O mais novo jogo dos desenvolvedores da Rebellion traz novos ares ao estúdio por trás das franquias Sniper Elite e Zombie Army. Atomfall coloca os jogadores em um cenário pós-apocalíptico fictício, inspirado em um incidente nuclear real ocorrido no norte da Inglaterra, nas instalações de Windscale – tendo sido o pior acidente nuclear da história do Reino Unido. Os jogadores devem lutar para sobreviver e encontrar uma maneira de escapar da zona de quarentena estabelecida após o desastre.
Desenvolvimento: Rebellion
Distribuição: Rebellion
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, aventura
Classificação: 18 anos (violência extrema, drogas lícitas, linguagem Imprópria)
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S
Duração: 9 horas (campanha)/26 horas (100%)
Quem somos e para onde vamos?

Ao iniciarmos a campanha de Atomfall, encontramos um protagonista sem nome ou memória despertando dentro de um abrigo subterrâneo. Não sabemos quem somos nem para onde devemos ir. Logo nos primeiros minutos de jogo, cruzamos com outro sobrevivente nas ruínas do abrigo, que nos entrega um cartão de acesso para que possamos sair para o exterior.
Ao emergirmos, nos deparamos com uma região em quarentena devido a um acidente nuclear – ninguém entra ou sai. A partir disso, devemos explorar, investigar, coletar informações, firmar parcerias e enfrentar os mais diversos perigos para encontrar uma maneira de escapar desse local.
Sobrevivendo à quarentena

Para sobreviver à zona de exclusão de Windscale, repleta de perigos e pessoas suspeitas, precisamos reunir recursos que nos permitam explorar cada vez mais longe. Durante nossas incursões, podemos encontrar munição, armas, itens de cura, pontos de melhoria e documentos que relatam o que está acontecendo nas instalações de Windscale e a origem do desastre. Também dispomos de um detector de metais para encontrar recursos enterrados, além de equipamentos tecnológicos que possibilitam redirecionar a energia de certos locais para resolver quebra-cabeças.
A cada nova informação descoberta, a trama se desenrola com mistérios que envolvem toda a região: pessoas transformadas em monstros pela energia vazada do acidente, um culto de druidas fanáticos e vozes enigmáticas que parecem tentar manipular nossas ações. Cada decisão deve ser tomada com cautela: enfrentamos os bandidos que rondam a região, gastando nossa munição escassa, ou adotamos uma abordagem furtiva? A escolha é do jogador.
Caso não tomemos os devidos cuidados, podemos acabar em território inimigo sem munição, itens de cura ou qualquer outro recurso que poderia nos salvar. Atomfall é um jogo que não perdoa descuidos. Em momento algum o jogador será guiado pela mão – até mesmo o mapa deve ser lido a partir de suas coordenadas.
Em quem confiar?

A narrativa de Atomfall brilha ao oferecer um mistério bem construído, revelando respostas nos momentos certos. No entanto, a cada descoberta, novas perguntas surgem, mantendo o jogador intrigado durante toda a campanha. Com vários grupos atuando na região, saber em quem confiar torna-se um desafio – todos parecem esconder segredos. A sensação é de sermos apenas uma ferramenta para que essas pessoas alcancem seus objetivos. Por isso, é essencial agir com cuidado ao decidir quem ajudar.
Podemos confiar nos militares presos na quarentena, que protegem Windscale com mão de ferro? Aliar-nos aos cultistas da floresta, que afirmam ouvir uma voz vinda do solo? Unir forças com os cientistas que trabalhavam nas instalações nucleares antes do desastre? Ou talvez o melhor seja não confiar em ninguém e buscar uma saída sem a ajuda de outras pessoas? Durante a jornada, encontraremos diversas cabines telefônicas espalhadas pela região. E, ao atendermos uma das misteriosas ligações, ouviremos uma voz nos dando ordens – mas até que ponto podemos confiar nela?
Uma zona interconectada

Junto a uma ambientação impecável, repleta de belos cenários que vão desde cavernas e túneis de esgoto até florestas, campinas, vilarejos, bunkers, instalações científicas e até mesmo um castelo, o level design de Atomfall é, sem dúvidas, um de seus maiores pontos fortes. Conforme exploramos os mapas semiabertos, percebemos que eles se conectam de maneira orgânica, permitindo uma exploração fluida.
Sempre há uma forma de atravessar grandes áreas rapidamente, seja por túneis, instalações de pesquisa ou cavernas naturais. No entanto, cabe ao jogador explorar minuciosamente os mapas para desbloquear esses caminhos e atalhos, tornando a progressão mais eficiente.
O final da jornada
Embora ainda estejamos em abril, acredito não ser exagero da minha parte afirmar que Atomfall é, e continuará sendo, uma das melhores experiências de 2025. Porém, apesar de suas qualidades, alguns pontos deixam a desejar, como a mecânica de furtividade, que não funciona tão bem quanto deveria – os inimigos detectam o jogador mesmo de longas distâncias, o que pode gerar grande frustração. Além disso, a ausência de um ciclo de dia e noite é uma lástima, pois enriqueceria a experiência, incentivando estratégias diferentes de acordo com o horário.
Mas, deixando essas questões de lado, a trama misteriosa e a forma como nossas dúvidas são sanadas me prenderam de tal maneira que só consegui parar de jogar após atingir todos os seis finais. E, mesmo assim, fiquei com aquele gostinho de “quero mais”. Por isso, não posso deixar de recomendar Atomfall para todos que apreciam uma boa trama repleta de mistérios e perigos mortais.
Cópia de Xbox Series X|S cedida pelos produtores
Revisão: Júlio Pinheiro