Trinity Fusion é um jogo de ação no estilo roguelite e metroidvania criado pela Angry Mob Games, um estúdio independente composto por apenas quatro desenvolvedores. Chegando à sua versão de lançamento após um tempo de acesso antecipado, o título não é exatamente uma experiência inovadora, mas cumpre boa parte do que se propõe a fazer de forma satisfatória e funcional.
Desenvolvimento: Angry Mob Games
Distribuição: Angry Mob Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação
Classificação: 12 anos
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S
Duração: 3 horas (campanha)/11 horas (100%)
Deu ruim no multiverso
A campanha de Trinity Fusion é situada em um multiverso unido por uma central que perdeu o controle desses mundos. O objetivo é evitar um colapso geral e controlar os impactos desse caos, fundindo todos os universos em uma região. A única pessoa capaz de executar essa missão é Maya, que tem uma conexão especial com três réplicas dela que vivem em três mundos diferentes. Partindo disso, Kera, Naira e Altara embarcam em uma jornada para combater as ameaças em seus respectivos planetas.
Cada réplica tem suas capacidades e jogabilidades individuais, úteis para biomas que somente elas podem acessar. Porém, é possível combinar as habilidades das heroínas para tentar sobreviver com mais sagacidade. Afinal, como esse jogo é um roguelite, morrer e reviver constantemente é parte integral da jogatina, existindo sempre um progresso entre novas rodadas.
Ação e tática
Com visão em 2D, a gameplay de Trinity Fusion é centrada em uma combinação de mecânicas de hack ‘n’ slash com uma movimentação típica de plataforma, como o pulo duplo e esquivas. A jogabilidade é competente e funciona bem tanto no mouse e teclado quanto no controle, propiciando uma jogatina responsiva para todos os dispositivos de entrada.
O combate é dividido em armas corpo a corpo e de longo alcance. A munição desse segundo tipo de armamento é condicionada ao uso da espada equipada pela protagonista da vez. Isso força o jogador a utilizar tudo que possui em mãos a todo momento, impedindo que as batalhas sejam repetitivas. Os inimigos e chefes possuem ataques com vários indicadores visuais, o que simplifica a passagem pelas fases do game.
Combinando personalidades
No decorrer dos níveis, é possível liberar melhorias e maldições que podem ser recebidas pela protagonista, uma característica marcante de todo roguelike. Entretanto, o grande diferencial de Trinity Fusion está escondido nas fases: o sistema de fusão. Por meio dele, dá para expandir os golpes de uma personagem ao misturar as habilidades dela com as capacidades de outra. Esse é um ótimo sistema de builds, permitindo que cada função seja associada a um botão específico do joystick e tornando o título em uma experiência mais técnica e arcade.
Contudo, existem dois problemas nessa funcionalidade: o sistema de energia é insuficiente para a utilização dos golpes adicionais em uma cadência normal, além do fato da função só poder ser liberada em seções aleatórias dos mapas. Essa mecânica deveria ser fixa, disponível em toda a campanha.
Desafio moldável
É necessário explorar todos os cantos do mapa para conseguir itens que permitam a sobrevivência da protagonista e o desbloqueio de novos equipamentos. Passear pelos níveis é tranquilo devido à constante presença de totens de teletransporte, que facilitam o deslocamento entre os mapas, que são gerados proceduralmente. Isso é uma faca de dois gumes, pois a mecânica leva um dinamismo para o jogo ao mesmo tempo em que impede que cada fase seja decorada, o que reduziria o número de tentativas.
As opções de dificuldades são ótimas, com diversos modos que atendem pessoas em busca de experiências tranquilas ou desafiadoras. Há uma função que amplia a resistência ao dano a cada morte, facilitando a gameplay conforme o progresso do jogador. A personagem também se fortalece na medida em que desfere danos nos adversários, e há um sistema de economia que permite a liberação de melhorias nas habilidades da protagonista desde o início de cada tentativa.
Visuais genéricos
O estilo visual adotado é um pouco genérico, visto que ele possui as mesmas inspirações de quase todas as obras de cyberpunk, tendo até uma trilha sonora repleta de faixas de synthwave. Não é uma direção artística ruim, só que ela não diferencia o jogo em relação a outros nomes desse gênero. A performance é agradável e os gráficos são nítidos, mas algumas telas de carregamento se estendem em demasia por conta do processo de geração das próprias fases.
No entanto, existem falhas na apresentação, principalmente na localização brasileira, que, além de ser incompleta e não ter legendas em todos os diálogos, ainda tem textos que se sobrepõem entre si. A dublagem traz uma boa interpretação dos personagens, mas é marcada por uma baixa qualidade de áudio. Esses não são grandes problemas, mas indicam aspectos nos quais os produtores poderiam ter prestado mais atenção durante o período de acesso antecipado.
Um jogo competente
Mesmo sem inovar, Trinity Fusion oferece uma mistura coesa de elementos diferentes, que quando combinados resultam em um título divertidíssimo. Embora imperfeita, essa versão de lançamento é excelente e uma ótima opção para os fãs de jogos no estilo dos roguelites e metroidvanias.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong