of the Night. Isto é, você anda para frente em cenários 2D enfrentando inimigos e chefes, além de seções de plataforma. Há leves elementos de metroidvanias, como o ganho de algumas habilidades e um pouco de exploração e backtracking, mas é muito pouco mesmo. Sequer há um mapa típico desse gênero.
Desbrave seu reino devastado

Você controla o Rei por vários cenários ao longo do reino, que mais ou menos atuam como fases separadas, com save points bastante distantes entre si – o que já é um dos problemas do jogo. Você pode atacar com suas correntes como um chicote (tal qual Castlevania), pular, dar um dash e outras ações, com exatamente apenas três habilidades adicionais adquiridas ao longo da aventura. Elas permitem alcançar novos lugares, tal qual esperado em metroidvanias, mas há muito pouco o que voltar para explorar, com a grande maioria dos cenários que exploram essas novas habilidades sendo apresentados a partir do momento que você as adquire. Em suma, é um jogo bastante linear – o que não é um problema em si.
O combate, dessa forma, é bastante simples, já que você basicamente só tem o ataque do seu chicote, podendo usar o dash para algumas ações também. Não chega a ser ruim, mas está longe de ser algo empolgante. Há uma variedade até que razoável de inimigos, mas o game é bastante punitivo e você morrerá frequentemente – talvez com alguma irritação, principalmente levando em conta a má distribuição de pontos de salvamento.
O estresse é garantido

A movimentação é outro dos problemas. O Rei se move muito devagar e de forma travada, tal qual nos Castlevania clássicos – o que não é algo que é legal de se manter hoje em dia. Além disso, o game possui muitas seções de plataforma que podem ser bastante frustrantes, principalmente perto do final.
Um dos elementos mais presentes é o uso de argolas nas quais o personagem pode se pendurar. Porém, elas não são bem implementadas e podem irritar em diversos momentos por você não conseguir fazer o que quer, principalmente quando estão em lutas contra chefes.
Nada muito especial

A única personalização que temos é um sistema de upgrade, que também é bastante sem graça. Você utiliza itens que encontra ao longo das fases para aprimorar aspectos do seu personagem mas, entre os cinco disponíveis, basicamente apenas dois valem a pena. E esses itens são escassos, mal sendo possível aprimorar metade das possibilidades.
O visual e o som talvez sejam as melhores partes do game, mas, no geral, fica a sensação de um jogo que ficou muito perto de ser um ótimo título. Os desenvolvedores construíram uma base para o que poderia ser um sólido game de ação em plataforma, mas que acaba comprometido por seu level design, mecânicas de exploração e pelo combate mal desenvolvido.
Talvez alguém tenha pedido pela continuação, mas se vai gostar…
Beyond the Ice Palace II revive uma série depois de décadas, mas certamente não será o seu retorno triunfal, apresentando um jogo apenas mediano para os tempos atuais.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Julio Pinheiro