Spirit of the North é um jogo lançado no ano passado para PC e PS4 e que chegou no dia 07 de maio para o Switch.
O game, desenvolvido pela Infuse Studio e publicado pela Merge Games, é inspirado numa lenda do folclore finlandês do espírito Tulikettu, uma raposa vermelha que é escura durante o dia e que brilha como fogo à noite. Segundo a lenda, ao correr, sua cauda faz surgir faíscas que sobem ao céu dando origem à aurora boreal.
Desenvolvimento: Infuse Studio
Distribuição: Merge Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, puzzle
Classificação indicativa: Livre
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS4 e Switch
Duração: 6 horas (campanha)
A raposa de fogo e o espírito do norte
Os cenários são diversificados – porém inóspitos e imponentes – e buscam remontar traços da geografia islandesa, passando desde montanhas gélidas a florestas esverdeadas. Iniciamos o jogo controlando uma raposinha vermelha que se depara – na imensidão gelada – com um rastro avermelhado no céu. Ao segui-la topamos, no caminho, com o espírito do norte que após alguns eventos se funde à raposinha, nos concedendo poderes para decifrar o mistério por trás daquela mancha avermelhada no céu.
Apesar da riqueza envolta à lenda finlandesa, não há história ou uma narrativa complexa como pano de fundo. O game, na verdade, não explica nada para que possamos contextualizar – minimamente – os eventos da tela. Ele não apresenta uma linha de diálogo sequer ao longo de todo gameplay. São oito capítulos solitários em meio à uma vastidão natural. Trata-se de um jogo contemplativo, e para nos aprofundarmos na narrativa temos que correr atrás de recursos fora do jogo, como entrevistas dos desenvolvedores, por exemplo.
Resolva puzzles em cenários grandiosos
Mas do que se trata Spirit of the North? É um jogo de aventura em terceira pessoa em que precisamos desvendar puzzles espalhados pelo cenário para que possamos avançar na trama. O jogo conta ainda com uma missão secundária pouco atrativa, em que temos que devolver cajados de monges aos seus corpos sem vida, libertando, com isso, suas almas.
Os quebra-cabeças são resolvidos com poderes diversos adquiridos ao logo da jogatina. A luz do espírito, envolto à raposa, é a responsável por concedê-los. Porém, toda vez que resolvemos um puzzle, essa luz se perde. Então temos que procurar uma flor de cor azulada, para com o latido da raposa, tê-la novamente.
Temos, nesse sentido, dois tipos de gameplay. Sem a luz do espírito do norte, controlamos uma raposa comum que só pode pular, latir, abanar sua cauda e correr. Já com ela, a simpática raposinha pode iluminar cenários, trazer luz à runas esculpidas em pedras e paredes que liberam passagens, se deslocar como uma flecha ou desmaterializar seu corpo para ultrapassar barreiras. Ou seja, a solução dos enigmas no cenário só é possível quando a raposa de fogo e o espírito do norte estão fundidos. Dessa forma, não serão poucas as “idas e vindas” pela imensidão dos cenários atrás das flores azuis que nos permitem restabelecer esses poderes. E aí começam os problemas!
O exagero que estraga
Os controles não são de todo mal, mas apresentam falhas bobas e não respondem, às vezes, como deveriam. E como há elementos de plataforma, isso acaba frustrando um pouco, apesar de não sermos punidos pelos nossos erros. O máximo de “punição” – se é que podemos chamar assim – é a repetição daquele movimento até acertar. E isso cansa!
Como já falei, os cenários são imensos, e não há uma única ferramenta ou mapa – em todo o jogo – que faça que consigamos nos situar. Não contamos nem mesmo com um HUD (interface visual)
Repito: é tudo muito contemplativo. O cenário gigante não possui uma função específica dentro do gameplay. A impressão que tenho é que está ali só por estar. Não foram poucas as vezes que me perdi. E a dinâmica, de ter que procurar um ponto no mapa em que hajam as flores azuis que recarregam os poderes da raposa, são chatas e repetitivas.
Beleza mal polida
O design de arte do jogo é lindo, apresentando tons aquarelados que casam perfeitamente com a proposta do mesmo. Os cenários, igualmente, criam bem a sensação de solidão. Por falar nisso, é bom frisar que não interagimos com nenhum (repito, nenhum) ser vivo durante todo o jogo! Apesar da beleza estética, os gráficos de Spirit of the North apresentam problemas que estragam um pouco essa pegada contemplativa do qual se propõe.
Digo isso porque a versão do Nintendo Switch recebeu um downgrade violento em comparação com as demais versões. Alguns efeitos de sombra e partes do cenário, por exemplo, se formam conforme você anda. Em certa fase tive que aumentar o brilho da minha TV quase em 100% para conseguir enxergar os elementos da tela, resolver o puzzle e passar do capítulo. Outra coisa muito comum são alguns crashes que fazem com que o nosso personagem enfie – literalmente – a cabeça no chão ou em paredes. E, em alguns momentos, apesar da inexistência de vários elementos em tela, há quedas inexplicáveis de framerate. A impressão que fica é que faltou um pouco de cuidado no polimento da versão final do jogo.
As músicas causaram um efeito duplo em mim. As melodias são belíssimas, todas originais e orquestradas. Mas (e nesse jogo, infelizmente, sempre tem um “mas”), são repetitivas ao extremo. Daria no mesmo se você retirasse o som (o que eu fiz, diga-se de passagem) e colocasse um música pra tocar no Spotify. Parece um tipo de playback, entendem? Quando ela acaba começa tudo de novo. Não há interação com a resolução dos puzzle e ela não “cresce” conforme avançamos. É a mesma canção sendo tocada em loop, com início, meio e fim.
Experiência repetitiva
Spirit of the North é um jogo que se perde na tentativa vã de se apresentar maior do que verdadeiramente é. Apesar de tudo, possui uma beleza estética singular em meio à quebra-cabeças interessantes. Porém – sem mencionar a questão do polimento, na versão do Switch – a falta de conteúdo, diante da imensidão dos cenários, torna tudo muito cansativo, fazendo dessa uma experiência repetitiva.
Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming