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Review: Romancing SaGa -Minstrel Song- Remastered (Switch) – Uma ótima surpresa

É muito fácil cravar que a Square Enix é quase uma toda-poderosa no quesito RPG, pois eles têm licenças incríveis como Final Fantasy, Chrono Trigger, Valkyries Profile, e muitos outros que eu levaria eras para listar. SaGa, entretanto, não é uma das licenças mais famosas da Square. Contudo, mesmo assim eu já havia dado uma pequena olhada nos títulos e isso não havia sido o bastante para me fazer comprar. 

Com a arte promocional de Romancing SaGa – Minstrel Song- Remastered, simplesmente fui captado, e me joguei sem pensar duas vezes no game. Minstrel Song é um remaster muito bem feito do título lançado para PS2 e Gamecube somente no oriente. O título traz diversas horas de batalhas por turno, escolhas, e aventuras bem interessantes. 

Desenvolvimento: Square Enix
Distribuição: Square Enix
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, RPG
Classificação: 16 anos
Português: Não
Plataformas: PC, Switch, PS4, PS5
Duração: 28 horas (Campanha)/90 horas (100%)

Mais pra Skyrim do que para Final Fantasy 

Liberdade é a palavra chave

De início quando olhei para a franquia SaGa, sinceramente esperava um J-RPG – rpg Japonês – mais genérico, mas o que temos em Minstrel Song, e nos outros jogos da franquia, é algo que me deixou particularmente muito surpreso – e de uma maneira boa. O jogo foge da linearidade dos RPGs orientais e se assemelha muito mais com as obras que vemos desse lado do mundo. 

A palavra-chave em Romancing Saga é “liberdade”. No jogo, podemos moldar nossa aventura do jeito que a gente quer – ou pelo menos tentar. As opções são inúmeras, e isso é incrível, mas também o calcanhar de Aquiles do game. 

Apesar de isso ter me impressionado muito, ele tem lá seus defeitos, pois é muito comum ficarmos à deriva no jogo. E os jogadores de role playing games feitos na terra do sol nascente e que gostam de histórias lineares com pouca escolha, podem se decepcionar um pouco com Romancing Saga – Minstrel Song -. 

Forjando seu romance

Esolha seu caminho

Para um RPG japonês, é totalmente contra-intuitivo dizer a si mesmo que você deve fazer o mínimo de combate possível para evitar o avanço excessivo desses contadores de status, especialmente porque você deve lutar bem para fortalecer seus personagens. Romancing SaGa -Minstrel Song- Remastered não tem sistema de níveis. Em vez disso, os personagens têm a chance de obter um aumento de estatísticas ao final de cada batalha. 

Quanto mais forte o inimigo, maior a chance de melhoria. Essa evolução aleatória também é encontrada no aprendizado de habilidades com armas. É no meio do caos da batalha que seu personagem às vezes poderá alcançar uma epifania -Glimmer-, e aprender uma habilidade para aumentar a gama de movimentos disponíveis e mudar a maré da luta. No jogo, estamos bem servidos de conteúdo. Existe nada menos que quinze tipos de armas – incluindo artes marciais -, sem falar nas diferentes magias de vários elementos. Isso tudo faz variar bastante a jogabilidade, e torna as pelejas radicalmente diferentes umas das outras.

O jogo tem sim uma história real do mundo, dum caos que o assola, mas isso fica muito para trás. Temos, além desse enredo universal, uma missão para cada um dos 8 personagens que são jogados no mundo depois de uma breve evolução. Então, quem entre Albert, Aisha, Jamil, Claudia, Hawke, Sif, Gray e Barbara você escolherá? De qualquer forma, cada personagem viverá seu destino e será moldado por suas escolhas. 

Um universo vivo 

Cada aventura pode ser diferente dependendo do caminho percorrido.

Pesquisando um pouco para esta análise, descobri que o mundo do jogo é governado por dois fatores chamados Event Rank e Battle Rank, dois dados esses que não são exibidos na interface, mas que determinam quais missões estão disponíveis, bem como o poder dos monstros encontrados de acordo com o número de lutas realizadas. Assim, sem um guia, é muito fácil perder muitas oportunidades ou eventos. Por exemplo: no início da aventura, você pode encontrar uma mulher que perdeu seu filho nas cavernas. Mas se você subir muito no Event Rank, a criança já terá sido encontrada, deixando você de fora de uma recompensa de missão. 

O que poderia ser visto como um defeito na verdade não é, porque o título foi projetado para ser repetido com diferentes protagonistas. Como resultado, cada aventura pode ser diferente dependendo do caminho percorrido. E sim, em Minstrel Song temos à nossa vista um verdadeiro pai dos jogos de mundo aberto e das missões de múltipla escolha. Este mundo em constante mudança faz sentido. Enquanto em outros JRPGs nos permitimos fazer sidequests e ficar de bobeira mesmo quando é o “fim do mundo” e o chefe final estará esperando por nós, aqui, se lutarmos sem parar, o relógio está correndo e podemos perder eventos significativos. Não entre em pânico: os eventos da missão principal permanecem disponíveis, aconteça o que acontecer.

O jogo nos incita a conversarmos com todos os NPCs no nosso caminho
Tudo bem dublado em Inglês

Romancing Saga – Minstrel Song – Remastered nos incita a conversarmos com todos os NPCs em nosso caminho. Alguns abrirão caminho para novas cidades, já outros darão missões ou informações. Em suma, sempre seremos recompensados por falar com eles e também com o menestrel, personagem sempre presente na taverna de quase todas as cidades. Ele, além de jogável, permite retirar um personagem do seu grupo, limitado a cinco slots. Regularmente, ele também contará histórias e cantará sobre quests. Se as missões principais não estiverem transbordando de originalidade, temos a opção de nos perder em todas as empreitadas secundárias, como um Elder of Scrolls, Baldur’s Gate ou Pillars of Eternity.

Sobre as batalhas e os defeitos

Bom sistema de batalha

Nós falamos muito de leve sobre o combate no jogo citando o interessante sistema dos Glimmers. Mas, agora, tentaremos aprofundar mais. Além do PV que todo mundo conhece, a série tem uma originalidade, que é o LP (Life Point). Se um personagem morrer, ele perde um LP. E se o LP cair para 0, o personagem morre para sempre. Mesmo assim, não entre em pânico, isso é parcialmente verdade, no sentido de que só é realidade para personagens genéricos.

Os outros que têm importância no jogo e um mínimo de relevância aos enredos, além de que podem ser recrutados novamente se você retornar ao local onde os encontrou pela primeira vez. Durante as lutas, temos BP (Battle Points), pontos que são cobrados a cada turno e permitem lançar habilidades. E, por fim, o DP (Durability Point), ou seja, a durabilidade da arma equipada. 

É sempre bom nos prepararmos para as missões muito bem, e termos sempre estratégias prévias. Pois, com espadas quebradas e monstros se tornando mais forte ao passar do tempo junto com o mundo, tudo pode acontecer e, afinal, acho que ninguém tá afim de perder um savegame de várias horas. 

É sempre bom nos prepararmos para as missões muito bem, e termos sempre estratégias prévias

Sobre os defeitos do jogo: O fato dele não pegar na sua mão é ao mesmo tempo uma qualidade e um defeito, mas é compreensível dentro de sua proposta. A câmera do game tem vontade própria e não podemos controlá-la, os ambientes são inchados de monstros e acho que os sistemas de forja e classes podem afastar jogadores mais casuais. E conseguir dinheiro nesse jogo também é um inferno. 

Último acorde do menestrel 

Como o resto da série, Romancing SaGa -Minstrel Song- Remastered não é um jogo que vai agradar todos os amantes do gênero. Aqui temos um JRPG com grandes qualidades e uma enorme liberdade de exploração. A falta de indicações do que deve ser feito, de sinais no mapa ou de guias diretos sobre as missões são a sua força e sua fraqueza. Através do sistema Event Rank, o mundo e as missões mudam, oferecendo forte fator replay para aqueles que querem mesmo mergulhar no mundo do game.

O título tem lá suas falhas, como a câmera um pouco maluca em alguns lugares e o tal Event Rank pode deixar a curva de dificuldade desbalanceada. Apesar de tudo, essa chegada do título ao Switch foi magistral, trazendo das sombras uma obra incrível de uma licença que teve influência sobre jogos bem conceituados, como Octopath Travaler e Alliance Alive. No fim Romancing Saga – Minstrel Song – é um bom jogo, uma boa experiência, e um produto que todos os amantes de RPG deveriam dar uma chance. 

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Romancing SaGa -Minstrel Song- Remastered

9

Nota final

9.0/10

Prós

  • Muita liberdade
  • Variedade em classes, armas, etc
  • Ótimo sistema de combate
  • Mundo muito vivo
  • Visual vistoso

Contras

  • A liberdade pode afastar
  • Curva de dificuldade pode atrapalhar