Criado por uma equipe independente composta por oito desenvolvedores, Akimbot é um jogo de plataforma em 3D inspirado pelos clássicos do gênero, como Jak & Daxter e Ratchet & Clank. O título apresenta uma história agradável e uma jogabilidade repleta de boas mecânicas, embora não esteja totalmente polido e livre de bugs. No entanto, isso não diminui o brilho da experiência, que merece bastante atenção.
Desenvolvimento: Evil Raptor
Distribuição: PLAION
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Plataforma, Tiro
Classificação: 12 anos
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series X|S
Duração: 10 horas (campanha)
Salvando a galáxia
Situada em um universo onde a humanidade não existe, a campanha linear de Akimbot retrata uma aventura maluca com Exe, o protagonista, um mercenário hacker que está fugindo da prisão, e Shipset, um drone que acompanha o personagem principal nessa missão. Essa dupla acaba se envolvendo em uma grande jornada contra uma máfia de robôs que estão atrás de suas cabeças. Contudo, a aventura escala aos poucos e se intensifica, e os herois se veem obrigados a enfrentar Malignotron, um cientista louco decidido a instaurar o caos em busca de um artefato que é uma peça-chave para conseguir viajar no tempo. Partindo disso, é necessário salvar toda a galáxia da destruição e garantir a paz para todos os robôs que vivem nessa sociedade.
Apesar da temática apocalíptica, o roteiro do jogo é leve e engraçado, e a trama brilha principalmente nas interações entre Exe e Shipset, que são bastante carismáticos. Porém, a narrativa propriamente dita falha ao não construir bem os eventos dessa escalada de acontecimentos, sendo algo contado de uma maneira apressada, sem um desenvolvimento satisfatório para cada situação distinta. Felizmente, isso não chega a afetar a diversão que pode ser proporcionada pelo game, mas é um aspecto que poderia ter sido melhor trabalhado pelos produtores.
Explorando e hackeando
A jogabilidade apresentada por Akimbot não foge do que se espera de um jogo de plataforma em 3D. O design de fases é centrado principalmente em atravessar as diferentes partes do cenário, utilizando mecânicas como impulsos, salto duplo, corridas nas paredes e até ganchos. Nos momentos em que é preciso derrotar inimigos e chefes, o jogo conta com mecânicas de combate com espadas, típicas de games de hack ‘n’ slash, além de sistemas de tiro, que consistem em uma arma especial e rifles, metralhadoras e até bazucas para ataques à distância. Há uma boa diversidade de golpes, com um combate responsivo, mas sem grandes desafios, mesmo na dificuldade mais alta disponível.
Boa parte da exploração se concentra em andar pelos mapas e hackear objetos das fases por meio de eventos de ação rápida e de testes de perícia. Por exemplo, para avançar em um objetivo, é necessário jogar Snake, o famoso jogo da cobrinha, por alguns segundos. Em outro caso, é preciso acertar um pequeno jogo da memória ou uma combinação específica de botões do controle. No geral, a gameplay é envolvente e criativa, já que ela sempre apresenta alguma novidade, como pilotar uma nave ou um carro, participar de um minigame de luta, entre outros, complementando a proposta da campanha de uma forma competente e satisfatória.
Tem problemas, mas não atrapalham tanto
Entretanto, nem tudo que é proposto pela jogabilidade funciona como deveria. Existem alguns pequenos bugs que fazem com que o protagonista fique preso em partes específicas do mapa, tornando necessário reiniciar de um salvamento anterior para progredir. Certas fases também não contam com um direcionamento claro de seus objetivos, pois elas possuem uma baixa visibilidade gráfica, o que dificulta a identificação do caminho a seguir.
Isso é agravado pela falta de indicações claras dos objetivos ou até mesmo de um mapa no menu de pausa. As mecânicas de tiro são prejudicadas por um sistema de mira disfuncional, que faz o personagem ocupar metade da tela – consequentemente também limitando a visibilidade do restante do cenário e comprometendo a precisão dos tiroteios em momentos-chave da campanha, como nas batalhas contra chefes.
Bons visuais e uma localização bem feita
De certa forma, essas limitações são compreensíveis para um jogo ambicioso criado por uma equipe pequena, e isso só faz com que o restante da experiência se destaque ainda mais. Já que com exceção dessas falhas, os outros aspectos de Akimbot são até impressionantes, considerando o escopo desse projeto. Produzido através da Unreal Engine, o jogo tem gráficos cartunescos e uma versão para computadores com um bom desempenho, livre de travamentos e com uma imagem nítida.
Os efeitos visuais são de qualidade, mas são justamente eles que prejudicam um pouco a visibilidade de certos cenários, uma vez que os desenvolvedores decidiram utilizar uma quantidade relativamente alta de filtros gráficos. Apesar de breves, as cutscenes são muito bem animadas e dirigidas, contando com uma localização espetacular para o português brasileiro, com legendas que capturam perfeitamente o tom descontraído da aventura de Exe e Shipset.
Surpreendente
Apesar de nem tudo funcionar como deveria, Akimbot é uma experiência excelente. Acima de tudo, o game da Evil Raptor é uma recomendação indispensável para todos os fãs de jogos de plataforma da época do PlayStation 2, especialmente porque raramente vemos títulos como esse sendo lançados hoje em dia. É sensacional que a equipe de desenvolvimento tenha se dedicado a trazer uma ótima alternativa dentro desse gênero, que sempre proporciona uma gameplay divertida.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno