Spirit Mancer aposta em uma combinação ousada de gêneros, mesclando o hack ‘n’ slash com elementos de construção de decks. Apesar de não ser uma execução perfeita, a ideia tem muito potencial.
Desenvolvimento: Sunny Syrup Studio
Distribuição: Dear Villagers, OKJOY
Jogadores: 1-2 (local)
Gênero: Ação, Aventura
Classificação: 10 anos
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC, PS5, Switch
Duração: Sem registros
Uma mistura de estilos
Controlamos o personagem em um cenário 2D, com mecânicas que remetem à clássica franquia Mega Man. Inicialmente, o jogador conta com uma espada e uma arma, que podem ser trocadas livremente após salvar reféns durante as fases. Ao longo da campanha, é possível desbloquear novos golpes e combos, enriquecendo o combate.
A construção de decks, um dos diferenciais de Spirit Mancer, permite ao jogador usar cartas durante as fases para obter vantagens estratégicas, como aumento temporário de atributos, invocação de aliados ou habilidades especiais. O destaque está no sistema de “selamento” de inimigos: em vez de derrotá-los tradicionalmente, o jogador pode reduzir a barra de estamina deles e selá-los, ganhando acesso às suas cartas. Essa mecânica traz uma dinâmica interessante e flexível, oferecendo múltiplas formas de abordar os desafios.
No entanto, nem tudo flui tão bem. Além da montagem de decks, o jogo oferece pescaria, criação de cartas, gerenciamento de recursos e até um modo fazenda. Embora esse volume de conteúdo seja impressionante, ele pode confundir os jogadores, já que o propósito de algumas mecânicas não é devidamente explicado, e elas acabam subaproveitadas.
Erros menores de design também prejudicam a experiência. Por exemplo, o sistema de ranking nas fases não mostra o resultado ao retornar ao hub, dificultando o acompanhamento do progresso.
Um show de pixel art
A arte em pixel é um dos pontos altos de Spirit Mancer. Personagens, inimigos, chefes, armas e cenários foram detalhados e animados com grande cuidado, com um esforço evidente da equipe de desenvolvimento para criar um estilo visual marcante.
As cutscenes são outro destaque. Além de animações mais convencionais com filtros de pixel art, as cinemáticas exibidas após derrotar chefes utilizam os próprios modelos do jogo em ângulos de câmera criativos, o que acrescenta charme e personalidade à narrativa. Essa escolha estilística remete aos antigos vídeos em flash com pixel art, proporcionando uma agradável sensação de nostalgia.
Até que o inferno parece legal
A história de Spirit Mancer se desenrola em um mundo onde o plano terreno e o inferno coexistem, embora mantenham uma relação marcada por conflitos e tensões constantes. Uma equipe de operações especiais acaba presa no inferno e precisa encontrar uma relíquia sagrada para escapar, descobrindo segredos sobre a relação entre os dois planos ao longo da jornada.
Apesar de os personagens serem carismáticos, o enredo, como um todo, se revela apressado e pouco impactante, mesmo em seus momentos finais. No entanto, é importante ressaltar que o conceito de inferno, neste caso, não carrega conotações religiosas. Pelo contrário, ele é representado como um mundo fantástico e, de certa forma, inofensivo, o que contribui para uma abordagem diferenciada.
O puro suco dos 16-bits
A trilha sonora de Spirit Mancer é uma ode à era dos 16-bits, especialmente à série Mega Man X. Com faixas energéticas e ritmadas que flertam com o dance e o techno, o jogo mantém o jogador engajado durante as fases. Em momentos mais calmos, as músicas utilizam instrumentos como violão para criar uma atmosfera serena.
Um jogo charmoso e com potencial
Apesar de tropeçar na abundância de recursos e em algumas falhas de design, Spirit Mancer exala carinho e dedicação de seus criadores. O jogo é uma ótima escolha para fãs de ação e plataforma, além de ser uma experiência promissora para quem aprecia misturas criativas de gêneros.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Julio Pinheiro