O gênero RPG parece já estar com códigos bem estabelecidos, mas desenvolvedores de todo o mundo continuam a mostrar criatividade para modernizar continuamente esse tipo de jogo. A nova pepita da categoria retoma o sacrossanto combate por turno, só que de maneira bem energizada.
Será que vamos ter um retrocesso ou um avanço com Chained Echoes, o trabalho de um único desenvolvedor? Isso é o que veremos nesta análise. Seria ele digno do panteão dos grandes JRPGS? No mesmo nível de lendas como FF6, Suikoden 2 ou mesmo Chrono Trigger?
Desenvolvimento: Deck13
Distribuição: Matthias Linda
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG, Aventura
Classificação: 14 anos
Português: Não
Plataformas: PC, Switch, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series, Switch
Duração: 23h (campanha)/42h (100%)
Solitário caminho do herói
Como você restaura o RPG de turnos à sua antiga glória em um mundo onde temos três episódios de Xenoblade Chronicles e FF Remake? Bem, esse foi o desafio do desenvolvedor alemão Matthias Linda durante sete anos de luta e desenvolvimento. Claro, o resultado não é perfeito, mas as deficiências são tão insignificantes que ainda achamos difícil acreditar que um único homem seja responsável por tal resultado.
E vamos começar esta visão geral abordando a narrativa. Já falamos sobre Matthias como dev, mas improvisar como roteirista não é brincadeira. E mesmo assim, a história que vivemos em Chained Echoes consegue ser envolvente do começo ao fim.
O prólogo nos permitirá entender os desafios que enfrentaremos ao nos apresentar tanto os personagens quanto a mecânica do jogo. Estamos muito longe das dolorosas e longas fases tutoriais. Aqui, desde os primeiros minutos que passamos na companhia de Glenn e Kyllian, somos apanhados na vida destes mercenários cujas vidas não são fáceis, e que devem cumprir uma missão de alto risco para restaurar a sua imagem. Isso nos permite entender que o continente de Valandis está passando por uma guerra entre três reinos: Taryn, Escanya e Gravos.
Explorando
A exploração deste mundo é muito agradável. A velocidade de movimento do nosso grupo é rápida e prazerosa. Andar por aí pelo game nunca é em vão, já que um sistema de caixas desbloqueáveis oferece recompensas adicionais.
Os objetivos a serem alcançados são muito diversos. Entre matar um inimigo apenas envenenando-o ou desenterrar um número suficiente de tesouros, há muita diversão e diversidade.Tudo sem nunca ver o tempo passar, neste mundo cheio de segredos. Muitos RPGs se perdem nessas missões secundárias, dando aos jogadores a impressão de se tornarem um entregador da Sede, mas isso não ocorre em Chained Echoes.
Temos autonomia e liberdade, sem nunca sermos obrigados a ouvir uma história chata, além de termos uma visão geral do que precisa ser feito e do que ainda não descobrimos. Além disso, apesar do tamanho relativamente grande dos mapas que percorremos, a velocidade de movimento e os diferentes cristais de teletransporte disponíveis nos permitem atingir rapidamente nossos objetivos. A única falha ao meu ver está no mapa, no qual não podemos adicionar pontos de interesse pessoais.
Progredindo
Para poder aumentar as habilidades e estatísticas básicas, devemos matar chefes. Nosso progresso é, portanto, relativamente marcado. Isso não significa que não temos como influenciar a progressão de nosso personagem. Temos três jeitos para melhorar e personalizar nossa equipe. Cada um de nossos heróis tem suas próprias habilidades e uma arma. As habilidades disponíveis, sejam ativas ou passivas, são muito numerosas e é impossível para nós equipar todas, precisamos escolher quais se adaptam melhor ao nosso estilo de luta.
Além disso, essas habilidades podem ser atualizadas de duas maneiras. A cada batalha que travamos, recuperamos um certo número de pontos de habilidade. Se alguns desses pontos aumentarem diretamente, levará essa habilidade para o próximo nível, e outros desses pontos são atribuíveis conforme acharmos adequado. Assim, é possível passar uma habilidade diretamente para o nível 2 enquanto as outras permanecem no nível básico.
Outro fator na evolução de nossos personagens diz respeito a seus equipamentos. Podemos assim equipar-nos com uma arma, armadura, e um acessório. Apenas os dois primeiros são atualizáveis.É preciso aumentar estatísticas básicas, mas além disso, adicionar a eles um ou mais cristais com propriedades muito diferentes. Aqui, novamente, os efeitos são incrivelmente variados e as possibilidades resultantes nos oferecem uma gama tão ampla de personalização que cada jogador poderá encontrar o que procura, sem gastar muito tempo lá.
Por fim, durante nossa epopeia, podemos nos deparar com estátuas que representam os heróis do passado. Graças a eles poderemos, após uma dura batalha, onde mostramos nosso valor, obter uma classe adicional, que podemos equipar a qualquer membro sem qualquer restrição, adicionando assim diferentes habilidades, tanto passivas quanto ativas. Essas habilidades são atualizáveis da mesma forma que as habilidades básicas, e se quisermos podemos atribuir essa classe a outro herói.
Lutando
Agora vamos entrar na parte do combate, então parabéns aos leitores que leram todas essas linhas. Se à primeira vista as mecânicas colocadas pelo desenvolvedor alemão parecem saídas do manual, acréscimos vêm trazer uma nova dimensão tática eficaz que, aliada à impossibilidade de níveis de repetição, torna cada luta viciante e potencialmente mortal.
Os pré-requisitos para entender esta jogabilidade são bastante simples: nossa equipe ativa é composta por quatro aliados, cada um deles possui técnicas especiais, que podem atacar, defender ou usar um objeto da bolsa comum. O uso de habilidades consome um medidor de pontos de técnica, mas este se enche no final de uma luta.
Nossa vida também volta ao máximo, e os efeitos de status desaparecem quando a luta termina. Esse sistema pode ser considerado permissivo demais pelos fãs mais chatos do gênero, mas não é. Muito rapidamente os inimigos que enfrentamos se tornam maiores em número, e a quase impossibilidade de subir os níveis nos faz estar constantemente em alerta total nas lutas.
Para superar nossos inimigos, temos que ser espertos e aproveitar ao máximo as habilidades de nossos aliados, além de administrar nosso medidor de sinergia. Esta é a novidade do combate. Cada ataque que fizermos ou habilidade que usarmos mudará o controle do medidor. Ficar na área laranja dá aos nossos feitiços um custo normal. Coloque a barra no verde e o custo cai pela metade; no vermelho, acontece o contrário e o custo é multiplicado por dois, e isso dá um dinamismo muito bom nas pelejas
Ensinando
Os fãs de RPG por turnos não podem deixar de ir atrás de Chained Echoes. Tudo nele é feito para o jogador se divertir. Com seus gráficos pixel art de alta qualidade e trilha sonora incrível feita por Eddie Marianukroh, o game nos leva a um universo rico numa narrativa densa e bem feita. Seus sistemas de progressão e combate são uma maravilha de que garantem um desafio sempre equilibrado deixando o jogador livre para avançar na história ou explorar os cantos deste mundo. Mais do que uma homenagem aos RPGs do Super Nintendo, Chained Echoes eleva a fasquia no mundo dos RPGs. É uma obra que merece seu lugar na biblioteca de brinquedos de todos os amantes desse tipo de título, pois o jogo ensina a fazer uma boa obra. É óbvio que fato de ser o trabalho de um único desenvolvedor impõe ainda mais respeito.
Para Chained Echoes, com suas magias, armaduras tipo Gundam, estilo de combate único e eletrizante, trilha sonora incrível e poucos defeitos, neste momento só posso dizer que o jogo merece somente palmas, palmas essas que abafam o som dos pequenos defeitos que o jogo tem. Eu pessoalmente o recomendo muito.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong