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Review Anonymous;Code (Switch) – Hackeando o futuro

Anonymous;Code é uma nova aventura do criador de Steins;Gate, Chiyomaru Shikura, e da equipe da Mages. Essa equipe é a responsável por desenvolver os jogos da série Science Adventures, que em sua absoluta maioria são apresentados como visual novels. É fundamental notar que, ainda que todas essas aventuras façam parte da mesma série, não é necessário ter jogado ou consumido nenhuma das outras mídias para jogar Anonymous;Code, já que as referências são sutis e muito bem postas.

Desenvolvimento:  ©MAGES./Chiyo St. Inc
Distribuição:  Spike Chunsoft
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura
Classificação: 16 anos
Português: Não
Plataformas: PS4, Switch, PC
Duração: 14h (campanha)/20h (100%)

Uma linha de mundo bem ambientada

Captura de tela evidenciando a integração entre o mundo real e realidade aumentada no jogo. A captura apresenta um show do grupo Cyber Force Dolls e efeitos especiais.

Anonymous;Code é, portanto, uma aventura muito contemplativa. Os elementos da jogabilidade são limitados para os jogadores mais dinâmicos, mas o foco narrativo e a ambientação fazem desse jogo uma obra memorável. A trama se passa na Terra em 2037, quando o nosso mundo já se tornou tão integrado aos computadores e tecnologias como a inteligência artificial a ponto da barreira entre o real e o digital parecer não existir mais. 

Captura de tela evidenciando a UI do jogo e mostrando o subtema das missões de hackeamento presente. O personagem Cross também é evidenciado.

O personagem principal dessa história é o jovem Pollon Takaoka, um hacker iniciante que se junta à seu fiel companheiro Cross para fundar a Nakano Symphonies, uma equipe de hackers. 

Neste mundo e linha do tempo, os hackers “white hat” são considerados profissionais de elite, sendo que nosso protagonista almeja usar esse trabalho como meio para ajudar pessoas necessitadas com suas habilidades. E esse é o pano de fundo e fio de ignição dessa história.

Uma história e vários Load Points

Captura de tela do personagem principal, Pollon, evidenciando o estilo gráfico do jogo.

O jogo começa com um paradoxo: o jogador deve carregar uma gravação, que aparentemente está corrompida, e se vê envolvido numa perseguição da polícia contra o personagem principal e Momo, a deuteragonista. Após uma breve passagem por esse evento, somos levados ao passado, com a história centrada em mais um trabalho da Nakano Symphonies. Pollon e Cross estão investigando o vazamento de dados de uma loja de aplicativos e estão agindo para punir os culpados. 

O desenrolar dessa história, e o encontro com colegas e amigos, desencadeia eventos que fazem com que cruzemos o caminho de Momo, levando-nos à história principal. Momo é uma mulher muito misteriosa e que leva a história a patamares inesperados. Além disso, ela é uma personagem bem carismática e que se conecta ao protagonista e o jogador de uma forma muito bem pensada. É fundamental lembrar que as mecânicas e narrativas desta obra giram em torno do nosso par de protagonista e deuteragonista – além do próprio tempo e todas as possíveis noções da realidade.

Tempo de qualidade ou qualidade de tempo?

Captura de tela contendo os personagens Pollon e Momo, evidenciando um dos motivadores dos personagens.

A narrativa de Anonymous;Code é um primor. A ambientação, os personagens, a ligação aos fatos do mundo real, viagens no tempo e o uso extremamente sagaz de teorias da conspiração fazem com que tudo seja extremamente bem coeso e interessante. Nada disso foi uma surpresa, já que sou fã de longa data da Science Adventures e Steins;Gate, e reconheço que esse time é responsável pelas melhores visual novels da atualidade.

Além disso, o jogo conta com uma direção artística e musical muito bem planejada. Isso nos traz um deleite visual e sonoro, com uma dublagem impecável dos personagens, abarcando uma aventura sensacional.

Visual novel

O único ponto fraco do jogo diz respeito ao grau de liberdade limitado ao qual somos condicionados. Diferente de outras VNs, não existem tantas escolhas ou finais realmente alternativos, apenas existem algumas mudanças com o uso da habilidade de salvar e carregar momentos específicos do tempo. Ainda que esse ponto fraco exista de forma perene, eu diria que ele não afeta a qualidade em si, mas limita Anonymous;Code em questão do quanto ele pode ser reconhecido como um jogo perfeito.

Em termos de performance, não existem problemas e nem degradações – afinal de contas, uma visual novel não requer tanto assim do console. Como eu disse, o estilo gráfico é muito bonito e aposta num aspecto de mangá/HQ em certos quadros do jogo, ainda que conte com pouquíssimas ou nenhuma animação.

Uma grande viagem

De toda forma, se você gosta de visual novels, ou se ainda não se aventurou por esse gênero, e gostou muito de Steins;Gate e seus similares, eu diria que este é um jogo que vale o seu tempo – afinal de contas, o tempo é realmente absoluto… Ou não.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Julio Pinheiro

Anonymous;Code

9.5

Nota final

9.5/10

Prós

  • Temática conceitual
  • Direção artística
  • Foco narrativo
  • Coesão da história

Contras

  • Jogabilidade um tanto quanto limitada