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Review Yaga (Switch) – Um RPG com vários tropeços

Com base no folclore eslavo, Yaga é um deslumbre artístico sobre a história de Ivan, um ferreiro azarado protagonista de um jogo que poderia ter superado minhas expectativas, porém foi um tapa na cara. O jogo foi desenvolvido pela Breadcrumbs Interactive e publicado pela Versus Evil.

Ano: 2019
Jogadores: 1
Gênero: Ação, RPG, Aventura
Classificação indicativa:
12 anos
Português: Somente legendas (algumas plataformas)
Plataformas: Xbox One, PS4 e Switch
Duração: 8 horas (campanha)/ 9 horas (100%)

Esse cara não quer te ver nem pintado de ouro

Uma história curiosa com bizarrices técnicas

Ivan é um rapaz que está à procura de um ferro para cumprir um pedido de sua avó e acaba dormindo na floresta. Ao acordar, o pobre homem acaba por ter o braço destruído com uma faca por uma bruxa chamada Likho que queria o devorar. Ele acaba salvo pela bruxa de nome Baba Yaga, a qual amaldiçoa o imperador (“czar”) dali e o obriga a se livrar de Ivan, porém sem o matar. Com isso em mente, ele envia o ferreiro para várias missões praticamente impossíveis de serem cumpridas, com a intenção de vê-lo completamente longe.

Um mundo cheio de vazios

O jogo é recheado de cenários, interface e personagens de uma arte lindíssima que parecem ter sido feitas para um livro de contos, mas com animações que às vezes deixam a desejar com personagens tendo seus membros girando ao redor de um mesmo eixo dando até um 360º – o que lembra animações no extinto Flash utilizando cada parte do corpo como um objeto individual. A trilha sonora em geral é agradável e faz um ótimo trabalho durante as caminhadas do jogo dando um senso de jornada numa época histórica – principalmente as músicas com vocais -, porém nas batalhas e em alguns locais específicos o estilo muda totalmente para uma espécie de eletrônico com batidas de hip-hop (sério), tirando completamente sua imersão enquanto te faz pensar que está ouvindo uma playlist aleatória do Spotify. Isso me lembra de Prince of Persia: The Warrior Within para PS2, quando você percebe que resolveram colocar um rock pesado num jogo de temática histórica persa. Mas, olha, o trabalho de dublagem e os textos do jogo foram feitos com bastante empenho e deles não tenho do que reclamar, são praticamente impecáveis.

Como sempre, preso e obrigado a massacrar hordas

Vá em busca de… escolhas

Yaga se autodenomina um RPG de ação – melhor tipo de RPG, na minha opinião -, no qual você realmente pode coletar diferentes itens consumíveis, armas, equipamentos para sua defesa e por aí vai. É possível realizar as missões principais e adquirir novas missões secundárias com personagens dos locais por onde Ivan passa, como todo RPG básico faria.

Tudo parece muito divertido na teoria, mas o ponto onde o jogo simplesmente desabada é em sua repetição ao te fazer passar por locais extremamente parecidos estruturalmente e cheio de hordas de inimigos que parecem estar ali somente pra fazer volume e atrasar seu lado. Isso acontece com uma mecânica de batalha cansativa e repetitiva, te prendendo no local onde você está para impedir sua fuga até derrotar todos os monstros/seres da área – como os primeiros God of War. A exploração dos lugares é muito ruim, dando a impressão de que você está passando por locais vazios, genéricos e com pouca vida. E, quando você menos espera, lá estão mais inimigos e uma passagem bloqueada.

Aqui é onde escolho qualquer coisa, já que a ação do RPG não funciona

O jogo faz a tentativa de se diferenciar através do elemento de escolha, te dando várias opções em conversas e, dependendo de qual você escolher, será determinado se você é egoísta, tolo, agressivo, ou justo. Quando Ivan sobe de nível, aparece a escolhe de uma nova habilidade para se aprender, a qual também influencia diretamente no personagem. Também é levado em consideração algumas de suas ações ao longo do jogo para definir sua personalidade. Ao todo são cinco finais diferentes que acontecem de acordo com seus traços desenvolvidos com o passar da trama. Mas, ei, eu não disse que era um RPG de ação? Pois é, acho que focaram tanto nesta mecânica que acabaram investindo menos na diversão em combates e exploração, daí tudo acabou ficando “meia-boca”.

Existem escolhas até na questão de horário do dia para se aventurar em certas missões, e isso influenciará nas características daquele cenário (menos inimigos, monstros que dão menos dano, etc). Divertido, porém colocaram mais uma vez escolhas acima de uma boa jogabilidade.

Nesse momento que rola um macete

Lide com seu azar

Trazendo o contexto à história, existe uma mecânica que envolve o nível de azar com o qual Ivan se encontra. Vários itens depois de usados acabam por aumentar sua barra de azar. Se você deixar esta barra subir muito, a bruxa Likho te encontrará e te matará, fazendo com que você perca todo o seu equipamento – TODO mesmo. Porém, existe uma forma de burlar este procedimento – intencional, talvez? – , evitando que você perca tudo que acumulou (mas não vou contar como se faz).

Equipamentos legais, mas uma batalha desanimadora

Um jogo mal explorado

Yaga tem uma história bem interessante voltada para uma cultura bem pouco conhecida e explorada nos jogos, mas o que compromete o jogo são os elementos de RPG de ação que não funcionam bem. Parece que tudo foi inserido dentro da jogabilidade posteriormente apenas para justificar um jogo de escolhas, cujo gênero talvez fosse o foco principal. Se estiver à procura de um bom action RPG, desconsidere Yaga como compra. Já, se você busca um jogo de escolhas, talvez o folclore eslavo seja uma boa pedida. Ou quem sabe um dos jogos da Telltale e afins?

Este review foi feito usando uma cópia para Switch cedida com carinho pela Plan of Attack

Yaga

4

Nota final

4.0/10

Prós

  • Gráficos
  • Sistema de escolhas
  • Dublagem
  • Diálogos

Contras

  • Cenários vazios durante as missões
  • Batalhas maçantes
  • Action RPG fraco
  • Hip-hop incoerente
  • Loadings demorados