A série Trails da franquia The Legend of Heroes é incrivelmente gigantesca e está ainda longe de encerrar seu arco histórico, ao mesmo tempo que é muito bem aclamada de acordo com todos os fãs que a acompanham. Sabendo disso, a desenvolvedora Nihon Falcom gostaria que as histórias mais antigas pudessem ser acompanhadas pelo público mais novo, lançando versões de PS4 em 2020 de Trails from Zero e Trails to Azure no Japão, originalmente de PSP. Agora, a versão americana finalmente está disponível para contar a saga de Crossbell.
Desenvolvimento: Nihon Falcom
Distribuição: NIS America
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG
Classificação: 14 anos
Português: Não
Plataformas: PS4, Switch, PC
Duração: 41 horas (campanha)/77 horas (100%)
Uma equipe especial
A história de Trails from Zero, considerando toda a saga Trails, se passa após os acontecimentos em Trails in the Sky 3rd e é considerada o início do arco histórico de Crossbell, uma província que possui governo próprio e faz fronteira entre o império de Erebonia e a república de Calvard, que possuem tensões políticas grandes entre si.
No enredo, o jovem Lloyd Bannings é um policial e detetive recém-formado que foi chamado para trabalhar no departamento de polícia da cidade de Crossbell, seguindo os passos de seu irmão falecido Guy Bannings. Ao chegar em sua terra-natal no primeiro dia de trabalho, ele descobre que foi contratado para liderar uma equipe totalmente nova em que nenhum de seus integrantes – nem mesmo os funcionários da polícia – estavam cientes: o Special Support Section. O objetivo é ser uma segunda alternativa ao Bracer Guild, uma ONG criada para proteger os civis, já que a polícia possuía uma má reputação para isso.
Junto de Lloyd, Elle McDowell, Randy Orlando e Tio Plato são os outros integrantes, com especialidades, personalidades e origens totalmente diferentes entre si, mas que se uniram para fazer a diferença na vida das pessoas. Conforme o time consegue experiência nos casos trabalhados, mais se descobre sobre os problemas que Crossbell possui, explicando a situação atual da polícia e os problemas que acontecem na cidade.
Diferente de Trails of Cold Steel, Trails from Zero possui uma narrativa bem mais amigável e menos densa, mas não significa que seja ruim por conta disso. Ela possui um caráter mais investigativo por conta da competência de Lloyd como policial detetive. Em diversos momentos, os quatro irão buscar pistas e evidências em seus casos, realizando no final uma reunião em que discutem a ligação de tudo para que encontre uma solução para o problema, lembrando jogos como Phoenix Wright e Ghost Trick.
Mecânicas bem familiares
Como um remaster da versão de PSP, Trails From Zero refina as mecânicas que já existiam nos jogos anteriores, mas se mantém no mesmo modelo praticamente. As batalhas são por turnos em uma área 2.5D que podem possuir (ou não) um efeito passivo naquele turno, como zero custo de EP ao usar Arts, que são as “magias” do jogo.
Em todo turno que um personagem toma ou causa dano, ele enche o seu CP (Craft Points), que permite utilizar habilidades sem tempo de conjuração chamadas de Craft, permitindo causar danos em área ou até mesmo curar. Caso chegue aos 100 pontos, uma habilidade suprema (S-Craft) está disponível para qualquer personagem, que posteriormente também permite combinar com outro companheiro que possua CP suficiente para utilizar juntos. Os S-Crafts também podem ser usados fora do turno daquele integrante e recebe um bônus de dano caso seja usado com o valor máximo de CP permitido, que é 200.
Cada membro da sua equipe recebe um dispositivo de comunicação que lhe permite alocar pedras denominadas Quartz. Elas possuem uma cor específica de acordo com seu efeito e, ao equipá-las, fornecem habilidades e atributos extras ao personagem, permitindo assim que o jogador monte seu time com a combinação de Quartz que achar melhor. Você pode criar novos Quartz ou liberar novos espaços em seu dispositivo utilizando fragmentos coloridos chamados de Sepith, que são derrubados de inimigos no fim das batalhas.
Tarefas secundárias compensam
Assim como todo jogo atual da Falcom, temos muitas tarefas secundárias para fazer e diversos itens para coletar caso queira finalizar Trails from Zero completamente. Há diversos livros que contam um pouco mais sobre a história de Crossbell, receitas para que cada membro da equipe possa criar pratos diferentes que fornecem bônus de atributos durante a luta e diversos peixes para pescar e trocá-los por itens exclusivos.
A tarefa mais trabalhosa e mais vantajosa ao mesmo tempo fica por conta das quests. Cada uma te dá recompensas em dinheiro, itens e pontos denominados como AP. No fim de cada capítulo, recebemos um relatório mostrando todas as missões completadas junto com uma nota baseada nessa quantia de AP recebida, dando prêmios extras por isso. Além disso, este valor também será relevante para o fim do jogo, então há um incentivo bem grande para completar todas as missões, incluindo as secundárias e secretas.
Por fim, ao terminar o jogo pela primeira vez, é recebido uma quantia de pontos para gastar em quais itens queira transferir para uma segunda jornada, mesmo em uma dificuldade mais alta. Este ponto é muito vantajoso para quem quer um desafio maior ou pegar todos os troféus/conquistas.
Um ótimo complemento
A versão de PS4 de Trails from Zero não é uma versão “1 pra 1” da versão de PSP. Há diversas adições e melhorias, como gráficos um pouco melhorados, dublagem em inglês que não havia anteriormente e, principalmente, o High Speed Mode, que permite colocar o jogo em velocidade 2x e passar cenas ou batalhas mais rapidamente.
Estranhamente, a versão de Switch e PC possuem melhorias não inclusas aqui, já que a NIS America permitiu que um grupo de modders cuidassem do port dessas duas versões, adicionando o que eles lançaram há algum tempo na versão japonesa para PC, como texturas ainda melhores e suporte até a proporções de tela 4:3. Em compensação, a versão de PS4 poderá transferir o save no futuro jogo Trails into Reverie, para que possa receber alguns bônus em sua aventura.
Considerando o todo, Trails from Zero é um produto muito bom e um ótimo ponto de partida para quem ainda não conhece a franquia, já que tecnicamente é o primeiro da linha do tempo disponível para o console da Sony. O enredo é possivelmente o mais interessante de se acompanhar, principalmente se você tiver interesse em temáticas com mistério.
Cópia de PS4 cedida pelos produtores do jogo
Revisão: Jason Ming Hong
The Legend of Heroes - Trails from Zero
Prós
- História muito boa
- Trilha sonora excelente
Contras
- A versão de PS4 não possui adições das versões de Switch e PC
