Um dos meus tipos de jogos preferidos, com certeza, é o tático com elementos de RPG. Fort Triumph é um daqueles títulos indies que, infelizmente, à primeira vista, parece ter saído de um amontoado de assets prontos comprados em algum lugar, porém, não se deixe enganar: existe muita diversão por aqui. Apesar de ser atribulado com bugs, uma interface bastante confusa e uma performance quase decepcionante no Nintendo Switch, o game tático – com muita inspiração em Warcraft – consegue fazer bonito e deixar um sorriso no rosto.
Desenvolvimento: CookieByte Entertainment
Distribuição: ALL IN! GAMES
Jogadores: 1-4 (local)
Gênero: Estratégia, RPG
Classificação: 12 anos
Português: Legendas e interface
Plataforma: PC, Switch, Xbox One, PS4
Duração: 5.5 hora (campanha)/12.5 horas (100%)
Rogue like misturado com jogo tático
Diferentemente da maioria dos rivais do gênero, Fort Triumph nos apresenta uma jogabilidade com vários elementos de Rogue-lite, como o famoso Permadeath (morte permanente), além de heróis e cenários gerados proceduralmente. Isso significa que seu jogo nunca será o mesmo, assim como também inimigos e campos de batalha se mostram diferentes a cada tentativa. Também existe o Forte para recrutarmos novos membros para nosso grupo, além de ser possível a criação de até três grupos diferentes com até alguns os compondo. A quantidade que podemos recrutar depende de upgrades realizados, novamente, no Forte, os quais custam dinheiro e certos recursos – adquiridos a cada turno no mapa, batalhas ganhas, locais conquistados e itens coletados.
Além das batalhas táticas, também existe a movimentação feita no mapa. Neste momento, há a possibilidade de movermos as três equipes formadas em uma distância limitada, terminando o turno após todas elas esgotarem seus pontos de ação. Aqui, existem várias interações e itens a serem coletados como, por exemplo, equipamentos que ficam caídos por aí no chão apenas esperando para serem pegos, fontes com uma água misteriosa que pode acarretar algum efeito específico para nossos heróis, pontos de magia, além de inimigos protegendo baús e afins. Algumas batalhas simples também podem ser executadas com vitória automática, o que agiliza bastante o progresso e simplesmente cede pontos de experiência para nosso grupo.
Chute a pedra e quebre a pilastra
De longe, o combate é a maior estrela de Fort Triumph. Temos um número específico de pontos de ação para cada personagem, além de seus golpes agressivos e atributos passivos – que custam também estes pontos. Por isso, é necessário gerenciar bem quando atacar e de qual distância o fazer, já que, quanto mais perto do inimigo, maiores são as chances de acertá-lo.
E isso não é tudo, já que podemos utilizar o próprio terreno a nosso favor. Árvores e pilastras são passíveis de serem quebradas e, caso exista um inimigo atrás dela, basta emitirmos um golpe que as derrubem sobre a cabeça dele, resultando em um dano quase mortal ou paralisia por um turno completo. Pedras podem ser chutadas em direção ao grupo rival, o que custa pontos de ação do seu personagem, mas isso pode acabar resultando em um ataque que acertará vários inimigos em uma mesma fileira.
Nossos heróis também podem subir de nível durante uma batalha, o que é bastante incomum para este gênero de jogo. Com isso, habilidades novas e pontos de atributos podem ser distribuídos a qualquer momento pressionando o comando correspondente, transformando completamente o embate através desse artifício. Como não podia faltar, os heróis também podem aprender magias que trazem efeitos positivos para o grupo, ou então alguma maldição para os inimigos. Dito isso, todas as batalhas acabam sendo bem dinâmicas, exigindo uma verdadeira estratégia por parte de quem está jogando.
Além do modo Campanha, em que podemos liberar a história das mais diversas raças existentes no jogo, também há o Skirmish. Este modo extra é bastante presente nos títulos de estratégia, e fico contente que também exista por aqui. É uma categoria que coloca o jogador em batalhas livres, apenas com o objetivo de divertir. Adicionalmente, há o multiplayer local, em que cada controle assume os comandos de uma equipe inimiga ou personagens do mesmo grupo.
Qualidade de vida e mudanças desde o lançamento
Originalmente, Fort Triumph foi lançado para PC em 2020. Depois de algumas reclamações de usuários, os desenvolvedores resolveram adicionar uma opção de remover o Permadeath, já que isso era algo que fazia parte do alicerce do jogo. A solução é efetiva, porém, nada elegante ou bem feita. Em vez de perdermos para sempre um personagem eliminado em batalha – e, acredite, perder um herói level alto é terrível -, agora podemos ressuscitá-lo no Forte, pagando uma quantia proporcional ao nível. Porém, esses personagens ficam misturados aos novos recrutas de nível 1, deixando claro que a implementação desse novo recurso foi feita sem planejamento. Poderiam ter habilitado uma seção exclusiva para isso. Mesmo assim, palmas por ouvirem a comunidade.
Outro fator bastante interessante e “matador” – no bom sentido -, na minha opinião, é a possibilidade de acelerar o jogo como um todo. Podemos mexer na velocidade de tudo: turno do inimigo, ritmo da batalha e movimentação durante o mapa. O ritmo fica incrivelmente mais rápido quando estas opções estão ativadas, o que veio bem a calhar para mim, já que sou alguém que se importa bastante em ter o controle da velocidade em minhas mãos.
Problemas técnicos e de design
Fort Triumph, nem de longe, está salvo de problemas. Muitas vezes, algumas missões simplesmente não avançam, e o motivo é desconhecido. Durante as batalhas principais da história, é necessário com que falas de inimigos sejam ativadas para que o progresso ocorra, porém, a câmera fica congelada no personagem e nada acontece. Isso aconteceu mesmo depois de algum tempo após o lançamento, e testei novamente com os últimos pacotes de atualização sem obter sucesso. O jeito foi reiniciar o combate várias vezes até que a ação ocorresse.
Em segundo plano, mas não menos importante, existe a interface de usuário. A navegação entre as opções dos menus é extremamente confusa e nada natural, utilizando praticamente todos os botões para realizar ações como trocar de aba, selecionar e marcar uma opção, etc. Porém, há até mesmo um atraso nas respostas diversas vezes, ou seja, um input delay que chega a irritar bastante. Definitivamente, a interface foi pensada para usuários com mouse e teclado, plataforma original de Fort Triumph. Quando jogos de PC recebem ports para consoles de mesa, é necessário pensar muito bem como criar algo intuitivo e de fácil acesso, e muitos títulos vêm pecando nesse quesito, ultimamente.
Por fim, a performance na plataforma da Nintendo não é das melhores. Apesar de bastante downgrade feito nos visuais – tanto que a sombra é algo quase inexistente aqui -, Fort Triumph ainda sofre de quedas de performance em vários momentos. Muitas vezes isso colabora para que os controles não respondam instantaneamente, enquanto em outros momentos há uma sensação de que os quadros por segundos estão em queda brusca.
Jogabilidade incrível, mas sem tanto polimento em interface
Fort Triumph é um dos jogos mais bacanas e com a maior quantidade de recursos de qualidade de vida que já experienciei nos últimos tempos. Os combates são excelentes, e possuímos várias formas de eliminar os inimigos e manipular o cenário a nosso favor. As mecânicas de Rogue-lite afetam um pouco minha afeição pelo game, porém, não me faz torcer o nariz de forma tão agressiva.
Felizmente, a adição de uma opção para remover o Permadeath (algo solicitado pela comunidade) foi criada depois de algum tempo de lançamento da versão original de Fort Triumph para PC, e isso me deixa bastante feliz ao mostrar que os desenvolvedores ouviram seus compradores. Porém, a versão de Switch ainda precisa de bastante polimento, tanto pela questão de bugs que trancam o progresso do jogo quanto pela interface de usuário confusa e frustrante.
Cópia de Switch cedida pelos produtores