Blightbound Capa

Review Blightbound (PS4) – Charme visual e muita repetição na jogabilidade

Blightbound é um jogo hack ‘n’ slash e dungeon crawler com foco em jogabilidade cooperativa. O visual charmoso, porém, acaba por sua maior qualidade, pois ele peca pela repetitividade extrema como exigência para que haja sensação de evolução.

Desenvolvimento: Ronimo Games
Distribuição: Devolver Digital
Jogadores: 1 a 3 (local) / 1 a 3 (online)
Gênero: Ação, Aventura, RPG
Classificação: Para maiores de 12 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PS4, Xbox One, PC
Duração: Não determinada

A busca por heróis em meio à Praga

Salvando sobreviventes na fase

Após um gigante destruir o Sol, o mundo foi tomado por uma névoa sinistra e a morte chegou para o mundo dos homens. Criaturas nefastas tomaram as terras para si, e cabe aos sobreviventes refugiados em poucos locais seguros buscarem por outros sobreviventes, para então unir forças e derrotar a Praga e suas hostes putrefatas.

A trama ficou, ao menos para mim, completamente em segundo plano. Cada Herói que o jogador desbloqueia conta com histórias pessoais para serem liberadas e ouvidas, mas, para isso, é preciso jogar a fase indicada pelo ponto de exclamação amarelo na seleção de fases. São cinco capítulos por personagem mais a conclusão de sua história. E aqui já existe é o primeiro sinal de repetição do título: repetir as mesmas fases e objetivos para avançar as histórias de cada um.

Combatendo a Praga e recrutando Heróis

Explorando com aliados

Blightbound oferece nove fases em três diferentes regiões para serem exploradas. Nessas fases, ou dungeons, é possível derrotar monstros, coletar materiais de criação, dinheiro e equipamentos para melhorar a força dos heróis que o jogador possui.

O refúgio, que funciona como área segura para descanso e configuração de personagens, pode ser melhorado de acordo com o nível de cada herói, sobreviventes resgatados nas fases e especialistas recrutados, como o Mestre de Quartel, o Mercador e a Ferreira. Elevar o nível do assentamento desbloqueia bônus passivos para ajudar na aventura e melhorar as oportunidades para personagens, com pontos extras para melhorias de características e novas receitas de criação na Ferreira.

O jogo conta com três classes de personagens: Magos, Assassinos e Guerreiros. A classe dos Magos é voltada para cura e ataques e proteção à distância; os Assassinos são fracos na defesa, mas possuem habilidades de esquiva refinadas e a chance de causar dano acentuado quando atacando por trás; já a classe de Guerreiros é voltada para ataque e defesa sólida, com habilidades que chamam a atenção dos inimigos e os trazem para perto, dando novas oportunidades de ataques para os aliados.

É possível recrutar novos Heróis ao encontrá-los e resgatá-los dentro das fases e concluí-las com sucesso. Ocasionalmente, novos bonecos são encontrados no Mercador e podem ser recrutados diretamente com dinheiro.

Cada personagem recrutado possui habilidades únicas para combate. Essas habilidades variam de herói para herói mesmo dentro da mesma classe à qual pertencem. Entretanto, o foco e estratégia de cada classe permanece inalterado. É possível ter dois magos, por exemplo, cujas habilidades de projetar magias defensivas se diferenciam entre projetar um globo de imunidade imóvel no chão ou uma bolha protetora que encobre o aliado e se move junto dele.

Magia de proteção em um aliado

A diferença entre os focos das classes gera oportunidades interessantes durante os combates contra a Praga. Os papéis são muito bem definidos e é preciso jogar em equipe para concluir as fases, obter recompensas e evoluir os Heróis.

A variedade de monstros é apenas satisfatória, mas os chefes merecem grande destaque tanto por conta de seus designs visuais únicos quanto pelo desafio que oferecem. Blightbound não é fácil e exige atenção constante para sobreviver aos encontros com os chefes.

Embora os combates sejam legais, é preciso dizer que, pessoalmente, a confusão gerada por três personagens atacando ao mesmo tempo um grupo de inimigos embolados foi mais incômoda do que satisfatória. Muitas vezes eu perdia meu personagem e seus ataques de vista. Sabia que estava causando dano pela vibração do meu controle, e só. Não é algo que acontece em todas as batalhas, mas acontece com certa frequência e pode incomodar.

Repetir, repetir, repetir…

Todo o sistema de progresso de Blightbound está intrinsecamente ligado à conclusão de suas dungeons repetidas vezes. Subir o nível geral de cada herói, buscar por armas e acessórios de melhor qualidade para aumentar o nível de proficiência dos personagens, coletar materiais para criar itens na Ferreira; tudo isso é feito pela conclusão das dungeons. Mas, como mencionado acima, são apenas nove fases.

O grande problema deste sistema de progressão adotado por Blightbound fica por conta de que suas dungeons não são geradas randomicamente. Seus layouts e chefes são sempre os mesmos. Chega um momento que o jogador basicamente já sabe o que o espera, e não há equipamentos de nível alto ou novos heróis que tire a sensação de repetição que isso trás.

As fases possuem dificuldade chamada de Nível de Praga, que é calculado de acordo com o Nível de Proficiência dos Heróis no grupo. Ele é aumentado de acordo com a qualidade dos itens equipados pelo personagem, pelo seu nível geral e atributos melhorados e por número de dungeons concluídas (a cada três, o personagem ganha um nível de proficiência).

Chame dois amigos ou sofra as consequências

Luta contra chefe de fase

A inteligência artificial é uma piada. Os aliados controlados pelo computador são úteis contra inimigos comuns e só. Em lutas contra chefes, eles atacam sem nenhum tipo de pudor, nem mesmo desviando de ataques de área dos chefes que, em tese, são para ser evitados ao recuar da área de efeito dos ataques.

Na resolução de quebra-cabeças, então, os bots têm o costume de dar raiva em quem joga. Se não ficam presos no cenário por não conseguirem corrigir o curso de sua movimentação, acabam focados em atacar incessantemente as ondas infinitas de inimigos. Há um “quebra-cabeça” que, para cessar reaparecimento de inimigos e abrir o portão para progredir, é preciso que os botões no chão sejam pressionados ao mesmo tempo pelos três heróis ao mesmo tempo. Os dois bots ajudantes insistem em apenas atacar os inimigos que não param de surgir.

Sabendo que a inteligência artificial é assim, parece que Blightbound colocou a opção de jogar com auxílio de bots apenas por obrigação. É como se o jogo fosse sido pensado SOMENTE para ser jogado por três jogadores humanos, afinal, mesmo com apenas um bot no grupo, ainda é possível passar raiva, especialmente nos momentos que exigem cooperação para progredir.

Beleza definitivamente não põe mesa

Blightbound conta com um belo visual, que mistura personagens em 2D feitos à mão em um estilo artístico de encher os olhos com cenários em 3D detalhados e atmosféricos. Tanto o visual dos personagens quanto de suas armas e habilidades são muito lindos.

Entretanto, como diz o ditado, “beleza não se põe à mesa”, e toda repetitividade de Blightbound é perpetuada por dungeons com designs fixos, que prejudica o progresso do jogador ao oferecer um sistema atrelado a essa repetição incessante de concluir as mesmas fases, com os mesmos objetivos e chefes. De novo, de novo e de novo.

Cópia de PS4 cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Blightbound

7

nota final

7.0/10

Prós

  • Sistema de classes funciona na prática
  • Os combates são agradáveis
  • Em modo cooperativo, é um bom passatempo
  • Estilo visual aprazível
  • Design e batalhas contra chefes

Contras

  • Sistema de progressão atrelado a repetição incessante das fases
  • Poucas fases, que não contam com layouts aleatórios
  • Repetitivo ao extremo