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Review My Time at Portia (Switch) – Limitações do horizonte expandido

Passei por muitos simuladores de fazenda na minha vida, especialmente os jogos da franquia consagrada Harvest Moon (hoje não tão consagrada mais), que posteriormente se transformou em Story of Seasons e finalmente ganhou um concorrente indie de peso chamado Stardew Valley.

Joguei bastante este último por ser basicamente o que os antigos Harvest Moon tinham, porém com vários toques modernos. My Time At Portia é como se fosse um Stardew Valley 3D, mas com algumas escolhas questionáveis e características que me fizeram torcer o nariz.

Desenvolvimento: Pathea Games
Edição: Team17
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Simulador, RPG, Ação
Classificação indicativa:
 10 anos
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC, PS4, Xbox One e Switch
Duração: 64 horas (campanha)/ 146 horas (100%)

Alô, resolução?

Bem vindo à Portia

Como isso parece se repetir em todo simulador de fazenda, não é mesmo? É sempre um parente que deixou a fazenda pra você, ficou doente e faleceu te colocando no testamento e blá blá blá. É realmente bem clichê, e My Time at Portia não quis fugir da fórmula estranhamente igual em todos os jogos deste gênero. Por que será que sempre tem esse papo?

Enfim, a diferença é que tudo gira em torno de uma cidade pós-apocaliptica isolada no meio do mar de nome Portia. Povoada por vários moradores locais de personalidades diferentes, baiscamente os sobreviventes depois de uma guerra devastadora que assolou o globo terrestre.

Um de seus objetivos será construir relacionamento com esses habitantes, dando presentes, conversando, lutando (sim, é isso mesmo) com eles, jogando pedra-papel-tesoura, entre outras necessidades.

Conquistando a, literalmente, morena

Obviamente, também podemos casar em My Time at Portia. Como pensou que poderia faltar? Como citei no parágrafo anterior, você terá uma tarefa árdua para conquistar a morena e levá-la ao altar. Pensa que paquerar é algo fácil?

Por aqui existem várias missões principais que darão andamento à história, e você deve estar sempre consultando-as em seu menu. Várias delas são realmente divertidas e bem descritas, portanto ao menos você saberá como progredir no enredo.

Missões secundárias e primárias

O jogo também permite cumprir tarefas secundárias para ganhar dinheiro e aumentar seu relacionamento com os cidadãos, porém a maioria se resume em pegar algo e levar pra alguém – desinteressante e repetitivo.

Talvez o que tenha me chamado mais atenção é poder fazer o upgrade do personagem, melhorando seu fôlego, vida, combate, entre outros atributos que aproximam o jogo para o lado mais RPG.

Tempo? To fora.

Como manter uma fazenda

Bom, vamos à tarefa principal de jogos deste gênero: cuidar da fazenda – que aqui chamam de Workshop, mas você sabe muito bem. É bastante divertido plantar sementes, construir máquinas, que geram itens muito úteis, e criar coisas novas. O maior problema nisso tudo é o tempo.

My Time at Portia trabalha como se fossem aqueles jogos de redes sociais, onde você deixa algo sendo construído e tem um temporizador em cima dele.

Meu respeito caiu um pouco pelo jogo por conta disso, já que não sou nada fã deste tipo de mecânica. Mas não me entenda mal, ao menos este temporizador não tem vínculo ao tempo real, portanto pode se tranquilizar.

Aquela fazenda top

O que outros simuladores de fazenda fazem neste momento? Bom, geralmente quando algo vai levar muito tempo para ser finalizado, você geralmente dorme em sua cama, deixa o dia passar e BOOM, o objeto/construção foi criado. Aqui não, caso queira construir algo que leva, sei lá, 14 horas para ser finalizado, se você dormir – dependendo do horário -, haverão grandes chances daquilo ainda estar no meio do processo.

Algumas pessoas podem até gostar disso, pois você vai precisar se ocupar durante o dia com outras coisas. Talvez o problema esteja comigo, não sei. Enfim, vai do gosto do jogador.

Aquele loading que ninguém curte

Porém, um problema que My Time at Portia claramente tem é não ser intuitivo. No início do jogo você vai ficar muito confuso sobre como fazer as coisas, e vão levar vários dias (dentro do jogo) até pegar o jeito, acredite. Fora isso, no começo também é complicado conseguir recursos, já que você basicamente não tem quase nada apto a ser construído por, justamente, falta de recursos.

Fora isso, também podemos entrar em batalhas nas zonas perigosas da cidade, se você adquirir uma licença que te permite transitar por lá.

O combate é competente, nada espetacular, mas é possível adquirir bons itens nestes locais e tentar várias vezes antes de ser completamente derrotado. O jogo vira basicamente um RPG de ação nestes momentos, apesar de ser algo bem básico.

A "divertida" mina

A mineração

Como todo bom de jogo de fazenda, algo primordial não podia faltar. Você pensa que são os animais? A plantação? Os relacionamentos? Apesar de tudo isso existir, estou falando da mineração. Sim, aquele local onde você encontra itens raros para vender a preços bem safados.

Primeiramente, quero dizer com tom de protesto que as minas são pagas. Você as aluga por uma semana e ganha o direito de explorar cada canto ou então subir um nível delas. Porém, a forma que o jogo criou para minerar os artefatos é bem maçante. Você precisa localizar pontos brilhantes na tela e cavar o buraco até chegar nos recursos para extrair.

Isso fica bastante repetitivo em poucos segundos. Não é um mini game divertido, é simplesmente um castigo ter que entrar neste local. O problema é que você não consegue coisas tão caras, para vender por preços altos, se não for justamente desta forma.

Versão de PC, claramente bem superior
Versão de PC, claramente bem superior

Pequenos (ou não) problemas

O local onde a música mais se repete é na mina. Parece que foi escolhida a pior música possível para este momento, e não existe variação. Realmente me dava um pouco de agonia toda vez que entrava lá.

Mas não se engane, o jogo como um todo não apresenta muita diversidade na trilha, então é comum você se pegar ouvindo outra coisa em seu fone de ouvido ou até mesmo um podcast. No mundo “aberto”, no ambiente de cidade e tudo mais, o jogo também peca em não demonstrar uma variedade melhor de faixas musicais.

Sobre os gráficos, no PC o jogo é lindíssimo. Já nos consoles Xbox e PS4 ele é bacana, mas não como no PC, e isso é bem perceptível. Agora, se tratando do Switch… é uma tristeza até lembrar. As texturas são bem ruins em alguns lugares, os visuais parecem mortos e acinzentados – e não é por causa do clima nublado -, e tudo parece ter um aspecto “lavado”. Definitivamente, se você gostou do jogo ou teve algum interesse, confira versões melhores visualmente.

Porém juro que não entendo este nível de downgrade no Switch, uma vez que o estilo gráfico de My Time at Portia é bastante puxado pro desenho – o que não deveria pesar tanto. Junto a isso, os loading também são deploráveis.

Final Fantasy XII Feelings?

Se tratando do jogo em si, ele peca um pouco em detalhes. Apesar de seu cabelo mexer com o seu andar, não existe detalhamento ao pisar em locais com água ou em gramados altos, por exemplo – vai entender.

Importante ressaltar se você não entende inglês: o jogo não tem o idioma português brasileiro. Nem mesmo um português de Portugal está disponível. E, como My Time at Portia tem bastante texto, não sei se tudo seria intuitivo o bastante para que qualquer um consiga jogar – acredito que não.

Uma fazenda com deslizes

My Time at Portia é um jogo mediano. Algumas várias ideias são interessantes, porém mal executadas e caem na monotonia. Não precisaria de muito para que ele se transformasse em algo de excelência, porém talvez seja melhor voltar para Stardew Valley de uma vez por todas.

Este review foi feito com uma cópia para Switch cedida pelos produtores

My Time at Portia

6

Nota final

6.0/10

Prós

  • Sistema de diálogos
  • Crafting divertido
  • Direção de arte
  • Maquinário interessante

Contras

  • Contador de tempo
  • Início muito lento
  • Sem idioma português
  • Músicas cansativas
  • Loading demorado