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Review Ender Lilies: Quietus of the Knights (Switch) – Uma ode aos Metroidvanias

Em um mundo chuvoso, onde a vida se corrompeu diante da ganância pela eternidade, uma jovem Sacerdotisa Branca chamada Lily desperta para ajudar aqueles que há muito se perderam. Desenvolvido pelo estúdio Live Wire, Adglobe e lançado no dia 21 de junho para PC e Switch e no dia 28 do mesmo mês para o Xbox, Ender Lilies: Quietus of the Knights é um excelente Metroidvania que carrega consigo uma história sutil e tocante, envolto a um visual belíssimo e bem detalhado.

Desenvolvimento: Live Wire, Adglobe
Distribuição: Binary Haze Interactive
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Ação, RPG
Classificação: 12 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, Switch, Xbox One e Xbox Series X/S
Duração: 13.5 horas (campanha)/21.5 horas (100%)

A maldição da vida eterna

A Sacerdotisa branca desperta.

A chuva sem fim, que cai no distante País do Fim, trouxe consigo uma dádiva que cobra caro demais para quem desejá-la. O presente da vida eterna se transforma em uma maldição. E no lugar de uma infinidade de sentimentos, que marcam a nossa existência, o que sobra é apenas ódio, dor e loucura. A alma purificada de um Cavaleiro Negro desperta Lily, uma das herdeira dos poderes da grande Sacerdotisa Branca da Fonte, antes responsável por absorver a corrupção, aliviando o fardo daqueles que escolheram trilhar o caminho da eternidade. 

Sem memórias sobre o seu passado e sem compreender o presente distópico em que acordou, Lily passa a buscar por pistas, fragmentos de memórias de outras sacerdotisas, guerreiros, nobres e aldeões caídos, que possam ajudá-la a entender tudo que está acontecendo. Nesse sentido, a história é contada de forma paulatina e fragmentada. Um artifício inteligente para driblar as limitações que envolvem uma obra de um estúdio independente. Os diversos e detalhados cenários ajudam a transpor para o jogador a essência daquele mundo caído em desgraça.

Visual incrível

O visual de Ender Lilies é incrível! O design de todos os personagens e inimigos são muito bem feitos, com traços leves e super detalhados. A movimentação é suave e com bastantes quadros de animação. Com Lily parada seus cabelos e vestidos se movimentam de forma suave; as almas dos guerreiros purificados ficam rodeando a Sacerdotisa até que ganham sua forma humana. Dá pra notar até o olhar triste e solitário de Lily, carregado de pesar por tudo que está acontecendo e expressando a responsabilidade de um fardo tão grande.

O mapa é bem extenso e a progressão não-linear, como todo bom Metroidvania. O visual dele é minimalista, apresentando apenas nossa posição e pontos de descanso. A exploração é livre e o jogo não te pega na mão em nenhum momento. Não há nenhum indicador na tela te dizendo para onde ir, como em Ori, por exemplo. Ou seja, devemos descobrir sozinhos o caminho que teremos que trilhar! Os cenários são belíssimos e variados: aldeias, florestas, castelos, cripta, geleiras, lago etc. A conexão entre certas áreas e outras, porém, é bastante curta. Talvez por uma questão técnica ligada à renderização dos mesmos. 

A identidade visual é acompanhada de uma excelente trilha sonora. As melodias são maravilhosas, todas composições originais orquestradas e por vezes cantadas. Você sabe exatamente em que área do mapa está pelas músicas. Isso acontece porque a trilha sonora está alinhada ao clima do jogo e não destoam da ambientação apresentada na tela em nenhum momento. Um espetáculo! 

Uma mistura interessante 

O level design é muito bom.

A performance do jogo, salvo numa área específica que tinha muitos inimigos em tela acarretando em queda de framerate, é muito boa. O level design também é bem construído, com novos desafios que vão sendo liberados conforme avançamos e descobrimos outras habilidades. Durante a exploração, certamente, você irá se deparar com uma porta ou item que não terá acesso naquele momento, mas provavelmente conseguirá acessar mais pra frente quando adquirir novas habilidades. Não há a possibilidade de marcarmos no mapa essas áreas ainda inacessíveis, mas os locais que não guardam mais segredos são indicados com a cor laranja. Da mesma forma, rotas conectadas a outras ainda fechadas são indicadas com um ponto vermelho. Curiosidade e atenção são as chaves para descoberta de novas áreas e itens escondidos.

Ender Lilies é uma mistura interessante de alguns jogos marcantes do subgênero Metroidvania. A beleza visual remete a jogos como Ori and the Blind Forest e Will of the Wisps; a ambientação sombria e solitária lembra Hollow Knight; as batalhas e os elementos de RPG são próximos do que vimos em Castlevania. É claro que as referências não param por aí: os pontos de descanso e save em banquinhos, por exemplo, é Hollow Knight purinho. É importante dizer que mesmo com todas essas referências, Ender Lilies possui sua própria identidade. E isso é algo que você irá perceber jogando o game.

Sistema de batalhas e Relíquias

Os espíritos de guerreiros purificados defendem Lily.

O sistema de batalhas é muito interessante. Assim, como Ori no primeiro jogo, Lily não ataca. Isso fica a cargo dos espíritos purificados dos guerreiros tomados pela loucura da corrupção. O ataque de espada do Cavaleiro Negro é o padrão, mas ao longo da aventura outros golpes vão sendo adquiridos, na medida em que vamos derrotando e purificando outros guerreiros, como o martelo de Gerrald e Sylvia, a poderosa lança de Julius e as garras de Wolve. No jogo temos duas opções de configurações para três variações de ataque (habilidades), que podem ser alternadas a qualquer momento, possibilitando novas estratégias de batalhas, principalmente nos chefões. O leque de configurações vai aumentando com o tempo, tornando as batalhas extremamente versáteis.

Além de podermos utilizar as armas dos guerreiros corrompidos purificados, novas habilidades permanentes vão sendo aprendidas por Lily, como pulos duplos, nadar, agarrar nas paredes e por aí vai. As Relíquias – assim como os amuletos de Hollow Knight – ampliam os poderes da Sacerdotisa. Cada uma delas possui um efeito específico, seja aumentando o PV (pontos de vitalidade) ou melhorando nossos ataques e defesa. Equipá-las depende da quantidade de espaço disponível, que varia de Relíquia para Relíquia. No jogo há a possibilidade de ampliar esses espaços conforme encontramos uma corrente mágica que interliga os poderes contidos nela. As Relíquias também podem acrescentar e ampliar os poderes das Preces de Restauração. Iniciamos o jogo com apenas três preces e elas servem para recuperar parte do PV de Lily a qualquer momento.

Alterar as configurações de habilidades e Relíquias só podem ser feitas nos pontos de descanso. Nesses locais, também podemos ampliar o poder dos ataques dessas habilidades, gastando vestígios de ódio, de dor e de alma (que serve apenas para o Cavaleiro Negro) que encontramos espalhados pelos cenários. Nos pontos de descanso também podemos fazer Viagem Rápida para outras áreas espalhadas pelo mapa, o que dinamiza a exploração. Tenha em mente que ao descansar Lily recupera sua energia, mas todos os inimigos sofrem respawn. É importante traçar bem a estratégia que será utilizada na área em que está explorando e nos chefões que está enfrentando, pois o jogo é bastante desafiador.

Uma carta de amor

O game te oferece a possibilidade de assistir a vários finais diferentes. Para ver o mais completinho – fica a dica – devemos buscar as chamadas Estela Antiga que garantem uma Relíquia que protege Lily da Corrupção. Ender Lilies é uma carta de amor aos amantes de jogos de plataforma 2D. O título figura como um dos melhores jogos Metroidvania desse ano até o momento (se não o melhor). Ender Lilies: Quietus of the Knights é desafiador, seu visual é lindo, a trilha sonora é marcante (te faz correr atrás da OST), e a gameplay mescla vários elementos de outros jogos do sugbênero, mas faz isso com genialidade, sem se apresentar como uma mera colcha de retalhos de outros títulos já lançados. Imperdível!

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Ender Lilies: Quietus of the Knights

10

Nota final

10.0/10

Prós

  • Lindo visual
  • Trilha sonora marcante
  • Mecânicas fluidas
  • Controles ágeis
  • Desafiador