Falcon Age capa

Review Falcon Age (Switch) – Uma garota e seu falcão

Vindo diretamente do mundo dos jogos de realidade virtual (VR), Falcon Age faz sua estreia no Nintendo Switch sem os recursos de VR proporcionados na versão original. O que é um pouco estranho, visto que o consoles da Nintendo tem a presença do Nintendo Labo – por mais sumido que o acessório esteja ultimamente -, que permite esse tipo de recurso para o híbrido.

Falcon Age é um jogo bastante cartunesco com uma bela arte visual, e cabe perfeitamente nas especificações de hardware que o Switch possui. Graças a isso, o port foi privilegiadamente bem feito e não sofre de quedas de performance. Porém, o quanto um jogo pensado para VR funciona em uma versão sem essa tecnologia?

Desenvolvimento: Outerloop Games
Distribuição: Outerloop Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Ação, Simulação, RPG
Classificação: 10 anos
Português: Não
Plataformas: PC, PS4 e Switch
Duração: 4.5 horas (campanha)/10.5 horas (100%)

Cruzando desertos

Bebê falcão e sua mãe

Falcon Age se passa em um ambiente desértico, em que a protagonista Ara acaba de fugir da prisão com seu bebê falcão, após rebelar-se contra o guarda robótico que faz parte de uma corporação invasora que deseja colonizar o planeta. Na cultura em que Ara vive, criar falcões é algo comum e a garota tem um sonho desde criança de se tornar uma grande criadora, assim como sua tia. Ao longo dos eventos do jogo, a protagonista toma para si a luta da resistência contra a grande corporação, através de uma rápida aventura juntamente ao seu falcão.

O cenário inicial de confinamento serve mais como uma forma de apresentar os controles e ensinar a jogar, então rapidamente perde sua relevância. Ali, aprendemos a dar ordens para o pequeno falcão, como alcançar itens em locais altos e lutar contra animais da natureza para obter sua carne. Também existem algumas poucas ações que Ara pode executar de forma independente, e entre elas estão a de pegar objetos, bater em coisas com o bastão eletrificado roubado da prisão e assobiar para o animal pousar em suas mãos.

Combate

Falcon Age possui elementos que exigem com que o jogador concilie os controles da protagonista e de seu falcão ao mesmo tempo, principalmente em confrontos com inimigos. É necessário bater em robôs e destruí-los, enquanto que o falcão serve mais como uma arma contra inimigos aéreos e outros robôs que precisam ser distraídos antes de serem atacados. Porém, a maior desvantagem do animal é levar tiro facilmente de torretas, e por isso Ara deve se preocupar em dar um curto circuito na base destas torres armadas para desativar o ataque.

Já na maior parte do tempo, sua principal tarefa será arrecadar missões para si e ir atrás de cumprir objetivos demarcados no mapa. Infelizmente, Falcon Age não oferece fast travel, então pode esperar por longos minutos caminhando pelos cenários bastante parecidos e pouco inspirados no quesito diversidade e beleza – já que tudo se passa em um grande deserto. Uma vez que Ara finaliza as missões iniciais, o falcão cresce para sua forma adulta (com a opção de voltar a ser um bebê) e passa a ser possível vagar sem rumo pelo mundo aberto e conversar com NPCs.

Use seu falcão

Caça

O falcão será seu principal companheiro ao longo da história (acredito que o falcão seja fêmea, aliás), por isso é necessário observar sua saúde para não causar uma tragédia. Durante os locais pelos quais passamos, existem fontes de água espalhadas que servem como cura para o bicho e também para salvar o jogo. Porém, não é somente desta forma que podemos recuperar a vida do animalzinho. Para isso é possível cozinhar legumes ou frutas encontradas em plantações rasteiras ou em pedras nos lugares altos por todo o mapa. Fora isso, há diversos lotes em lugares mais povoados por NPCs que oferecem um terreno para plantar tais alimentos e fazê-los gerar mais unidades.

No mais, vários itens cosméticos estão disponíveis para compra e recebimento como recompensa ao cumprir uma missão. Felizmente a função deles não é apenas embelezar e personalizar o falcão, servem também para adicionar efeitos, como aumento de defesa, saúde, velocidade no ataque, entre outros perks. Itens chave também podem ser equipados no animal, como um detector de minas e garras de escavação para desenterrar objetos escondidos na areia.

A parte negativa

Missões

Apesar de divertido no início, Falcon Age vai decaindo drasticamente ao agrupar um número razoável de missões principais e paralelas, mas não dizer em momento algum qual exatamente é qual ao olharmos no mapa. Os pontos ficam marcados em cor amarela, mas não é possível distinguir do que se trata, já que não existe legenda, o que causou muito backtracking desnecessário para mim. Já o mapa em si é segurado na mão da personagem de forma a dar mais imersão, mas não existe uma maneira de visualizar um mini mapa na tela sem precisar abrir e consultar a versão física todas as vezes.

Falando ainda das missões em si, muitas acabam sendo enjoativas por conta de ser mais do mesmo. Geralmente, os objetivos giram em torno de “pegue um número específico de itens e traga para mim”. E mesmo alguns NPCs possuindo várias opções de resposta numa conversa, não existe uma consequência real na opção escolhida, mas apenas algo superficial que pode ser resolvido escolhendo a opção correta ou esperada pelo jogo.

Tia

Poucas batalhas são memoráveis, e geralmente por causa de alguns inimigos diferenciados com uma forma específica de serem derrotados. Mesmo assim, não existe tanta variedade ou lutas contra chefes em si. Bom, ao menos existe uma segunda opção para jogar Falcon Age, que torna os combates algo opcional.

Problemas técnicas também existem, e acredito que, devido ao hardware mais fraco do Switch, a luz começa a se formar à medida que o jogador vai caminhando, além de que claramente há um problema grave com a direção da fonte de luz de forma geral, causando um efeito de anoitecer nada natural em certos ambientes.

Mama?!

Por fim, a história se encerra antes mesmo de conseguirmos construir algum relacionamento ou sentimento verdadeiro para com o falcão. Além de que todo o dinheiro arrecadado e os itens adquiridos parecem ter sido em vão, já que o progresso do jogo não depende exatamente de nenhum deles – apenas dos itens chave.

No encerramento, existem algumas escolhas possíveis de se fazer, mas nenhuma apresenta um impacto verdadeiro em um pós-game, por exemplo. Aliás, pós-game esse que inexiste, sendo possível apenas voltar ao último ponto de salvamento e ver o outro final disponível – pelo menos não precisamos fazer tudo novamente só pra isso.

Um tanto superficial

Falcon Age é cativante e divertido. Porém, quando as coisas começam a engrenar, a história simplesmente acaba e todos os itens coletados de nada tiveram influência verdadeira. Tudo parece ter sido resolvido de maneira simplista e a missão final parece ter sido apenas uma desculpa encaixada para terminar o enredo de forma apressada.

A jogabilidade é bacana e o falcão é uma grande estrela nas batalhas. E mesmo com alguns problemas de game design e o problema de fonte de luz que o jogo apresenta, a experiência em geral vale a pena se você gosta de algo curto. A história certamente é aquilo que mais brilha em Falcon Age, mas deixa uma sensação de vazio quando resolve se encerrar de forma repentina e aparentemente fora do planejado.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Kiefer Kawakami

Falcon Age

7

Nota final

7.0/10

Prós

  • O falcão
  • A história
  • Estilo visual

Contras

  • Sem fast travel
  • Sem mini mapa
  • Missões sem legenda
  • Conclusão repentina