Mais uma temporada do futebol mundial começa e junto com ela, vem a edição anual da principal representação do esporte no âmbito virtual. EA Sports FC 26 já está entre nós, sendo mais uma versão iterativa da série da Electronic Arts que diverte e traz uma novidade interessante, apesar de manter os mesmos pontos negativos e positivos de sempre.
Desenvolvimento: EA Vancouver, EA Romania
Distribuição: Electronic Arts
Jogadores: 1-4 (local) e 1-2 (online)
Gênero: Esportes, Simulação
Classificação: Livre (compras online, usuários interagem)
Português: Interface, dublagem e legendas
Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S, Switch, Switch 2
Duração: 26 horas (campanha)
A escolha é de quem joga

Dessa vez, o carro-chefe da EA Sports simula futebol de dois jeitos distintos: em um estilo acelerado e arcade e em outro, mais parecido com o esporte real. A jogabilidade competitiva é a mesma do online, centrada na velocidade e no controle de atletas individuais, enquanto o modo autêntico oferece uma gameplay lenta e cadenciada, com espaço para a execução de táticas coletivas – se assemelhando ao estilo de jogo oferecido pela franquia PES e Winning Eleven, hoje conhecida como eFootball.
Com essas opções, o EA Sports FC 26 consegue apelar para públicos diferentes, seja quem prefere uma simulação ou quem gosta da adrenalina do modo online – que funciona bem, sem problemas de conexão ou atraso nos comandos. Além dos modos tradicionais, há o Rush, que segue substituindo o Volta com partidas rápidas em um estilo cinco contra cinco, em um campo menor. Como modo secundário, é divertido, mas a autenticidade que era oferecida pelo Volta em sua representação de um futebol mais popular faz falta nessa edição, pois o Rush é situado somente em estádios, iguais aos das partidas normais.

Como novidades gerais na jogabilidade, o game traz uma condução mais responsiva e um posicionamento mais inteligente dos jogadores controlados pela IA. O título apresenta vários refinamentos nas mecânicas de passe, domínio da bola e goleiros, resultando em liberdade para fazer o que quiser em campo de forma fluida e reativa. Tudo isso faz com que o EA Sports FC 26 cumpra sua proposta de ser acessível para públicos em busca de experiências distintas dentro do mesmo esporte.
Muito conteúdo para jogar

Há muito conteúdo em EA Sports FC 26, incluindo o Ultimate Team, o principal modo, que permite a criação de um time personalizado com atletas vindos de cartinhas para participar de ligas online contra outros jogadores. De longe, o modo FUT é o menos interessante entre todas as opções oferecidas porque é uma funcionalidade excessivamente monetizada, pensada mais para quem gosta de apostas do que para quem efetivamente quer jogar – e também porque o modo mescla futebolistas de diferentes gêneros em uma única equipe, o que não faz sentido algum em termos esportivos.
Mas, pelo menos, dá para passar muito tempo jogando sem cogitar encostar nos mecanismos financeiros presentes no simulador – há moedas que podem ser compradas infinitamente, passes com recompensas adicionais e até um mercadão que permite a venda de atletas para outros membros da comunidade. Existe uma infinidade de campeonatos, campanhas e amistosos com regras diferenciadas, e o melhor de todos é o modo carreira. Escolher um técnico, comandar um time (seja real ou fictício) e levar a equipe ao sucesso ao longo de uma temporada é legal e empolgante.

A EA sempre acerta na representação do futebol feminino, mas um ponto que deixa a desejar na franquia é a ausência de clubes brasileiros. As únicas equipes nacionais presentes são as que se classificaram para a Libertadores desse ano, sendo jogáveis só nesse campeonato específico e com atletas genéricos. Há justificativas para esse problema, relacionadas à forma como os direitos de imagem funcionam na lei brasileira, mas ainda assim é uma pena, especialmente porque não há nenhum esforço na criação desses futebolistas, que têm todos os nomes em espanhol.
Apresentação boa, mas robótica às vezes

Um ponto que nunca parece melhorar na franquia é a narração. Apesar de trazer mais termos nos jogos atuais, a sensação é que esse aspecto parou no tempo desde a época do PlayStation 2. A locução da versão nacional, feita por Gustavo Villani com comentários de Caio Ribeiro, dá uma “estética de Rede Globo” ao simulador, mas é robótica e vazia porque não conta com uma presença constante de repórteres, que complementam as transmissões reais com informações adicionais – eles só aparecem no jogo em momentos muito esporádicos.
Essa é a única característica que prejudica a apresentação excepcional de EA Sports FC 26, que imita até mesmo a identidade visual de cada competição. O jogo de câmeras utilizado é sensacional, com direito até à visão em primeira pessoa de cada jogador. O lado sonoro proporciona uma imersão única às partidas – não só pelo som dos atletas e da bola, mas também pela torcida reativa e pelos sons de cada estádio, fiéis à realidade.

O desempenho da versão de PC, porém, não agrada, devido a travamentos na transição entre cutscenes e gameplay. É possível ver as cenas e replay na taxa de quadros completa, mas elas são pesadíssimas por causa do detalhamento absurdo do campo e das animações dos jogadores. Mas parte dos gráficos é um pouco inconsistente: os jogadores, principalmente os mais conhecidos, são fotorrealistas, mas os torcedores pertencem ao vale da estranheza, parecendo “mortos por dentro” sempre que são focados pela câmera. Fora esse detalhe, a apresentação contribui bastante para a qualidade da simulação propiciada pela EA – que, apesar de ter uma monetização pesada, é ignorável e não impede que o game seja uma experiência agradável.
Jogo bonito
EA Sports FC 26 traz uma ótima gameplay, mas o foco excessivo na monetização do Ultimate Team e a ausência de times nacionais fazem com que o título não atinja seu potencial completo. É um bom jogo acima de tudo, destinado principalmente para quem gosta de partidas casuais e realistas, já que esse público vinha sendo deixado de fora nos últimos tempos, mas foi recapturado aqui com sucesso pelos desenvolvedores.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong




