Effie Capa

Review Effie (Xbox One) – Ode aos jogos de plataforma

Há tempos e gerações de consoles que não costumamos ver mais a simplicidade dos jogos de ação e aventura. Na era de ouro do PlayStation 1 e Nintendo 64, o mercado de games eletrônicos era lotado por títulos com essa premissa, como Crash Bandicoot, Mario 64, Croc e seus similares (ou clones). Com o avanço da tecnologia, videogames cada vez mais tentam emplacar histórias grandiosas ou épicas, com uma grande lista de personagens e coisas para memorizarmos com o objetivo de adentrar aquele universo complexo. Atualmente, é raro quando algum game resolve arriscar uma abordagem mais simples, com uma história superficial e direta, mas com um alto grau de acerto em termos de jogabilidade. Por isso, Effie, do estúdio espanhol Inverge Studios, é um ode aos clássicos títulos de ação e aventura.

Desenvolvimento: Inverge Studios
Distribuição: Klabater
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Ação
Classificação: 10 anos
Português: Não
Plataformas: PC, Xbox One e PS4
Duração: 4.5 horas (campanha)/7.5  horas (100%)

Combate, exploração e desafios de plataforma

Em um tempo muito distante de nossa realidade, vivia um jovem guerreiro chamado Galand. Em um belo dia, o jovem foi amaldiçoado por uma bruxa, recebendo sobre si uma maldição que consumiu seus valiosos anos de vida.Assim, o – agora velho – herói precisa ir atrás desta bruxa para resgatar sua juventude e forma original. Para isso, Galand precisará explorar as várias cidades da região de Oblena para libertá-las da magia negra que paira sobre elas.

Effie se descreve como um jogo recheado de elementos clássicos do gênero ação e aventura, contando com muitos aspectos de plataforma e diversos puzzles. Através de uma mistura perfeita que envolve combates e momentos de raciocínio, o indie da Inverge Studios consegue, de forma magistral, aplicar um equilíbrio muito grande entre tensão e pensamento lógico, inclusive em enigmas que estão na sua cara e você nem percebe.

Habilidades são o ponto alto

Golpes novos com o escudo

Há vários eventos de descoberta de novas habilidades, que podem ser usadas diretamente no combate ou em locais de campo aberto. O level design também ajuda demais na qualidade dos desafios de plataforma e principalmente no backtracking (processo de retorno a lugares já visitados), por meio de cenários recheados de coisas a serem feitas e inimigos para enfrentar. Normalmente, há sempre algo para explorar em um ambiente conhecido, seja um baú escondido ou novas hordas de monstros.

A primeira grande habilidade aprendida por Galand é por meio de seu recém-recebido escudo mágico Runestone, provido pelos antigos deuses protetores, que permite que o herói utilize seu escudo mágico para golpear seus inimigos, realize um clássico pulo duplo ou então plane sobre os locais de uma forma similar ao filme De Volta para o Futuro, em que temos a presença marcante do Hoverboard – aquela prancha flutuante, basicamente. 

"Runeboard"

As habilidades passivas são bastante usadas em diversos lugares de Oblena, em desafios de plataforma que exigem precisão, agilidade, além de bastante tentativa e erro. Coisas comuns como o puxar de uma alavanca ou o apertar de um botão de forma sequencial no chão se tornam desafios interessantes, sendo úteis para abrir portas, abrir passagens e decifrar enigmas. Muitas vezes também é preciso observar o cenário para descobrir o que é necessário fazer para avançar naquela área.

Outras habilidades em diante são mais focadas para uso em combate, como o golpe com o escudo que gira ao redor de uma área, e outra que faz com que Galand dê um golpe contra o chão causando um tremor que atinge inimigos. Isso é aprimorado em termos de eficácia coletando runas espalhadas pelos ambientes, as quais enchem uma barra que, uma vez preenchida, concede maior resistência e pontos de saúde ao protagonista.

O que não deu muito certo

Lutas com chefes

Apesar do combate ser muito bem executado e por diversas vezes apresentar totens que concedem uma nova habilidade a Galand, ele falha em não oferecer um comando para esquiva. Existe sim uma forma de se defender, ativando um campo de energia de seu escudo, mas isso faz com que o protagonista fique impossibilitado de se mover, algo feito de forma inteligente em jogos como God of War, com o objetivo de remover o herói do local de ação. Mais à frente, uma nova habilidade melhora um pouco essa falha no combate, mas consome a barra de “magia” do personagem.

O maior problema de Effie provavelmente são seus campos abertos demais atividades ausentes. A única coisa possível nestes momentos é surfar por longas estradas e entrar em anéis de impulso que aumentam a velocidade. Parece algo sem propósito, criado apenas para mostrar a beleza do mundo que foi construído, sem missões secundárias, algo que seria algo um tanto quanto óbvio para preencher essas trilhas. Fica a impressão de que um simples seletor de mundos cairia bem.

Cenários belos

Além disso, vários bugs irritantes nos gráficos e no áudio são bem incômodos. Em muitos lugares a imagem é renderizada com uma textura errada ou piscando, além de tudo ficar bem escuro em outros ambientes de forma que se torna quase impossível enxergar corretamente. Já os sons ficam chiando em grande parte do tempo, passando a impressão de que sua caixa de som ou fone de ouvido estão com sérios problemas. Em algumas ocasiões, o jogo chegou a ficar completamente mudo.

Os desenvolvedores disseram que lançariam um patch para corrigir estes problemas, mas até o momento da publicação desta análise nada foi atualizado, e já faz alguns bons dias desde o lançamento de Effie. O narrador também repete suas falas em excesso, devido à baixa variedade de linhas de diálogo. Como se não bastasse, ele também solta frases do tipo “Galand precisava pensar melhor na solução” em momentos aleatórios, quebrando completamente a sensação de imersão na aventura.

Por fim, a variedade de inimigos não é tão grande assim e cria um pouco de monotonia. Os subchefes não são variados e normalmente são monstros grandões com alta resistência que ficam invocando minions para atacar o protagonista. Isso torna algumas batalhas maçantes com o tempo e você acaba querendo evitar quando possível.

Um ótimo jogo, mas precisa de correções

Effie é um incrível jogo sobre a jornada de um herói em busca de resgatar sua juventude de uma bruxa malvada, uma história simples e direta que serve como base para excelentes mecânicas de exploração, plataforma, ação e aventura. Apesar de existir backtracking, aqui as coisas são aplicadas de forma certeira, trazendo sempre variação aos cenários já visitados.

Apesar de tanta qualidade, o jogo falha em oferecer batalhas mais marcantes, deixando somente as lutas contra a bruxa com algum diferencial em termos de combate. Fora isso, o lançamento de Effie foi comprometido por uma grande quantidade de bugs na imagem e no áudio, decepcionando completamente quem desejava uma experiência mais polida. Mesmo com bastante qualidade em sua jogabilidade, é impossível não se incomodar com tantos problemas técnicos.

Cópia de Xbox One cedida pelos produtores

Revisão: Kiefer Kawakami

Effie

7.5

Nota final

7.5/10

Prós

  • Backtracking recompensador
  • Combate divertido
  • Desafios de plataforma bem feitos
  • Habilidades excelentes
  • Bom level design

Contras

  • Muitos bugs de áudio e imagem
  • Combates com subchefes maçantes
  • Sem comando de esquiva