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Review Rise Eterna (Switch) – Um divertido RPG tático

Todos aprendemos em História que uma onda de invasões marcaram o início do período medieval. Indo na contramão do imaginário social construído sobre esse momento (visto como a Idade das Trevas, por alguns), na literatura e cinema, o período ganhou uma abordagem fantasiosa, através da construção de um mundo mítico e fabuloso, mas ao mesmo tempo violento e beligerante.

Esse mundo de fantasia serviu de cenário para épicos medievais, como as obras de J. R. R. Tolkien e – mais recentemente – de George R. R. Martin. Nos jogos, essa ambientação marcou a direção de arte de inúmeros RPGs. É justamente essa abordagem medieval fantasiosa que vemos em Rise Eterna. Desenvolvido pelo estúdio indie Makee e publicado pela Forever Entertainment no último dia 13 de maio, para o Nintendo Switch, o jogo é um RPG tático nos moldes vistos em Final Fantasy Tatics e Fire Emblem.

Desenvolvimento: Makee
Distribuição: Forever Entertainment
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, estratégia, RPG
Classificação: 12 anos
Português: Não
Plataformas: Switch
Duração: Sem registros

História contida

A Grande invasão é o estopim para a história de Rise Eterna.

A história de Rise Eterna também tem início com uma grande invasão. O então próspero e pacífico reino de Ars Rare vê seus tempos de tranquilidade acabarem com a incursão do General Adamanth o Grande, do Império Athraciano. Entre massacres de camponeses e povoados reduzidos a cinzas, passamos a acompanhar a jornada do mercenário Natheal e da guerreira Lua. Ambos percorrem os quatro cantos do reino em busca do propósito de suas vidas, encabeçando uma rebelião que poderá trazer paz novamente. 

Conforme avançamos, outros personagens (quatorze para ser mais exato) vão se juntando à aventura. Achar todos acrescenta um desafio extra ao jogo. Fechei o game tendo encontrado apenas onze personagens. O nosso foco é reunir as irmãs de criação de Lua, para que o mistério sobre o passado das jovens – que se relaciona com os acontecimentos do reino – venha à tona. Apesar de se apoiar numa narrativa que quer se apresentar madura e grandiosa, a história é bem contida. 

A impressão que tive é de que tudo é muito apressado. A apresentação dos personagens, por exemplo, é pouco desenvolvida. Nesse sentido, a presença de alguns deles em nossa party, simplesmente não faz sentido, pois a motivação acaba se mostrando rasa, o que dificulta até mesmo uma maior empatia nossa com eles. Rise Eterna conta com poucos e pontuais diálogos que nos ambientam minimamente na trama. Não há animação, nem dublagem (salvo a introdução). Toda história é contada através de belas, porém, estáticas imagens. 

Um estilo artístico que envelheceu bem

O sistema de batalhas é simples.

O visual em pixel art de Rise Eterna é muito bonito. Me enche de satisfação ver o empenho dos estúdios indies em manter vivo um estilo artístico que marcou os jogos das primeiras gerações de consoles. É um design que envelheceu muito bem e usado com maestria por aqui. 

Apesar de curto para um RPG tático (temos ao todo quatro capítulos), os cenários são variados, passando por vilarejos, bosques, castelos, catedrais e praias. Cada área possui sua própria identidade visual, guardando tesouros e itens perdidos úteis na nossa aventura, mas também armadilhas, como fossos envenenados ou espinhos que causam sangramento. 

Mesmo não havendo muita variedade (a música das batalhas é sempre a mesma), o design de som é muito bom. Em linhas gerais o áudio e as melodias de Rise Eterna cumprem bem o seu papel. A composição original que passa a integrar a história a partir do terceiro capítulo, por exemplo, é belíssima.

Pouca variedade nas batalhas

A animação de ataque pode ser cortada.

Diante das dificuldades que cercam um projeto de recursos limitados, era de esperar uma experiência mais modesta com Rise Eterna. Isso se reflete com mais força em suas mecânicas. As partidas se resumem a dois momentos, sempre nessa ordem: 1) posicionar nossos personagens no campo de batalha; 2) atacar, esperar ou usar itens (cura, melhoria de status etc). 

Essa esquematização é problemática, pois tira um pouco nossa liberdade nas batalhas. Dessa forma, mesmo se um inimigo estiver em nossa zona de ataque, temos necessariamente que movimentar nosso personagem antes de atacar ou abrir mão de alterar seu posicionamento. Não podemos, por exemplo, atacar e depois movimentar o personagem. E isso acaba deixando nosso personagem vulnerável.

Outro problema relacionado a essa limitação que mencionei é a falta de variedade de ataques e habilidades dos personagens. Temos um bom leque de possibilidades e podemos montar uma party com até seis personagens para enfrentar as batalhas. Mas, os golpes – tirando um personagem ou outro, como o arqueiro Sothy – são muito parecidos e, basicamente, exigem combate corpo a corpo. 

Algo digno de nota é a possibilidade de customizarmos o ritmo das batalhas. Podemos, felizmente, acelerar os turnos e cortar as animações de ataques. No mais, senti falta de um quick save durante e após as partidas. A única opção de salvamento presente no jogo nos leva para a tela de apresentação. Outra informação importante é em relação à localização: os desenvolvedores prometeram lançar uma atualização com suporte ao nosso idioma.

Sistema de progressão sutil

Em Rise Eterna avançamos no mapa por pontos específicos indicados na tela. Não há lojas, interação com NPCs, vilarejos que podemos explorar ou qualquer coisa do tipo. Tudo se resume às batalhas. É dessa forma que conseguimos materiais para montarmos receitas para poções, bombas e medicamentos, gemas e pontos de habilidades.

Nossos personagens possuem uma espécie de medalhão que contém espaço para até sete gemas diferentes. Cada uma delas confere melhorias ao nosso status (ataque, defesa, saúde e agilidade). Os pontos de habilidades ganho após as batalhas podem ser utilizados para desbloquear melhorias que impactam, sutilmente, em nossa performance durante as lutas travadas.

O sistema de progressão em Rise Eterna, nesse sentido, é bem sutil e se dá unicamente através das gemas e das melhorias que podemos ativar em nossa árvore de habilidades. Não podemos trocar nem melhorar armas, armaduras e afins. Após perder um pouco de tempo “farmando” em batalhas já travadas atrás de itens e pontos de habilidades, dificilmente você verá a tela de game over

Uma opção para os fãs do gênero

A simplicidade vista em Rise Eterna e a falta de variedade na gameplay podem incomodar um pouco. Mas, é notório e digno de nota o esforço da equipe de desenvolvedores em oferecer uma nova opção para os fãs do gênero. O game, até pelo seu tempo de duração (cerca de quinze horas), foi feito para ser jogado diversas vezes, explorando novos caminhos que podem nos levar a outros personagens. Mesmo com toda limitação, ele é divertido e acessível para aqueles que querem começar a se aventurar no mundo dos RPGs táticos. 

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Rise Eterna

8

Nota final

8.0/10

Prós

  • Visual em pixel art
  • Variedade de cenários
  • Customização do ritmo das batalhas

Contras

  • Personagens mal desenvolvidos
  • Mecânicas simples demais