Muitos jogos no passado arriscaram no estilo adventure. Talvez a empresa que mais se consolidou através deste gênero tenha sido a falecida Lucas Arts, criadora de jogos incríveis como The Dig e Monkey Island. The Lion’s Song resgata parte deste legado de jogos point ‘n click com foco na história. Porém, com algumas limitações.
Desenvolvimento: Mi’pu’mi Games GmbH
Edição: Mi’pu’mi Games GmbH
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Point ‘n Click
Classificação indicativa: 12 anos
Português: Não
Plataformas: Android, iOS e Switch
Duração: 1.5 horas (campanha)/ 17 horas (100%)
Um livro com interações
São 4 histórias ao todo que você pode experienciar em Lion’s Song. Algumas realmente te dão um pouco mais de liberdade para caminhar e explorar o cenário do jogo, conversar com NPC e escolher falas diferentes.
Por outro lado, certas histórias não passam de uma contemplação distante, onde você basicamente observa tudo acontecendo e toma poucas decisões – no máximo transita entre um cenário e outro.
Apesar dessa escolha em alguns episódios, em fazer uma aventura mais estática baseada num enredo, a história é forte o suficiente para prender sua atenção.
Alguns trechos exploram a área da psicologia, enquanto outros escolhem abordar temas mais polêmicos como o preconceito.
The Lion’s Song aborda histórias distintas, mas interligadas de certa forma:
- Ep. 1: Conta sobre a luta de Wilma Doerfl, uma compositora, em criar seu próximo trabalho e o quão isso está sendo difícil para ela.
- Ep. 2: Franz Markert é um jovem artista do fim do século XX, e está desesperadamente tentando conseguir reconhecimento na área.
- Ep. 3: Possivelmente o mais polêmico. Aborda a história de Emma Recniczek, uma jovem matemática, que não é aceita no clube de matemáticos famosos por ser mulher.
- Ep. 4: Uma jornada que conecta todos os outros episódios anteriores, como também os personagens, durante uma viagem de trem.
Tive fortes elogios mentais em relação ao primeiro episódio enquanto jogava. Um dos elementos mais icônicos neste foi a trilha sonora. Como a história tem um foco grande em música, investiram pesado em tornar as faixas algo que acompanha o ritmo e contribui para a imersão do que está sendo contado.
Felizmente o port para Nintendo Switch herdou o suporte à tela de toque de sua versão original para mobile. Bom, pena que isso obviamente só funciona no modo portátil, já que controlar o cursor com os analógicos são um pouco ruim.
Atenção aos detalhes
Fora isso, The Lion’s Song também sabe trabalhar muito bem com os diálogos. Mesmo jogando as cenas completamente sem som é possível sentir o momento através dos textos.
Quando pessoa, riam, por exemplo, os diálogos sacodem pra cima e para baixo. Quando o rapaz embriagado começava a falar, as fontes ficavam balançando de forma confusa. Onomatopeias também surgem em sua tela e vibram simulando sons, entre outros detalhes do gênero.
Em segundo lugar, mas de forma alguma menos importante, os visuais são lindíssimos. Quem gosta do estilo pixel art vai se apaixonar na hora com tamanha beleza representada nas cenas de cada segundo do jogo.
Os poucos tons de cores disponíveis também trazem um charme muito grande para toda a ambientação escolhida, o que me impressiona vindo de um estilo gráfico tão simples e, ao mesmo tempo, capaz de ser profundo.
Linearidade
Apesar de tanta qualidade gráfica e sonora, The Lion’s Song é bastante linear. Até mais do que os jogos padrão do gênero.
Ele tenta em alguns momentos simular um jogo com mais liberdade adicionando um pouco de movimentação, através do clique de forma bem superficial. Porém, tudo não passa de uma breve distração que dura apenas alguns pouquíssimos minutos para o jogador ter uma falsa sensação de liberdade.
Existe uma tentativa de oferecer escolhas para o jogador, até mesmo para que ele revisite a história e tome decisões diferentes. Depois de feitas, as escolhas vão para a Connection Gallery, onde você revisita certas escolhas e as muda de forma bastante interativa. Após o fim de cada episódio, é possível visualizar algumas estatísticas do que você realizou.
Apesar disso, se você estiver atrás de algo mais voltado ao estilo clássico do adventure, este jogo provavellmente não irá lê agradar tanto.
Foco na história
The Lion’s Song é um jogo que teve investimento pesado no enredo e ambientação, mas não tanto em jogabilidade. Portanto, se você for um amante de jogos com uma excelente história, vá sem medo. Por outro lado, se você for alguém que se importa bastante com a forma de jogar, aconselho a buscar títulos que se encaixam melhor no padrão point ‘n click.
Importante: o jogo não disponibiliza o idioma português.
Este review foi feito com uma cópia para Switch cedida pelos produtores
The Lion's Song
Prós
- Arte belíssima
- História bem trabalhada
- Uso inteligente de textos
- Músicas bem elaboradas
- Diálogos relevantes
Contras
- Muito linear
- Liberdade superficial
- Sem português
