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Review Startup Panic (PC) – Causando pânico no mundo dos negócios

O trabalho extra e o crunch não são ideias antigas e se tornaram medidas comuns no mercado de trabalho. Trabalhar 12 horas por dia não é tão ruim, mas como seria se você tivesse seu próprio empreendimento? Startup Panic coloca o jogador para responder a esta questão simulando uma empresa em crescimento. E aí, você tem tudo para crescer no mercado de trabalho e superar outras empresas?

Desenvolvimento: Algo Rocks

Distribuição: tinyBuild

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Simulador, Estratégia

Classificação: Livre

Português: Interface e legendas

Plataformas: PC, Android e iOS

Duração: 15 horas (campanha)

Escapando do crunch

Uma criação de personagem bem simples.

Antes de começar o jogo, a tela de criação de personagem e da empresa é apresentada. As mudanças são bem mínimas, permitindo apenas escolher o gênero e seu nome, pois o foco fica mais para a firma, mas ainda sim as modificações são simples, é possível apenas nomeá-la e escolher seu país de origem.  

Após essa criação simplificada, uma cinemática apresenta a realidade deplorável de uma equipe de programadores. Depois de múltiplas horas trabalhando sem um descanso, você levanta da cadeira e pede demissão, pensando em criar sua própria empresa. A partir disso, quem faz a história é o jogador, e suas decisões podem ocasionar em fins positivos, como conseguir um outro trabalho, ou a aposentadoria, enquanto outras podem levar a falência.

O princípio que leva o personagem a criar uma empresa pode parecer pesado e até chato para algumas pessoas. Porém, Startup Panic critica o crunch com sátiras bem colocadas, acarretando algumas boas risadas para qualquer um que conheça os memes da internet. Isso deixa a experiência bem leve e consegue não perder o foco principal: ser um simulador.

Iniciando uma startup 

Imagens de fracasso serão recorrentes ao criar uma startup.

Antes de qualquer coisa, é plausível afirmar que gerenciar uma empresa não é algo fácil, nem mesmo em um jogo. Você controla um programador e a startup é uma Rede Social focada principalmente na informática. Ainda que muitos termos técnicos apareçam, nenhum conhecimento é necessário, muitos deles servem só para tentar causar pânico, coisa difícil de acontecer.

A perspectiva isométrica possibilita uma visão completa de todo escritório, em que podemos expandi-lo conforme a empresa cresce, aumentando o limite de trabalhadores. A compra de móveis novos ou melhores equipamentos serve para melhorar alguns atributos dos trabalhadores, mas alguns deles são apenas para embelezar o escritório. Por se tratar de uma experiência semelhante a outros simuladores como Youtubers Life e Sim City, essa escolha de perspectiva é bem comum, em que apenas o mouse é controlável.

Nos momentos iniciais o tutorial conta com a presença ilustre de alguém bem antigo e esquecido: Clippy, o ex-assistente do Windows. Essa figura ensina ao jogador os primeiros passos para tornar a empresa em algo mediano, criando meios para fazer um site e acumular capital para financiar a companhia.

Toda página precisa de recursos que chamem a atenção de usuários, como a possibilidade de enviar mensagens para amigos, ver vídeos ou publicar imagens. Em Startup Panic esses artifícios são essenciais para a sobrevivência do seu site e também para o crescimento da empresa. Porém, caso algo de errado aconteça, a falência fica cada vez mais próxima.

Criar recursos exige um nível específico de especialidade em Tecnologia, Usabilidade e Estética, os atributos do jogo. Definir o que é melhor para uma nova ferramenta é essencial para conseguir mais lucros, pois elas são medidas por notas de 0 a 10. Caso receba nota baixa, uma revisão será necessária para refazer tudo do início, gastando ainda mais dinheiro. Há uma quantidade grande de recursos que podem ser feitos, no entanto, a maioria deles  está bloqueada, sendo preciso fazer uma pesquisa de mercado para liberar sua criação.

Sendo o CEO de sua empresa, o personagem espera ter controle de quase tudo que ocorre no seu site, mas é um pouco diferente. Por se tratar do foco principal,  no que se refere a lucro, a única coisa possível é definir quais serão os novos recursos a serem feitos para a página. Porém, o jogo força o jogador a se importar com notas altas, punindo-o com grandes perdas de dinheiro, removendo a liberdade de escolher se quer focar em Tecnologia, Usabilidade ou Estética.

Acabando com o desemprego

Antes de fazer qualquer escolha, seja de recurso, pesquisa ou trabalho exterior, é necessário escolher os funcionários que irão fazê-lo. Cada funcionário possui pontos que representam suas especialidades: junto aos três que compõem cada Recurso, ainda são adicionados Marketing e Motivação.

Marketing revela o quanto aquele funcionário é bom no mercado de trabalho, e caso queira expandir sua empresa ou fazer uma pesquisa, quanto maior forem os pontos em Marketing maior é a probabilidade de sucesso e menor o  tempo que será necessário para isso. Já a Motivação é simples, ela se esvai conforme a pessoa trabalha, e quanto menor o número, maiores as chances de um fracasso em qualquer coisa que ela faça. Então, cabe a você decidir dar férias, demitir ou esperar que alguém troque de emprego.

Existem algumas formas de contratar um funcionário e sua eficácia determina o seu valor. Por exemplo, pedir indicação de um amigo é de graça, mas não será alguém incrível e com pontos altos, e mesmo que você possa pagar para treiná-lo, será um gasto bem alto. Por outro lado, publicar em um jornal ou até passar um comercial podem ajudar a encontrar trabalhadores fora de série, mas o salário será proporcional a suas qualidades. Tudo é definido no quanto se pode pagar, ter prejuízo é um grande risco, pois quando um perde outros ganham.

Brigando pelo topo

Lutando para dominar o mundo.

De certo, quando se cria um novo negócio, a certeza é de que haverá concorrência, e aqui elas não são nem um pouco amistosas. Os CEOs de outras empresas são os grandes “chefões” do jogo, mas não há uma grande batalha final, pois elas ocorrem constantemente pelo domínio do mercado. 

Para dominar o cenário e fazer do seu site o maior de todos é importante expandir sua empresa. Após um tempo de jogo é liberado a possibilidade de uma expansão internacional, em que você investe em diversos veículos de mídia para chamar atenção de um público alvo. Também é permitido construir filiais e antenas de sua empresa em outros países, o que serve apenas para aumentar o número de usuários.

Essa competição constante é muito importante para o desenvolvimento do jogo, assim como missões que devem ser completadas para receber dinheiro, mas ambos acabam sendo um tiro pela culatra. 

Os outros CEOs, quando são vencidos, permanecem sendo uma ameaça e qualquer escolha errada pode trazer eles de volta ao topo. Isso dá uma pressão gigante, causando um leve pânico ou nervosismo na hora de criar algo ou fechar algum acordo. Talvez seja algo intencional para o jogador sentir na pele como é o psicológico de um empresário, mas isso retira a diversão e a leveza que o jogo propõe.

Aposentadoria imediata

Startup Panic é um simulador que consegue criticar de forma divertida alguns problemas atuais como o crunch e exploração do trabalhador. Porém, peca pela falta de liberdade, impossibilitando que o jogador foque naquilo que deseja e como quer que seu site funcione. Com o avançar do jogo, as coisas se tornam complexas e punitivas, trazendo muitos receios na hora de tomar uma decisão. Isso remove todo o carisma conquistado pelas sátiras feitas do início, tornando-se um jogo chato e frustrante. No fim, fiquei estressado e nervoso achando que realmente estava administrando uma empresa.

Cópia de PC cedida pelos produtores

Revisão: Kiefer Kawakami

Startup Panic

4

Nota final

4.0/10

Prós

  • Piadas e memes
  • Tema principal
  • Visual

Contras

  • Falta de liberdade
  • Missões fracas
  • Um pouco estressante
  • Dificuldade