E se Tony Hawk’s Pro Skater fosse transformado em um roguelite com mecânicas de hack ‘n’ slash? Helskate é um jogo indie que responde a essa intrigante questão. Criado pela Phantom Coast Games, o título em acesso antecipado aplica um conceito ambicioso numa fórmula atemporal, trazendo ideias excelentes, mas com uma execução decepcionante.
Desenvolvimento: Phantom Coast
Distribuição: Phantom Coast
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Esporte
Classificação: 10 anos
Português: Não
Plataformas: PC
Duração: 2 horas (campanha)
Esporte arcade com violência
Com uma narrativa incompleta e pouco compreensível, Helskate coloca o jogador na pele de Anton Falcon, um jovem com nome curiosamente similar ao de uma grande lenda do skate. O objetivo é escapar de Vertheim, uma espécie de purgatório urbano repleto de rampas, colecionáveis e ameaças que precisam ser eliminadas. Para isso, Anton deve combinar suas habilidades nas pistas com o uso de armas letais, lidando com tarefas que se tornam progressivamente mais complicadas.
Além dos adversários, cada mapa apresenta objetivos no estilo clássico de Tony Hawk’s, como a busca por letras, a realização de combos e as competições de pontos, ou seja, a mesma estrutura consagrada pelos games da Neversoft, mas com todo o tempo possível para completar as fases, sem a restrição de dois minutos. Melhorias fixas para Anton são desbloqueadas na medida em que o jogador progride, enquanto dá para conseguir habilidades temporárias no fim de cada fase, liberando vantagens contra os inimigos que podem ser incorporadas nos combos.
Com uma jogabilidade no estilo hack ‘n’ slash, os equipamentos usados por Anton são provenientes dos shapes de seus skates, sendo possível construir boards novos com os itens coletados nos cenários. Entretanto, esse aspecto é um tanto desnecessário para o conjunto da obra, uma vez que o ideal seria ter todas as opções liberadas desde o princípio. E como Helskate é um roguelite, se o protagonista morrer, ele é obrigado a reiniciar sua tentativa de escapada, mantendo parte do progresso conquistado.
Abaixo das altas expectativas
Quem está acostumado com Tony Hawk’s não terá problemas com Helskate, pois a jogabilidade clássica foi mantida pelo pessoal da Phantom Coast, com os botões de flip, grab e grind nas mesmas posições de sempre. Porém, o jogo passa longe de ter uma gameplay e um design de níveis do mesmo nível dos clássicos que o inspiram.
Helskate simplesmente não está bem polido. A física não agrada, já que um combo que funcionaria perfeitamente em um THPS não pode ser executado nesse jogo, que não também não apresenta um grande fator de risco. Anton não cai de seu skate se errar uma manobra – o combo é somente cancelado, o que não chega a ser uma punição por vacilar.
Faltam manobras básicas na experiência, como kickflips duplos e o revert, que permite combos mais longos. Algumas podem até ser liberadas aleatoriamente, mas elas só ficam disponíveis por alguns momentos no decorrer da tentativa da vez, visto que o roguelite sempre distribui benefícios randômicos ao finalizar uma fase.
No entanto, muitas dessas habilidades fazem pouco sentido durante o combate, e é extremamente fácil extrapolar as limitações dos mapas, travando o protagonista num vácuo – o que pode resultar na perda do tempo investido numa run.
Com estilo, mas sem performance
Helskate sofre com problemas de desempenho em sua versão atual. Mesmo rodando em uma taxa de quadros acima dos 60fps, a imagem não é fluída, apresentando travamentos constantes juntamente com falhas na câmera, que não acompanha o personagem adequadamente e dificulta a visão do mapa e dos oponentes. Contudo, a direção artística é ótima, com um estilo cartunesco marcado por boas animações – embora parte delas estejam visivelmente incompletas, pois algumas manobras não contam com uma animação correspondente.
Helskate acerta em sua trilha sonora, trazendo um dos principais elementos da fórmula de Tony Hawk’s: a música punk. Bandas independentes suecas como Twin Pigs e Spolgese marcam presença no jogo, dando o tom que a atmosfera de uma experiência como essa precisa.
Só que não há muitas canções presentes no jogo, então as faixas se repetem de forma exaustiva – algo natural para um game independente com músicas licenciadas, o que é uma raridade. Ainda assim, o título deixa a desejar no restante de sua apresentação, que é prejudicada por uma interface ruim, repleta de interações mal feitas e indicadores que se sobrepõem, além da falta de uma tradução para o português.
Pode ser que um dia seja bom
Helskate até entende a essência de Tony Hawk’s Pro Skater e sabe o que faz os clássicos serem tão bons, mas apenas no papel. O título tem previsão de seguir em acesso antecipado por um ano, incorporando atualizações com base no feedback da comunidade, além do resto do conteúdo programado. Há tempo para que o game chegue a um estado satisfatório, porque a mistura aqui é bastante promissora.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno