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Review Oninaki (PS4) – Uma tentativa falha de relembrar os RPGs de 16 bits

Oninaki é o terceiro jogo da Tokyo RPG Factory, uma subdivisão da Square Enix focada em criar experiências de RPGs diferentes dos produtos da empresa principal: desenvolver jogos mais simples que remetem aos clássicos dos 16 bits, mas com um toque moderno. Apesar da boa intenção, infelizmente, Oninaki deixa a desejar em vários aspectos.

Desenvolvimento: Tokyo RPG Factory
Distribuição: Square Enix
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG
Classificação: 14 anos
Português: Não
Plataforma: PS4, Switch, PC
Duração: 20 horas (campanha)/41 horas (100%)

Almas que não descansaram em paz vagam pelo mundo

Pouco há para se fazer na cidade: além de acontecimentos na história, apenas upgrades de armas
Szaka é a única cidade do jogo

No mundo de Oninaki existem dois planos: o normal, dos vivos, e o “além” (Beyond). Esses mundos são sobrepostos, e ao toque de um botão, o protagonista Kagachi alterna entre essas realidades. Ele é um Watcher, que são pessoas encarregadas de auxiliar espíritos a seguirem para a sua próxima vida. O enredo do game é centrado nesse conflito entre os dois mundos, auxiliando espíritos vagantes a seguirem em paz para a próxima vida e dando uma abordagem diferente do que estamos acostumados ao inevitável fenômeno da morte.

Essa temática é reforçada pelo clima sombrio e melancólico em que o jogo é ambientado. Apesar da premissa interessante, o andamento da história acaba não empolgando e os personagens não cativam, incluindo o próprio Kagachi. É possível resgatar almas perdidas pelo mundo do jogo, que são apresentados em modelos de NPCs genéricos e com pouca motivação para serem salvos, com recompensas que não valem o esforço. Tudo isso é uma pena, pois todo o mundo e contexto de Oninaki possuíam muito potencial.

Combate muito problemático

As cenas dubladas são reservadas apenas para as partes mais importantes eo enredo
A maioria dos diálogos se passa em cenas como essas; há dublagem em poucas cenas e apenas em japonês

Apesar do propósito dos Watchers ser o de auxiliar as almas em sua passagem para a reencarnação, o que mais faremos durante o jogo é lutar contra os Fallen, que são almas que não conseguiram encontrar a paz no além. Ao contrário dos jogos anteriores da Tokyo RPG Factory (I Am Setsuna e Lost Sphear), o combate de Oninaki é de ação em tempo real, ao invés de batalhas por turnos. Aqui possivelmente temos o grande problema do jogo: passamos a maior parte dele em um sistema de combate que deixa bastante a desejar.

Kagachi luta sempre com a ajuda de Daemons, que são espíritos que fornecem suas habilidades. Cada Daemon utiliza uma arma diferente e possui uma habilidade única, geralmente na forma de algum tipo de movimentação (dashes, pulos, escudos, entre outras). De certa forma, são como as classes dos RPGs clássicos. Você seleciona 4 Daemons por vez e pode alterar a qualquer momento entre eles. Cada Daemon possui ataques normais e até quatro habilidades que causam mais dano. Por fim, há também o Manifest, um estado mais poderoso que o Daemon pode entrar de tempos em tempos. Apesar dos conceitos interessantes, o sistema de batalha e os Daemons têm problemas que tornam a experiência maçante.

Tudo parece em câmera lenta…

Cada habilidade é associada a um botão
As habilidades geralmente possuem bonitos efeitos de animação

Primeiramente, tudo é muito lento. Parece que Kagachi está propositalmente andando devagar enquanto se mexe. Além disso, o combate tem poucas variações: basicamente você irá intercalar ataques normais com as quatro habilidades (que possuem um tempo de cooldown), ativar o Manifest quando chegar o momento, e repetir isso até vencer inimigo após inimigo, chefe após chefe, até o final do jogo.

Os monstros se repetem muito, mas há certo incentivo a testar diferentes Daemons. O que nos leva a outro problema: apesar da razoável variedade de Daemons, é muito trabalhoso pegar um novo e elevá-lo até o nível que você se encontra atualmente para usá-lo com eficiência em batalha. O que incentiva exatamente o contrário: o jogador acaba escolhendo poucos Daemons e focando apenas neles. Particularmente, a partir de um momento do jogo usei um único e fui assim até o final.

Um mundo que não cativa

A progressão na árvore de habilidades é lenta e depende de muito grinding
Os menus são bonitos, porém por vezes são muito confusos de se navegar, como a árvore de habilidades

Também incomoda que simplesmente não existem itens ou uma loja de itens. A única possibilidade que existe são os incenses, os itens que curam. Mas para adquiri-los, é necessário matar inimigos e esperar que eles o deixem cair! É quase inacreditável que não exista a possibilidade de simplesmente comprar um recurso tão básico em qualquer RPG (não há dinheiro em Oninaki). Por vezes você está na porta de um chefe, mas precisa voltar e matar inúmeros inimigos e torcer para que eles deixem cair o precioso item.

O mundo de Oninaki é bastante limitado. Temos apenas uma cidade e o resto do jogo se passa nas dungeons, selecionadas por menus no mapa principal. Os cenários possuem uma boa variedade de biomas e são bonitos, mas os mapas são essencialmente lineares e sem surpresas. Há pouco a se fazer neles, além de avançar até chegar ao ponto de seguir a história, geralmente enfrentando algum chefe. Existem itens (incenses e armas) aqui e ali, mas nada que recompense a exploração.

Para fãs de RPGs, existem melhores opções

O que fica de Oninaki é a sensação de potencial desperdiçado, seja na história ou na jogabilidade. Boas ideias, acompanhadas por bonitos gráficos e interfaces, infelizmente são condenadas por um combate ruim e diversas outras más decisões. Por fim, caso o leitor esteja em busca de novos RPGs no estilo da época dourada do gênero, a própria Square Enix oferece melhores opções recentemente nas séries Bravely e Octopath Traveler.

Cópia de PS4 adquirida pelo autor

Revisão: Ailton Bueno

Oninaki

6

Nota final

6.0/10

Prós

  • Mundo e conceitos interessantes
  • Direção de arte

Contras

  • História não é bem desenvolvida
  • Combate ruim e lento
  • É complicado aprimorar novos Daemons
  • Faltam elementos básicos de um RPG