Desenvolvida pelos criadores do aclamado Enders Lillies, a obra pode facilmente ser qualificada como uma cria de Dark Souls e Fire Emblem, mas que, infelizmente, não faz jus à nenhuma das influências. A ideia de início soa bem legal, a estética sombria dos jogos da From Software misturado ao gostoso e já consagrado sistema de combate da licença da Nintendo. O que poderia dar errado? Bastante coisa.
Apesar de um visual que aparenta ser mais caprichado que em outros jogos do gênero, quase todo o resto em Redemption Reapers é meio estranho, e causa gastura. O jogo possui pouquíssimas coisas legais, que você pode conferir nesta análise.
Desenvolvimento: Adglobe
Distribuição: Binary Haze
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG, Aventura
Classificação: 16 anos
Português: Legendas e Interface
Plataformas: Switch, PC, Playstation 4
Duração: Sem registro
Um grupo de renegados e os orcs de Senhor dos Anéis
O mundo passa por uma ameaça terrível chamada de Morts, seres que nos primeiros minutos do jogo já fazem você lembrar dos famosos Orcs do Hobbit, e que, apesar da sua falta de originalidade, estão arrasando o mundo. Um grupo de misteriosos mercenários, chamados de Brigada do Falcão Cinza está lá para deter as tais criaturas do mal, e de alguma forma se livrar daquele cenário apocalíptico.
Logo de cara, somos apresentados ao caos que o mundo está vivendo por meio de tutoriais meio maçantes. Lá vemos que poderemos ter o controle de cinco personagens. Sim, você não leu errado, um RPG de estratégia com apenas cinco indivíduos jogáveis. Deixando esse grande problema de lado, a obra já mostra outra dificuldade, os tais mercenários são somente desenhos dos arquétipos nos quais eles são baseados: uma arqueira com ares élficos, um brutamontes super mal encarado, um lanceiro misterioso e um espadachim ultra genérico. Para não falarmos que todos são super esquecíveis em seu design, a protagonista Sarah é a única que tem uma certa originalidade e é feita com um pouco mais de esmero do que os camaradas de bando.
Dito isto, tudo já está na mesa, precisamos aniquilar os tais seres, chamados Morts em mapas sem nenhuma criatividade num sistema de RPG de estratégia por turnos como em Fire Emblem.
Matando os morts
Finalmente falaremos de um aspecto do jogo que não é ruim, sua gameplay de combate. Ela não é exatamente a melhor do gênero, já que por incrível que pareça, temos uma concorrência grande. A jogabilidade se baseia em andar por grids, em mapas gigantes para aniquilar aquelas criaturas semelhantes a orcs, tudo isso por turno. Em Redemption Reapers vemos um sistema de combate que, apesar de limitado, e, às vezes travado em suas limitações, acaba sendo sólido e gostoso nos primeiros minutos. A novidade em relação à sua influência é que temos que medir nossos pontos de ação (AP) e que é possível.
A falta de variedade de personagens e habilidades faz tudo ficar meio repetitivo logo de cara. No jogo também podemos utilizar a experiência extra que ganhamos na jornada para melhorar uma certa unidade, além disso temos um mercador que nos vende espadas, adagas, lanças, etc. Podemos melhorar o armamento dos personagens num ferreiro com um sistema de craft bem pobre. Por fim, após cada batalha, podemos desbloquear certas habilidades dos personagens e da mesma forma melhorá-las.
Redemption Reapers está em português, o que eu achei ótimo. A localização do produto é com certeza algo que se torna um lado forte para nós. Já que confuso de ler de vez em quando, e a escolha de letras e certos designs não foram muito boas, mas isso é só mais um erro no meio de vários.
Só tristeza?
O jogo tenta nos passar uma atmosfera de dor, sofrimento típico de algumas obras do gênero Dark Fantasy. Contudo, ele não passa esse ar, mas a dor e o sofrimento sim. É inconcebível pensar que os criadores do incrível Ender Lillies tiveram a ideia terrível de produzir um SRPG (RPG de estratégia), com apenas cinco personagens e todos com cara de batata.
Os vilões esquecíveis parecem ter sido tirados de algum jogo de O Senhor dos Anéis, até no modo das armaduras e espadas, é tudo muito semelhante ao que vemos na trilogia de filmes. É verdade que o jogo tem uma gameplay até okay, mas não se salva em meio a tudo isso que foi citado durante esta análise.
Ainda assim, fico feliz de ver empresas indies indo pelo caminho de um gênero que tanto amo, Wargroove, Dark Deitys e agora Redemption Reapers. Espero que os desenvolvedores não abandonem o projeto, mas sim o melhorem a ponto de podermos falar bem dele, pois é notável que há sim um grande potencial. O preço do jogo também não está dos melhores, mas acho válido que fãs do gênero tentem pegar o game em uma promoção. De resto, só tristeza.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno