Mandragora: Whispers of the Witch Tree é um metroidvania que bebe da fonte dos jogos soulslike, incorporando diversos elementos característicos desse gênero tão popular atualmente. Com um estilo de arte bastante único e um combate brutal e punitivo, mas repleto de opções estratégicas, o jogo busca se firmar como uma boa opção para os amantes do gênero. Mas será que ele realmente consegue cumprir essa tarefa? Essa é a pergunta que tentarei responder ao longo desta análise.
Desenvolvimento: Primal Game Studio
Distribuição: Knights Peak
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura, RPG
Classificação: 14 anos (violência, drogas lícitas, linguagem imprópria)
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series X/S, Switch
Duração: 15 horas (campanha)/36 horas (100%)
Caça às bruxas

Como um dos inquisidores a serviço direto do Clérigo Rei, somos designados para rastrear e capturar a última bruxa conhecida da região. Embora essa tarefa tenha sido atribuída ao nosso personagem como forma de punição, é a partir dela que começamos a questionar nosso propósito: servir cegamente a um império que luta para sobreviver por mais alguns anos, enquanto o resto do mundo sucumbe à escuridão que invade a realidade por meio de fendas no tecido do mundo.
Durante a caçada, conheceremos outros personagens que nos acompanharão ao longo da campanha. Cada um desses desajustados que compõem nossa comitiva possui seus próprios motivos para esconder o passado. No entanto, conforme avançamos em nossa missão, os laços entre o protagonista e os demais personagens se estreitam, revelando gradualmente suas histórias.
Entre os membros da caravana, temos um ferreiro brutamontes que pouco fala, mas é gentil e educado; uma herbalista acompanhada de seu gato, que nos fornece ervas medicinais; um cozinheiro de boca suja; um caçador galanteador, entre outros.
Combate punitivo

O combate em Mandragora não perdoa erros. Qualquer deslize pode resultar em morte – e acredite, é melhor se acostumar com ela. Assim como nos jogos do gênero soulslike, subestimar os inimigos, por mais fracos que pareçam, é o caminho certo para a sua própria ruína. Mesmo o oponente mais frágil pode representar perigo se estiver em grupo ou aliado a inimigos mais poderosos. Enfrentaremos uma grande variedade de criaturas ao longo da campanha: de cães, lobos, ratos, morcegos e bandidos, até poderosos vampiros, esqueletos, zumbis, magos, fantasmas, gigantes e muito mais.
Até mesmo o cenário é traiçoeiro e exige atenção: armadilhas no teto, nas paredes e no chão, buracos com estacas e precipícios são armadilhas constantes para os desavisados. Apesar de frustrante em certos momentos, o combate recompensa o esforço e a persistência. A sensação de vitória após derrotar um inimigo poderoso é gratificante – uma marca registrada dos soulslikes. Afinal, apenas sua habilidade e determinação serão responsáveis por vencer aquele chefe que já te matou mais de uma dezena de vezes.
Gráficos lindos e cenários variados

Um dos aspectos que mais me impressionaram em Mandragora foi sua belíssima direção de arte, que parece saída de uma pintura. Combinando fantasia com uma ambientação sombria e brutal, os cenários encantam pela beleza, mas deixam claro que apenas os mais aptos sobreviverão nesses ambientes hostis.
Durante nossa missão, exploramos ruínas, esgotos, montanhas cobertas de neve, o castelo de um vampiro e suas crias, florestas, cavernas, outras realidades, vilarejos, pântanos, cidades e muito mais. Além de variados, os cenários são interconectados, o que favorece a exploração e a locomoção – desde que sejam desbloqueados os inúmeros atalhos espalhados por esse mundo sombrio.
Exploração, equipamentos variados e sistema de melhorias

Como em outros jogos do estilo metroidvania, a exploração em Mandragora é retroativa. É comum precisar revisitar áreas já exploradas para acessar novos caminhos, uma vez que certas habilidades e equipamentos (como um gancho que permite escalar paredes e atravessar grandes abismos) são adquiridos mais adiante.
A variedade também se estende ao nosso arsenal: espadas de uma e duas mãos, martelos, adagas, escudos grandes e pequenos, bugigangas mágicas para conjurar feitiços, armaduras leves e pesadas, entre muitos outros.
Embora possamos pagar para que outros personagens fabriquem nossos itens, desde que tenhamos os materiais e o dinheiro necessários, não é possível aumentar o nível dos equipamentos. O máximo que podemos fazer é encantá-los com runas mágicas que concedem bônus adicionais.
Entre chefes e problemas de performance

Nem tudo são flores. Mandragora também apresenta problemas que impactam negativamente a experiência. Travamentos e quedas de desempenho, especialmente ao abrir o mapa, prejudicam a fluidez da exploração. E como o jogo não pausa ao acessarmos o mapa, é possível sermos surpreendidos por ataques inimigos durante esses momentos.
Outro ponto que me incomodou foi o ritmo da aparição de chefes em alguns momentos. Em um curto intervalo de tempo, precisei enfrentar três chefes e um mini chefe, sem tempo suficiente para evoluir meu personagem ou melhorar o equipamento. Embora o desafio seja bem-vindo, nesses casos ele gerou mais frustração do que satisfação.
Além disso, alguns trechos com desafios de plataforma um pouco confusos exigiram mais tentativas do que certos chefes. Os saltos precisavam ser calculados com precisão para o personagem se agarrar às bordas das plataformas – tudo isso com limite de tempo, o que tornava a situação ainda mais tensa e frustrante.
Finalizando a caçada
Mesmo com alguns pontos negativos, Mandragora: Whispers of the Witch Tree se destaca por oferecer uma experiência completa e envolvente, com muitas horas de jogo e conteúdo de qualidade. Sua belíssima arte, boa jogabilidade, trilha sonora excelente, seis classes com árvores de habilidades únicas, grande variedade de inimigos e uma história interessante com múltiplos finais fazem deste título uma ótima escolha não apenas para fãs de metroidvanias e soulslikes, mas também para quem aprecia bons jogos de ação e aventura com grandes doses de desafio.
Cópia de Xbox Series X|S cedida pelos produtores
Revisão: Júlio Pinheiro