Podemos dizer que o gênero Roguelike tem se tornado uma das modas do momento, e que já beira a saturação no mundo dos jogos independentes. Nestes últimos tempos tropeçamos em ótimos títulos desse gênero como Dead Cells e até mesmo o premiado Hades – um dos novos queridinhos do mundo gamer -, mas, é bom lembrar que esse tipo de game por conta das suas mecânicas e dificuldade elevada não é para todos. Mesmo assim, existem muitos fãs desse tipo de jogos por aí, que estão sedentos por um bom game que se encaixe no perfil, e aqui temos UnderMine, um Roguelike que tenta se sair acima da média dentro desse gênero já inchado.
Desenvolvimento: Thorium Entertainment
Distribuição: Thorium Entertainment
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura, RPG
Classificação:10 anos
Português: Legendas e interface
Plataforma: Xbox One, PC e Switch
Duração: 19 horas (campanha)/46 horas (100%)
Indo profundo nas minas encantadas
O título da modesta desenvolvedora Thorium, UnderMine, luta bastante para se diferenciar de outros jogos do seu gênero, e o faz de um jeito interessante. Vamos para um reino que está sendo devastado por terremotos gigantes que aparentemente estão sendo causados por algum tipo de mágica, feita dentro das mais profundas minas daquele país. E para resolver aquele problema o monarca, em vez de enviar uma equipe de cavaleiros da elite até as minas e acabar logo com o tal percalço, decide enviar simples camponeses despreparados do reino. Os camponeses vão um a um adentrando naqueles calabouços perigosos e enfrentando inúmeros desafios, enquanto o monarca espera que em algum momento qualquer um daqueles campesinos consiga acabar com o problema nas minas.
No jogo não temos um personagem fixo, como no enredo o rei envia vários camponeses do reino até as minas e, a cada morte, você toma o papel de um cidadão novo em busca de terminar aquela tarefa pelo seu reino. A cada run que tentamos ir fundo nas minas e morremos, perdemos quase tudo em ouro e também todas as skills que conseguimos durante as empreitadas nas cavernas. O que fica então são os objetos que podemos adquirir com o ouro e pedras preciosas. Comprar e fazer melhorias nesses objetos nos ajuda bastante na quest, e cada objeto (assim como as habilidades) tem sua função para facilitar a chegada do jogador no objetivo final. Como são feitos pelo ferreiro Wayland, eles estão lá ao dispor dos camponeses que são lançados nas cavernas.
Somos jogados em dungeons bonitas e muito bem elaboradas, que parecem ter saído dos ótimos jogos da época do Super Nintendo como The Legend of Zelda: A Link to the Past, ou até outros com gráficos ainda mais como os games 2D mais vistosos da geração 32 bits.
Como é comum no gênero, as dungeons são geradas de forma aleatória, e a cada ida nessas minas-calabouços jogamos com personagens também aleatórios, porém certas coisas nunca mudam. Para batalhar com os monstros e outros seres tenebrosos das minas, utilizamos uma picareta – que podemos arremessar como um bumerangue -, e dentro de cada novo andar nas minas achamos relíquias que nos dão habilidades chamadas especiais e deixam tudo mais legal durante a jogatina.Nenhuma dessas relíquias nos dá uma especialidade absurdamente super poderosa, porém as habilidades vem de uma forma muito interessante e ajudam bastante durante cada tentativa de chegar ao objetivo final.
Junto do sistema de relíquias temos também os Familiars, um mecanismo que nos dá um companheiro para nos auxiliar nos calabouços. Temos pouco menos que uma dúzia desses bichinhos, e cada um desses tem talentos especiais diferentes (alguns também têm desvantagens, o que equilibra e desafia ainda mais o player). As relíquias, junto dos Familiars e as chances de fazer upgrades nos equipamentos nos dão uma boa variedade para enfrentar as criaturas enquanto descemos nas profundezas das minas.
Uma pedra preciosa muito vistosa
UnderMine é extremamente agradável aos olhos, tem animações fluidas de personagens e inimigos. Cada ambiente tem uma paleta de cores diferente, dando assim aos locais do indie uma identidade bela e cativante. A arte que tenta emular a atmosfera das eras de 16 e 32 bits faz isso de forma magistral.
Durante a minha jogatina não tive problemas técnicos, nenhum defeito de performance ou controles que não eram responsivos. Brevemente falando, foi tudo muito leve e sem problemas. O jogo com seus sistemas de skills como as features de maldição ou habilidades equilibra tudo muito bem, seduzindo o jogador a ir cada vez mais abaixo nas minas daquele reino ameaçado. Juntando isso com a polidez do game temos uma ótima jornada (ou jornadas, pois estamos falando de um Roguelike, em que certamente queremos jogar várias e várias vezes de maneira diferente).
Muito perto do ouro
UnderMine beira a perfeição em aspectos técnicos, talvez tivéssemos uma nova grande obra dos jogos eletrônicos se tivéssemos algumas boas ideias a mais, porém isso não tira o brilho do ouro que é UnderMine. Numa floresta de títulos do mesmo estilo que não passam da mediocridade, o indie consegue nos proporcionar uma experiência nova, cheia de mecânicas boas e ideias que deixam a gameplay muito bacana e que pode até viciar.
Não, UnderMine não reinventa a roda, mas é incrivelmente bem feito dentro da sua proposta, sendo uma obra apaixonante que pode agradar com toda certeza tanto os fãs mais ávidos de Roguelikes quanto jogadores que não gostam do gênero.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong