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Review Embracelet (Switch) – Altas confusões com um bracelete mágico

Embracelet é o segundo jogo da Machineboy AS, ou melhor, de Mattis Folkestad, pois a empresa é ele – e apenas ele. Mattis é um desenvolvedor solo de jogos indies que vive na Noruega. Ele também possui um blog que conta sobre novidades, processos de aprendizagem e desafios sobre a criação de Embracelet e o premiado Milkmaid of the Milky Way – acabei lendo todo o blog e recomendo para quem quer aprender a desenvolver jogos. Por conta disso, mesmo que tenha feito modelagem e animação 3D 20 anos atrás, Mattis manteve a ideia de que faria algo bem simples, o que define basicamente tudo em seu jogo.

Desenvolvimento: Mattis Folkestad

Distribuição: Machineboy AS

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Aventura

Classificação: Livre

Português: Não

Plataformas: PC e Switch

Duração: Sem registros

Jesper e o bracelete

A história de Embracelet é o que engrandece o esforço colocado sobre o jogo e compensa seus visuais. Amizade, perda, identidade e responsabilidade são temas abordados de maneira natural e envolvente. No começo, certos pontos da trama me pareceram bem clichês, contudo o carisma dos personagens e suas individualidades apagaram de vez esse meu achismo, o que me fez ficar ainda mais apegado a eles e questionar o que seriam de seus futuros.

Tudo começa com Jesper, o protagonista, indo visitar seu avô, Leif, que está muito doente. Nos primeiros minutos do jogo é notável a boa relação que ambos têm pelo diálogo ocorrido, em que Leif apresenta o segundo protagonista da história, o bracelete – sinceramente, é quase uma varinha do Harry Potter com menos magias. Logo após uma demonstração do poder em uma estátua tombada, em que Jesper ergue ela e a posiciona de maneira correta – bem Wingardium Leviosa – eles conversam ainda mais sobre o acessório.

No entanto, Leif demonstra ter um grande arrependimento com esse poder, o fazendo nunca mais voltar ao seu lugar de origem, que nada mais é do que uma pequena ilha isolada no norte da Noruega chamada Slepp. Com isso, Leif pede que Jesper volte lá para devolver o bracelete ao seu verdadeiro dono, deixando questionamentos sobre o motivo que fez seu avô nunca voltar, o porquê de seu arrependimento e a quem pertence esse objeto mágico – alguém de Hogwarts, fácil! Por mais que não tenha legendas em português, muito do que é experienciado pode ser facilmente interpretado, mas ainda sim faz falta.

Um aprendizado díficil, mas válido

Como mencionei anteriormente, Mattis desejava fazer algo simples e, aos poucos, ir aprimorando seus conhecimentos. Lendo seu blog, ele mesmo reconhece que os visuais de Embracelet não irão agradar a todos, mas seu único objetivo é fazer o jogador se perder em sua imaginação de estar em outro lugar. Por mais que utilize de baixo polimento para criar os visuais apresentados, seu objetivo foi concluído com esplendor. 

São 40 personagens com características completamente diferentes, locais grandes e detalhados que se diferem e apresentam cada qual suas particularidades, sendo tudo isso feito com baixo polimento e a astúcia de utilizar a ferramenta Espelhamento, necessitando que Mattis apenas fizesse metade de tudo e depois espelhasse para outra metade – “brabo” demais.

Uma bela diversificação entre os personagens.

Caso os visuais não agradem, é importante compreender o salto que Mattis deu. Seu primeiro jogo era todo “pixelizado” e ir para o 3D não deve ter sido uma tarefa tão fácil. Segundo ele, por mais que tenha aprendido sobre essa ferramenta quando mais jovem, não é como andar de bicicleta que você aprende e nunca mais esquece. Tendo essa visão, é notória sua dedicação em fazer algo aos poucos – e simpatizo com essa ideia. Pode não ser o melhor visual da indústria, mas seu aprendizado atual pode ser levado ao seu próximo jogo, e esse sim ser tão incrível quanto o trabalho atual – ninguém nasce mestre, apenas com esforço e comprometimento se torna mestre.

Jesper admirando uma aurora boreal

Por fim, a musicalidade no jogo intensifica a sensação de beleza e calmaria que o cenário colorido expõe. As músicas foram feitas pelo próprio Mattis no piano e com o auxílio de alguns plugins que adicionam sons de outros instrumentos. É impossível escutar as músicas e não sentir uma paz ao explorar Stepp  – recomendo a música tema, é maravilhosa. Sendo assim, é uma obrigação que amantes de orquestra procurem e apreciem esse trabalho, pois por mais que ele não seja um músico, Mattis demonstrou ter um grande apreço pela sonoridade que envolveria seu trabalho.

Explorando Stepp com umas magias

Stepp é claramente o local mais explorado do jogo, pois a maior parte da trama se passa nela. Num primeiro momento, ela pode ser vislumbrada por inteira, tendo alguns objetos que podem ser manipulados com o poder do bracelete. Também há pessoas – poucas por sinal – que fazem pedidos ampliando o número de objetivos que se pode obter, ao juntar isso com escolhas e diálogos opcionais o final do jogo poderá mudar. 

Por se tratar de um point-and-click, não há uma quantidade avassaladora de comandos, sendo possível apenas andar, correr, interagir, mover o ponteiro e usar magia, esta que não possui muito segredo. Ao apertar o botão para utilizá-la, Jesper se movimenta automaticamente para o local mais adequado e então dois círculos aparecem na tela, fazendo com que aperte o mesmo comando quando ambos estiverem alinhados. 

Jesper utilizando o poder do bracelete em algumas plantas

Durante toda minha jogatina me deparei apenas com um problema, porém foi bem rápido e ocorreu apenas lá para o final do jogo. Em um específico momento a animação de movimento do personagem desligou e ele apenas deslizava, isso aconteceu subindo uma escada e pareceu muito mais feio, mas foi um caso isolado.

Simplicidade bem feita

Simplicidade é o que define Embracelet. Tudo foi feito pensando em simplificar ao máximo todo o trabalho e isso não deve ser questionado. Trabalhar em jogos é um desafio árduo, demandando sempre muito conhecimento e tempo. Agora imagine fazer isso sozinho? Utilizando ferramentas de maneira inteligente e dando maior atenção a fatores primordiais como enredo e arte, Mattis conseguiu fazer uma aventura muito bela que aquece o coração de qualquer um, principalmente em seu final, me fazendo sentir uma imensa curiosidade em saber a trajetória de personagens tão marcantes.

Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming

Embracelet

9

Nota final

9.0/10

Prós

  • História enriquecedora
  • Musicalidade envolvente
  • Personagens memoráveis
  • Jogabilidade simples

Contras

  • Visual divisor de opiniões