Capa do jogo.

Review Outbuddies DX (PS4) – O filho perdido de Subnautica e Lovecraft

Sendo um fã do gênero Metroidvania, confesso que, quando vi o anúncio de Outbuddies, fiquei esperançoso. A mecânica e a jogabilidade fluida aliadas à trilha sonora completamente condizente, inovadora e complexa do trailer me cativaram imediatamente, me fazendo re-jogar vários nomes notáveis do gênero, como Castlevania Symphony of the Night e Hollow Knight. Como um projeto de seis anos do desenvolvedor independente Julian Laufer, Outbuddies DX é um projeto ambicioso, que demandou suor, lágrimas, sangue, e muitos analógicos quebrados.

Desenvolvimento: Julian Laufer

Distribuição: Headup Games

Jogadores: 1-2 (local)

Gênero: Ação, Aventura, Plataforma

Classificação: 16 anos

Português: Interface e Legendas

Plataformas: Switch, PS4, PC, Xbox One

Duração: 13.5 horas (campanha)/14.5 horas (100%)

AMBIENTAÇÃO DE FAZER PRENDER O FÔLEGO 

Protagonista enfrentando Razoth, um dos chefes do jogo.

Outbuddies DX conta a história de um arqueólogo marítimo chamado Nikolay Bernstein, que desperta em Bahlam, a cidade esquecida, um local inóspito e cheio de inimigos e pistas sobre raças antigas. Nikolay, inicialmente, precisa fugir dali. Mais adiante, ele acaba descobrindo sobreviventes pacíficos que são constantemente perseguidos pelos Velhos Deuses, e uma estranha profecia citando a chegada de um tal Homem do Mar (não é Ocean Man do Ween, mas quase isso).

Sendo um clichê nos jogos do gênero, a cutscene inicial já não explica muita coisa. O pouco de informações que temos é mostrado por meio de diálogos de outros personagens, já que Nikolay esboça apenas reações dignas de um teclado de emoji aos diálogos dos NPCs. A ambientação fúnebre e úmida, a 36 mil pés sob o oceano, acabou me lembrando Dagon, conto do escritor H.P. Lovecraft, que Laufer certamente “bebeu da fonte”.

JOGABILIDADE: NATAÇÃO E TIRO AO ALVO

Jogador saltando e atirando em inimigos voadores. O Buddy Unit logo atrás.

A jogabilidade é fluída, mas não é nada intuitiva. Outbuddies DX arremessa todos os comandos básicos “na sua cara” e oculta os complexos, e como você lida com isso é puramente problema seu. No início, navegar pelo menu foi uma tarefa árdua. Precisei pausar, memorizar os controles, e somente assim consegui prosseguir. Isso acabou sendo bem desanimador, pra ser sincero. Mas ao continuar prosseguindo, o jogo foi melhorando, mostrando que sua progressão é excelente (tirando o começo). Laufer realmente acertou na variabilidade, seja de inimigos ou de possibilidades ao se aproximar de um problema- coisa que nem todos os jogos do gênero acertam. Às vezes, eu até esquecia de usar certos armamentos, tamanha variedade que Outbuddies DX proporciona.

Porém, ao mesmo tempo, gosto da sensação de estar desolado no mundo, assim como o protagonista, sem saber para onde seguir, apenas se localizando por cores de portas, que indicam o power up que é necessário para abri-las. Em uma época onde a maioria dos jogos insistem em te carregar no colo, mostrando tutoriais até nos últimos mapas, isso é um diferencial extremamente positivo. Podemos pegar como exemplo Hidetaka Miyazaki, que faz tão bem em Dark Souls.

O combate é ótimo, juntamente da trilha sonora. A imersão na questão de áudio foi muito bem construída. Ouso dizer que a trilha sonora se equipara a Borderlands. O visual retrô, contrastando cores frias e escuras a cores claras, vivas e fortes principalmente nos chefes, inimigos e elementos do cenário, acabam aumentando ainda mais a sensação de que são seres alienígenas e completamente “bizarrésimos”, causando mais desespero e imergindo o jogador cada vez mais nessa espiral de loucura. Porém, o visual cru pode acabar confundindo jogadores novos, deixando de evidenciar certos aspectos no cenário e evidenciando outros que são completamente inúteis (uma grande frustração, inclusive).

O Buddy Unit, drone controlado pelo protagonista, é bastante útil na exploração de terreno. Além de atravessar paredes, o drone pode escanear a área, revelando segredos, posições de inimigos, paredes quebradiças, dentre outras coisas. O modo cooperativo permite a outro jogador controlar o drone, dando suporte ao protagonista de forma bem mais dinâmica.

CONSIDERAÇÕES E PENSAMENTOS

Jogador utilizando o menu de mapa do jogo.

Considerando que Outbuddies DX é um jogo com 15 horas de campanha de um gênero que requer exploração e backtracking, era essencial que o mapa fosse claro e fácil de se navegar, coisa que acaba não sendo. Existem vãos em paredes, que ao chegar no local não mostram absolutamente nada. Da mesma forma, existem salas que aparentam serem “fechadas” ao explorar o mapa no menu, para surpreender o jogador ao chegar no local e se deparar com passagens claras. Alguns bugs aconteceram com frequência. Foi bem mais de duas vezes que morri pra bosses, e reapareci com sprites bugados, atravessei paredes, vi erros de ortografia, mas não é o tipo de coisa que desanima a jogar, na minha opinião. Isso só acaba evidenciando que foi um projeto de seis anos feito por somente uma pessoa, e é de se esperar que alguns erros aconteçam.

Porém, Laufer se prova um desenvolvedor muito atencioso com seu projeto. É de praxe vê-lo comentar em resenhas, explicando conceitos de game design, alertando pessoas sobre atualizações futuras, etc. Foi por meio de um desses comentários de Julian, que eu descobri que os controles, por mais confusos que pareçam, foram criados juntamente a speedrunners da comunidade Steam, e que o desenvolvedor está refazendo o mapa do jogo novamente, além de adicionar uma nova tela de instrução de comandos. Kudos para um desenvolvedor atencioso, que busca ajuda do seu público com a intenção de construir um jogo mais dinâmico.

RESUMO DA ÓPERA

Outbuddies DX é um jogo que eu não recomendaria para aqueles que estão iniciando no gênero. Mas para jogadores experientes, eu consideraria um título obrigatório de se jogar. A atenção ao detalhe, a inovação e principalmente a dinamicidade do gameplay são pontos extremamente positivos dessa obra. A dificuldade, necessidade de intuição e de exploração de um mapa gigantesco podem acabar afastando jogadores novos, mas são mais um incentivo para jogadores experientes. Na minha opinião, vale a pena.

Chave de PS4 cedida pelo desenvolvedor.

Revisão: Jason Ming Hong.

Outbuddies DX

7.5

Nota Final

7.5/10

Prós

  • Trilha sonora extremamente cativante
  • Imersão bem feita, até para o visual simples
  • Usos do Buddy Unit extremamente criativos

Contras

  • Progressão inicial confusa
  • Alguns sprites bugados e erros ortográficos
  • Controles inicialmente confusos