Remnant From the Ashes PS4

Review Remnant From the Ashes (PS4) – Um Soulslike de tiro

Desde que tomei conhecimento dos jogos da FromSoftware poucos anos atrás, mais especificamente em 2017, eles se tornaram um poço de momentos memoráveis pelo mundo criado e batalhas épicas de chefes. Desde então, procuro por jogos que se equiparem a isso, mas que também criem algo próprio e se diferenciem. Em 2019, influenciadores e críticos apontaram Remnant From the Ashes como um Soulslike de tiro que entregava exatamente o que procurava, e só agora no fim de 2020 obtive a oportunidade de averiguar se eles diziam a verdade. Sendo assim, vamos ver se Remnant consegue surpreender e entregar mais momentos marcantes para esse fã de Soulslike.

Desenvolvimento: Gunfire Games

Distribuição: Perfect World Entertainment

Jogadores: 1 (local) e 1-3 (online)

Gênero: Ação, Aventura, RPG

Classificação: 16 anos

Português: Interface e legendas

Plataformas: PS4, Xbox One e PC

Duração: 13 horas (campanha)/52 horas (100%)

A última esperança da humanidade

Após o dragão ser derrotado em Chronos: Before the Ashes, o jogo antecessor de Remnant, uma nova criatura surgiu de suas cinzas, dominando a Terra. Portanto, novos inimigos continuam botando o terror e caçando os humanos restantes. Sabendo que o dragão está morto e que a última esperança da humanidade não retornou, somos enviados para derrotar essa nova ameaça e descobrir o que aconteceu com o antigo guerreiro do game anterior.

A história de Remnant não é espetacular, épica ou emocionante, mas ela consegue criar uma mitologia que incita o jogador a procurar mais sobre ela. Essa mitologia engloba dimensões paralelas e descobrimento de mundos, e como essas descobertas se correlacionam com a contínua caçada que os seres humanos sofrem, beirando a extinção. Por mais que seja uma história contada de maneira direta, existem muitas informações que ampliam a compreensão sobre o mundo de Remnant, sendo fundamental conversar com NPCs, ler os textos encontrados em itens ou em antigos computadores.

Destruição completa 

Pelo planeta Terra estar infestado de monstros que não “curtem” muito a civilização, a maioria dos locais visitados estão completamente destruídos e tomados por essas criaturas. Prédios em pedaços, carros abandonados e sistemas de esgoto destruídos são visões recorrentes ao andar pelas cidades, fora a sociedade de criaturas exóticas querendo nos matar. Mesmo com tudo isso, os gráficos são uma parte que não pode ser ignorada. Eles são bonitos e fazem o seu trabalho muito bem, mas há constantes renderizações atrasadas, principalmente nas cinemáticas..

As músicas, por outro lado, não me agradaram tanto, talvez pelo costume de receber algo orquestrado épico que intensifica as batalhas, contudo isso não aconteceu. Elas são pouco notáveis e nem um pouco memoráveis, mas também não são ruins. Porém, um som em específico conseguiu chamar muito minha atenção, não por ser épico e incrível, mas sim por anunciar um perigo eminente e intensificar a necessidade de sobreviver.

Tiro, porrada e mais tiro

Remnant From the Ashes possui uma jogabilidade viciante e isso reforçou minha vontade em terminar a campanha uma segunda vez. O mapa da cidade é grande com estruturas que podem ser exploradas para encontrar suprimentos, enquanto muitos inimigos saem do chão para atacar.

Tendo isso em vista, a destreza e o reflexo do jogador devem ser muito bons, principalmente em dificuldades mais elevadas, mas há um detalhe que pode frustrar os mais solitários ao escolherem tais dificuldades. Existem 4 delas disponíveis, indo do normal ao pesadelo e elas aumentam nitidamente a quantidade de inimigos enfrentados e o dano causado por eles. Porém, muitas vezes Remnant parece ter sido feito para se jogar em cooperativo, pelas habilidades que cada jogador pode possuir até a geração de cenários. Consequentemente, em dificuldades mais elevadas, jogar sozinho pode ser uma dor de cabeça, uma vez que a quantidade de inimigos, tanto especiais quanto normais, são imensas – e isso em lugares pequenos e fechados, não sendo um desafio muito justo.

Um "peão" sendo morto.

Falando nos inimigos, há 3 tipos deles que podem ser encontrados pelo mundo de Remnant. O primeiro são aqueles padrões e fracos que aparecem aos montes e são simples de matar – eu diria que são “peões”. Já o segundo tipo são os especiais, que trazem consigo um som impossível de se confundir, deixando qualquer um tenso. Eles são especiais por possuírem características divergentes dos demais, como soltar magias, reforçar e reviver outros inimigos ou possuir armas únicas, diante disso, são praticamente sub-chefes que fazem do combate algo mais desafiador. O terceiro são os chefes, e já informo que eles não são marcantes, mas possuem batalhas desafiadoras apenas por trazerem consigo outros inimigos, tanto os padrões quanto os especiais. Levando isso em conta, pode parecer que é um jogo realmente focado mais para o cooperativo, e talvez uma dor de cabeça para os lobos solitários.

Um dos sub-chefes mais assustadores.

Caracterizando o protagonista 

Nos primeiros minutos de gameplay é possível escolher entre 3 classes: ex-cultista, caçador e sobrevivente. Cada um possui uma arma branca, duas de fogo, modificação de arma e característica única. Porém, tanto as armas quanto as modificações podem ser adquiridas com mercadores, fazendo das características a única grande diferença entre os 3.

Seleção de classe ou arquétipo.

Explicando melhor, elas não passam de aprimoramentos que o jogador recebe conforme faz um número de ações específicas, derrota um chefe ou descobre um mundo novo. De tanto pular por obstáculos, por exemplo, obtêm-se a característica Pulador, que aumenta a velocidade de evasão do personagem. No início possuímos apenas 3 delas, uma que melhora a saúde, outra o vigor e a única de cada classe. A cada grau de característica alcançado, recebemos um ponto de experiência para aprimorá-las, podendo criar uma build própria que mais se assemelha ao seu estilo de jogo.

À primeira vista pode parecer uma mecânica espetacular e que dá liberdade na forma como se joga, e realmente é isso, mas com um porém. Depois de um tempo, é conhecida uma baita variedade de características e “upar” algumas que não valorizam  seu estilo de jogo pode ser um grande erro, pois poderá dificultar as horas finais da campanha.

As característica iniciais.

Na primeira jogatina criei um caçador, e por sorte foquei em características que facilitavam meu estilo de jogo – boto a mão no fogo por essa classe, ela é, de longe, a melhor para se jogar. Já a segunda rodada foi totalmente ao contrário, criei um sobrevivente, pois outros jogadores apontaram ser a pior classe para se jogar e eu confirmo esse fato. Por mais que esteja equipado com uma escopeta, pareceu que tiros a curta distância não são valorizados, mesmo próximo dos inimigos, o dano é um pouco menor comparado ao rifle do caçador, mas ainda sim é notória a diferença.

Adições interessantes

O primeiro dos DLCs é o Pântano de Corsus, que adiciona o modo Sobrevivência e o próprio pântano ao modo Aventura. Há também uma quantidade primorosa de novas armas, armaduras e modificações de armas, que implementam ainda mais a customização do personagem e o estilo utilizado para lutar. Contudo, esse é um DLC mais concentrado nessas implementações, não possuindo ligação direta com a campanha. 

Já o Paciente 2923 tem maior relação com a história da campanha, pois nos aventuramos por antigos cenários que explicam a ligação dos humanos com o vilão do jogo. Tendo isso em vista, comentar mais sobre ele seria um grande spoiler de toda a trama da campanha. Por outro lado, pode ser afirmado que ocorreram muitas atualizações para os modos Aventura e Sobrevivência, e mais uma quantidade nova de armamentos e equipamentos foram adicionados, fora o novo mundo que poderá ser explorado.

O modo Aventura te deixa livre para explorar os mapas gerados proceduralmente e recolher recursos para melhoria de armas e armaduras. Já o modo Sobrevivência te entrega apenas o necessário para enfrentar inimigos de todos os mundos, sendo desafiado a se manter vivo. Ambos os modos são muito melhores com um grupo de amigos, juntar habilidades específicas e explorar os mundos de Remnant parece ser muito mais tranquilo e divertido, sendo um pesar para aqueles que curtem uma jogatina solo. O modo Aventura nem tanto, mas o Sobrevivência exige um grande conhecimento de chefes e inimigos, assim sendo uma ótima opção para um pós-jogo com mais desafios. 

Os modos de jogo e suas variações

Que satisfação, aspira 

No fim das contas, minhas expectativas não foram totalmente supridas e eu discordo com algumas coisas que foram faladas sobre o jogo, mas não há como negar que Remnant From the Ashes possui qualidades, quando funcionam, fazendo um amante de tiro e sobrevivência se viciar. Contudo, algumas decisões na jogabilidade parecem ser muito favoráveis apenas para partidas em grupo, o que pode ser um estresse para os solitários de plantão. Fazer essa análise foi complexa pela alta esperança de acreditar ter encontrado aquilo que almejava, todavia Remnant é um excelente título que mereceu cada elogio recebido. Mesmo com seus problemas, foi uma satisfação, aspira.

Cópia de PS4 cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Remnant From the Ashes

7.5

Nota final

7.5/10

Prós

  • Jogabilidade viciante
  • Ambientações atrativas
  • Sistema de evolução próprio
  • Mitologia intrigante
  • Inimigos únicos

Contras

  • Atrasos de renderizações
  • Desbalanceamento de classes
  • Desafios voltados para o cooperativo