Um PlayStation sempre esteve na lista de desejos de quem vos escreve mas nunca esteve no mesmo lar, se reservando em casas de amigos ou até a empréstimos dos consoles mais antigos para jogar um ou outro título. Com a grande franquia de God of War não foi diferente. Sempre quis experimentá-la com mais calma e apreço, e eis que God of War (2018), aclamado e premiado título do PlayStation Studios, foi lançado para PC recentemente, em 14 de janeiro. Tive a chance de começar uma das jornadas mais incríveis dos games e da vida neste mês. Conto um pouco dessa aventura, sobre a qual era bastante cético, e quais foram minhas impressões nessa review.
Desenvolvimento: Santa Monica Studio
Distribuição: PlayStation Studios
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura
Classificação: 18 anos
Português: Legendas, interface e dublagem
Plataformas: PC, PS4, PS5
Conquistas inesperadas

God of War consegue ser uma obra especial logo de início. A luta contra o primeiro chefe, que já acontece na primeira hora, conquista de uma maneira única e tão empolgante que é raro de se ver no mundo dos jogos. É o equilíbrio real entre cinematografia e gameplay, intercalando entre si para contar uma história misteriosa que irá assolar toda a jornada de pai e filho, Kratos e Atreus, por toda a narrativa.
As cenas iniciais já anunciam que o jogo está lá para trazer frescor à franquia e uma nova perspectiva às jornadas e dramas de Kratos. O game e o level design fantásticos, por sua vez, dão as caras e provam ser muito bem imaginados, capazes de encantar quem está atrás do controle – ou do teclado e mouse – à primeira jogada. Mesmo perto de games de ação e aventura renomados, o combate é algo muito interessante e viciante, sendo um deleite a quem gosta do gênero – principalmente.
O combate, então, é um recheio saboroso. É possível arremessar o machado e as lâminas do caos de Kratos contra quase todos os inimigos, com efeitos de gelo e fogo. Existe uma série de combinações de botões para formar combos de ataque, defesa e contra-ataque, além de ataques especiais gerados por runas engastadas nas armas, o que deixa as lutas cada vez mais prazerosas e sem necessitar de vários golpes em inimigos que ficam mais fracos à medida que Kratos evolui. Também são de muita utilidade os ataques de arco e flecha de seu filho, Atreus, os quais também contam com especiais.
Com diversas builds de armaduras, armas, runas e encantamentos encontrados pelos mapas ou comprados na loja dos anões irmãos, Sindri e Brok, viabilizam vantagens aos atributos de Kratos e/ou de Atreus, como a força, defesa, sorte, recarga de especiais, vitalidade e poder rúnico, facilitando ou não determinados combates. Os mapas, inclusive, são repletos de puzzles fáceis e rápidos de serem resolvidos, dando recompensas muito boas, em geral.

Com uma gameplay tão boa, é difícil não imaginar que o processo impecável de QA o trouxe muitos frutos bons e um polimento exemplar. Ao longo de 23 horas de jogo, não foi possível encontrar nenhum bug ou glitch que atrapalhasse a diversão ou a imersão, apesar de 2 ou 3 crashes e alguns problemas de travamento conforme a conexão do controle via bluetooth era feita. Mas a distribuidora parece estar ciente dos problemas e, até então, já lançou 3 patches (dentro de 2 semanas, é algo surpreendente para os dias de hoje, não?) corrigindo várias dessas questões.
O pós-jogo acontece de forma bem natural e dá diversas possibilidades. É possível fazer missões secundárias, derrotar Valquírias, derrotar ancestrais da natureza, libertar dragões, entre outras várias tarefas bem construídas, sem perder a conexão com a história principal. É muito bonito ver, também, que outros jogos bons beberam dessa fonte, como o próprio Assassin’s Creed Valhalla, em temática das histórias e em game design.
God of War faz tudo o que se propõe a fazer com grande maestria, e só fica devendo um pouquinho em usabilidade, como no menu de pausa e em mapas: poderia ser mostrado alguns atributos que ajudam muito na jogatina dentro das lojas de Sindri e Brok, e não só nas abas do menu; poderia trazer melhoria nas legendas do mapa e,; indicar botões de forma responsiva, como o R3 e L3 que, mesmo com um controle de Xbox ligado ao PC, aparecem em todas as janelas de descrição (nem todos podem entender essa referência aos controles de PlayStation).
Fps e qualidade? Lá em cima!
Por ser lançado no PC, esperava-se que o jogo estivesse em sua melhor versão gráfica e de desempenho na plataforma. Dito e feito. Os gráficos são belíssimos, e são completamente sustentados por fps muito satisfatórios de 60 frames per second, no mínimo, em qualidade 4K. Testes técnicos foram realizados em conteúdos globais afora, provando isso e comparando com o desempenho gráfico do PS5.
Graças às novas tecnologias e firmwares da NVIDIA, a beleza do jogo é garantida a fps dignos de aplausos pela indústria toda. O DLSS (Deep Learning Super Sampling) e o NVIDIA Reflex fazem milagres quando o assunto é entregar gráficos detalhados e fiéis o tempo todo e dar um respiro incrível à sua performance de quadros por segundo. É incrível ver como essas tecnologias ajudam a entregar visuais tão lindos e chegar a um patamar jamais imaginado antes, mesmo a quem possui placas de vídeo mais antigas.
Uma história imperdível

A história de God of War é muito bem escrita e dirigida. Ela consegue cativar de uma forma incrível com seus personagens extremamente bem desenvolvidos, mostrando tanto o drama e as interações próximas entre Atreus e Kratos, quanto os deuses e semideuses da mitologia nórdica que têm seus defeitos e virtudes, assim como qualquer humano (e assim eram descritos na realidade). A essência dessa mitologia antiga está sempre presente e é muito interessante ver o desenrolar da narrativa.
A cinematografia, direção de arte, trilha sonora e todo o conjunto da obra é um espetáculo à parte. Ela faz emocionar e coloca o jogador dentro de cada momento especial, num invólucro de gameplay extremamente empolgante, no qual histórias contadas da cabeça de Mimir ao Atreus interessam muito ao passo que o combate fica cada vez mais satisfatório. Cada inimigo grande e chefe derrotado é uma explosão de sentimentos levados ao extremo que fazem querer muito mais daquilo. São tão satisfatórios que fica até difícil acreditar estar diante de algo tão único e bom.
Veredito
Difícil mesmo é alguém iniciar esse jogo, veterano ou iniciante na franquia, e não achar que está diante de uma obra brilhante. God of War alcançou níveis de qualidade tão altos, em todos os aspectos, na indústria de jogos que realmente faz frente a várias outras franquias de sucesso e é verdade que será muito difícil derrubá-lo desse pódio. Além disso, sua sequência (God of War: Ragnarök) está prevista para ser lançada ainda esse ano. Então os donos de PlayStation 4 e 5 devem ficar de olho nessa novidade, que promete muito.
Gosto de defini-lo como uma obra de arte. Não apenas a construção, mas todo o seu conjunto é capaz de surpreender o jogador mais casual até o mais hardcore, creio, emocionando e cativando até o fim. Afinal de contas, se trata desses jogos que deixam saudade da primeira vez jogada e que ficam guardados com muito, mas muito carinho na lembrança. Lembrança essa de que foi uma das melhores coisas já vivenciadas e estar entre os tops de jogos disponíveis para se jogar na atualidade.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong