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Review Fobia: St. Dinfna Hotel (PS4) – Hotel? Pulsatrix!

Desde que criei meu Twitter lá em 2020, acompanho o desenvolvimento de Fobia: St. Dinfna Hotel. O que era para ser um treino de portfólio, tornou-se um dos indies brasileiros mais aguardados que já vi. Isso ficava cada vez mais evidente sempre que uma atualização era publicada na página da desenvolvedora Pulsatrix Studios. Depois de tanto aguardo, o novo jogo de Survival Horror 100% brasileiro está finalmente entre nós.

Desenvolvimento: Pulsatrix Studios

Distribuição: Maximum Games

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Terror

Classificação: 14 anos

Português: Dublagem, legendas e interface

Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S

Duração: 10.5 horas (campanha)/11 horas (100%)

Check-in 

O hotel completamente destruído.

Bem vindo ao Hotel Santa Dinfna, localizado em Treze Trilhas, SC. Aqui, além de ter um lugar aconchegante para relaxar, você terá que lidar com eventos paranormais, andar entre realidades e ficar esperto com uma seita para lá de estranha. Vamos fazer o check-in?

Depois de saber tudo isso, você se questiona: quem iria para um lugar desses? Bom, diria que jornalistas investigativos, tipo o protagonista Roberto Leite Lopes, que foi atrás de um furo de reportagem, mas conseguiu outro tipo de furo. No seu último dia de estadia, ele foi ao banheiro e um buraco escuro na parede o teletransportou para um hotel todo destruído, ensanguentado e cheio de hóspedes malditos. Merece ou não merece 5 estrelas no Trivago?

Uma espécie de Código da Vinci.

Fobia é muito semelhante aos Survival Horror dos anos 90, principalmente a Resident Evil. Misterioso, emblemático e intrigante são os melhores adjetivos para descrever a história do Hotel St. Dinfna. Durante toda minha jogatina, uma grande interrogação permanecia em minha mente. Até mesmo uma série de documentos espalhados e itens chamados de Memórias, em que outros sobreviventes deixaram suas histórias ali, serviram de lenha para essa fogueira chamada curiosidade.

Estadia complicada

Um puzzle com nomes bíblicos.

Para escapar do Hotel St. Dinfna, Roberto terá o maior desafio de sua vida, e não estou me referindo aos inimigos. Fobia se inspira nos grandes clássicos do Survival Horror, logo, mesmo detendo armas para se defender, o título é focado na exploração e resolução de puzzles. Por mais que tenhamos como auxílio uma pistola, escopeta, submetralhadora e um revólver Magnum, inimigos são o menor dos problemas.

A quantidade de munição encontrada, em conjunto com tiros certeiros nos pontos fracos dos monstros, facilita demasiadamente a sobrevivência. Além do poder de fogo, os curativos e kits de primeiros socorros também sobraram no inventário, estes que seguem o padrão usado em Resident Evil 7 e 2 Remake. A ação não é o foco e levei isso ao pé da letra, portanto, sai “driblando” tudo que podia.

Quando falei sobre o desafio ali em cima, estava me referindo justamente aos puzzles. A quantidade é tanta que finalizei Fobia com uns hematomas, de tanto quebrar a cabeça em alguns deles – puzzlefobia devia existir. Há dois tipos deles: obrigatórios e opcionais. No geral, os secundários são bem desafiadores; enquanto dos principais, que servem para avançar na história, só um ou outro foi complicado.

Ao solucionar esses puzzles opcionais, você é recompensado com Esferas de Melhoria. Esses artefatos mega tecnológicos servem para fazer upgrades nas armas e na câmera – falo melhor sobre ela adiante. Cada arma usufrui de 3 melhorias, cada uma com 3 níveis. Exemplo: a pistola permite aumentar a munição, diminuir o tempo de recarga e a estabilidade ao atirar. Honestamente, não senti muita diferença ao fazer melhorias nas armas, pois alguns chefes pareciam esponja de balas, enquanto desviei da maioria dos inimigos fracos.

Um labirinto em formato de hotel

Um belo hall destruído.

Uma das coisas mais legais de Fobia é, com toda certeza, sua ambientação e, talvez, esse seja o ponto mais forte do título. Muitos locais escuros misturados com uma tempestade externa transformam qualquer local em uma cena de terror. Outro amplificador são a iluminação e o design de áudio. Sério: escutar os passos pesados e o arrastar de correntes longinquamente ou uma sombra no final de um corredor faz qualquer um ter medo de andar por aí livremente. 

É difícil não falar isso, mas, em um primeiro momento, o hall do hotel lembra bastante a Mansão Spencer de Resident Evil. Como não é o suficiente, toda a sua estrutura parece um labirinto e, para os perdidos de plantão, infelizmente o protagonista não anda com um mapa, ou seja, é tudo na base da memória.

Por consequência, o Hotel St. Dinfna dispõe de muitos segredos, e nem todos estão na linha do tempo de Roberto. A mecânica mais importante de Fobia é o andar sobre realidades, no qual usamos uma câmera com lente especial que nos permite enxergar o hotel em linhas do tempo diferentes. Gostaria de parabenizar a Pulsatrix pela forma intuitiva de demarcar quando utilizar tal ferramenta. Normalmente, uma mão ou um tremor no ambiente – que causa muitos sustos – mostra onde devemos “filmar”, fora que é uma forma criativa de ampliar a exploração e resolução de puzzles.

O maior problema de todos para mim foi pegar alguns itens. Eles não são difíceis de achar se você explorar minuciosamente, mas, por ter que mirar certinho neles para pegar e, às vezes por tudo ser bem escuro, fica um pouco difícil de fazer isso. Um exemplo frustrante foi quando precisei pegar um item chave para continuar a história, mas, por ele ser fino e estar escuro, não aparecia que podia pegar ele. Resultado? Fiquei horas rodando o hotel para achar onde deveria ir. Um aumento na zona de interação seria muito bem vindo.

Check out

Fobia: St. Dinfna Hotel é um Survival Horror muito bom, especialmente para quem está sedento por algo do subgênero e pelo seu preço. As inspirações são claras e conseguem retomar parcialmente aquele sentimento de sobrevivência dos clássicos dos anos 90. Vale ressaltar que o game é um indie brasileiro e, mesmo assim, elevou o patamar da indústria brasileira, novamente demonstrando que existe muito potencial e criatividade em solo tupiniquim.

Cópia de PS4 cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Fobia: St. Dinfna Hotel

9

Nota final

9.0/10

Prós

  • História
  • Puzzles complicados, mas intuitivos
  • Ambientação artística de dar medo
  • Design de áudio tenebroso de bom

Contras

  • Melhorias demoram para fazer efeito