Alan Wake Remastered capa

Review Alan Wake Remastered (Xbox Series S) – Retorno ao medo

Sem dúvidas, um dos meus jogos preferidos que me fez utilizar várias horas de minha vida foi Alan Wake. O exclusivo de Xbox 360, na época, era um dos maiores orgulhos para donos do console, principalmente se tratando dos fãs de produtos voltados para o terror, assim como eu.

Em um regresso completamente inesperado, Alan Wake foi anunciado em uma versão remasterizada que chegaria, desta vez, para todas as plataformas atuais (Switch ainda a confirmar), dando chance a todos, que não tiverem essa chance, de conhecer essa belíssima obra da Remedy – posteriormente, desenvolvedora de Quantum Break e o incrível Control.

Desenvolvimento: Remedy Entertainment
Distribuição: Epic Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura, Tiro
Classificação: 14 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: Xbox One, Xbox Series X/S, PS4, PS5, PC
Duração: 11 horas (campanha)/26 horas (100%)

Quem conta um conto… é atacado por ele

Alan em alta definição
Alan em alta definição

Alan Wake Remastered traz de volta aos holofotes a história do escritor de contos de terror Alan Wake, que queria apenas passar umas férias com sua esposa em uma casa no lago, para espairecer um pouco as ideias e, depois, voltar a pensar em trabalho. Porém, nem tudo sai como planejado, e Wake acaba entrando em uma situação bastante macabra e inesperada, mesclando a realidade com a ficção.

Como o próprio diretor menciona em comentários nesta versão remasterizada – que conta com comentários falados -, Alan Wake tentou embarcar na onda da época das séries em DVD, as quais possuíam episódios agrupados por temporadas. Então, por isso o game é contado de forma episódica, o que invariavelmente faz uma ligação com a profissão do protagonista: escritor.

Fugindo das sombras

O enredo começa com Alan tendo um estranho pesadelo, em que está dirigindo seu carro em uma estrada bastante escura no período noturno, até que, de repente, atropela um rapaz. Descendo para prestar socorro, ele percebe que, na verdade, a figura é feita de sombra, e acaba tentando atacar Wake. Felizmente, Alan acorda (trocadilho não proposital) ao lado de sua esposa num transporte aquático para veículos, e atende seu pedido de posar para a foto em frente ao pedaço de terra que se aproxima da balsa, após um telefone recebido de seu amigo que iria recebê-lo na cidade.

Tudo parece muito tranquilo, mesmo com uma aparição estranha em uma cafeteria local, até que Alice e Alan chegam à casa do lago na qual vieram para ficar. Quando Alice tenta fazer uma infeliz surpresa para Alan, mostrando que trouxe a máquina de escrever para que ele utilizasse a ambientação à sua volta para obter inspiração e continuar escrevendo, o escritor sai furioso da casa. Porém, Alan então ouve um grito desesperado por socorro de sua esposa, até que volta correndo ao chalé para ajudá-la. Chegando lá, ele nota que Alice foi jogada no lago por alguma “coisa”, e pula atrás dela para salvar sua vida.

Cuidado para não cair
Cuidado para não cair

Como nem tudo é o que parece, Alan acorda no meio da floresta já de noite, com seu carro batido e quase caindo da beira de um precipício. Aí, então, a missão do protagonista passa a ser encontrar Alice e descobrir o que está havendo.

Umas das coisas mais legais na narrativa é ver como ela se desenvolve. Alan Wake possui manuscritos espalhados por todo o canto, os quais simbolizam os acontecimentos que acabaram de ocorrer ou que estão prestes a surgir em sua frente. Com isso, fica parecendo cada vez mais que estamos em um conto de terror, sob o qual não temos controle ou ação alguma, restando a opção de vivenciá-lo. Esse fator casa completamente com a história, uma vez que ela gira em torno do autor e seus trabalhos ganhando vida. 

Também é interessante as TVs existentes em alguns locais, as quais transmitem uma série bizarra chamada Night Falls que, agora, vários anos depois, com entendimento do inglês, pude aproveitar bem mais sobre o que ela apresenta, através de seus episódios bem malucos envolvendo realidades paralelas e afins.

Enfraqueça as sombras, então ataque

Alan Wake, apesar de ser um jogo de terror (que, felizmente, não assusta), tem bastante foco na ação, e diria que isso é um dos elementos mais divertidos da experiência toda. Alan consegue armas durante toda sua jornada, sendo elas de diferentes calibres e munições, possuindo até mesmo uma pistola sinalizadora que economiza bastante tempo e esforço.

Logo no começo, depois dos tutoriais iniciais, Alan recebe uma lanterna que o acompanha por todo canto, a qual será utilizada contra todo tipo de ameaça pelo caminho. A luz é a principal fraqueza dos inimigos feitos de escuridão, a qual é uma estranha entidade que corrompe as pessoas e as torna completamente em outra coisa que não um ser humano. Por isso, se faz necessário mirar a lanterna nos seres escuros para que eles apresentem uma animação que simboliza vulnerabilidade. Apesar disso, eles continuam corrompidos pela escuridão, mas agora passíveis de receberem tiros comuns.

Utilize acessórios a seu favor

Outra forma de atingir esses seres com luz é através da já citada pistola sinalizadora, a qual elimina todos os inimigos em um raio de distância bastante grande, nos salvando de ter que usar nossas balas. Outra possibilidade é utilizar Flares, que são sinalizadores de mão que podem ser erguidos e usados como uma tocha, afastando inimigos próximos enquanto os enfraquece com a luz.

Fora isso, temos as armas de maior calibre como o rifle de caça e a escopeta de mão, que destroem qualquer um em seu caminho com poucos tiros. Essas últimas são bastante úteis em inimigos grandes, já que estes são bem mais resistentes à tiros.

Puzzles simples

A lanterna também pode ser aprimorada mais à frente, ao encontrarmos uma versão bem maior dela. A luz também pode ser usada para revelar pistas e indicativos de locais que contêm itens, através de imagens fluorescentes que só aparecem ao apontarmos a lanterna neles.

Além da jogabilidade de tiro e ação, temos alguns puzzles relativamente simples, que se resumem em encontrar itens para utilizar em outros locais. Há também algumas mecânicas como dirigir um carro ou controlar um guindaste, as quais não são tão predominantes assim na jogatina. Porém, diria que são aplicadas na dose certa, nem muito ou pouco.

Remasterização razoável

Personagens tiveram rostos remodelados
Personagens tiveram rostos remodelados

Alan Wake Remastered pegou todos de surpresa quando foi anunciado, e provavelmente todo fã da série ficou bastante feliz ao saber que o primeiro jogo seria trazido para as gerações atuais, além de todo seu conteúdo adicional já incluso. A versão atualizada conta com uma resolução bem melhor, levando em consideração que o game original rodava em sofridos quase 720p no Xbox 360, enquanto a Remastered apresenta verdadeiros 1080p e 60 fps constantes em performance. Com isso, é facilmente de se notar que tudo ficou bem mais nítido e fluído, ainda mais o ato de mirar nos inimigos.

Rostos dos personagens e texturas também tiveram um trabalho em cima, mas nada tão gritante que faça uma diferença absurda. Diria que a maior diferença entre o jogo de 360 e a versão atual é a nitidez e a fluidez, passando a sensação de que agora colocamos óculos para a miopia que nos impedia de enxergar tudo perfeitamente antes, além de facilidade em mexer a câmera e a mira.

Fora isso, há comentários do diretor finlandes Sam Lake, porém, a maioria de suas falas são colocadas em momentos quando há diálogos entre os personagens e Wake comentando sobre algum pensamento que teve, o que atrapalha bastante e distrai em relação ao que está acontecendo em tela. Sam Lake também possui um sotaque um tanto quanto carregado, e não há nenhuma opção de legendas disponíveis para ele. Isso sem mencionar a quantidade de vezes que o diretor trava para falar o inglês e apresenta vícios absurdos de linguagem, demonstrando que os comentários precisavam ter passado por um processo de decupagem/edição.

Um salto em termos de nitidez

O conteúdo extra traz dois DLC do título original: The Signal e The Writer. Ambos podem ser acessados facilmente através do menu principal, sem necessidade qualquer de avançar no enredo original para poder experienciá-los. The Signal envolve Wake em um acontecimento sobrenatural que se passa na cafeteria do primeiro episódio, além de que revisitamos alguns dos cenários do jogo em si. Já The Writer mostra Alan indo ao doutor Hartman que, de repente, muda para a figura de seu amigo Barry, o qual precisa ser resgatado.

Por fim, propagandas de algumas marcas parceiras do produto original foram removidas, e agora temos apenas a série Night Falls nas TVs localizadas por todo o jogo. Isso é bom, já que não fazia muito mais sentido ter uma versão atualizada do game com conteúdo patrocinado, considerando que o produto não é gratuito e já se pagou.

Revivendo a história uma segunda vez

Alan Wake é um dos melhores jogos que já joguei em toda a minha vida. Certamente muitos terão um gosto amargo na boca depois de algumas horas, já que o level design não costuma variar tanto e os cenários são, em sua maioria, bastante parecidos e infestados de árvores e caminhos em meio à floresta. Porém, a excelente história e a forma como a narrativa é desenvolvida é excelente, o que fica ainda melhor com os comentários do diretor – apesar de que ativá-los quebra um pouco a imersão. Um único detalhe é que Sam Lake poderia ter tido suas falas posicionadas em trechos de mais silêncio, já que na maioria das vezes elas sobrepõem o que está sendo dito pelo personagem.

Em termos de mudanças, não existe nada muito gritante se compararmos ao Alan Wake original de 360. Resolução, texturas e framerate estão, sem dúvidas, bem melhores, ainda mais porque agora realmente conseguimos enxergar tudo com perfeição à nossa frente. Apesar de Alan Wake por si só já ser um jogo espetacular, não faria mal se em alguma atualização futura recebêssemos o spin-off American Nightmare também, já que ambos possuem uma forte ligação entre si, sem falar que isso faz bastante sentido para que os donos dos consoles da concorrência possam conhecer essa grande obra da Remedy.

Cópia de Xbox Series X/S cedida pelos produtores

Alan Wake Remastered

9

Nota final

9.0/10

Prós

  • Resolução estável
  • 60 fps constantes
  • Nitidez absurda comparado ao original
  • Ambos os DLC vem no pacote
  • Jogabilidade espetacular

Contras

  • Comentários do diretor completamente mal colocados
  • Sem legendas para Sam Lake
  • Poderia incluir o spin off American Nightmare
  • Level design um pouco repetitivo