Em um jogo bastante simpático com uma ambientação e estilo gráfico que lembra bastante os Yoshi de Wii U e Switch, existe Ayo, um palhacinho que está em busca de seu cão e precisa aprender comandos básicos e algumas habilidades especiais do mundo dos games para continuar avançando em sua jornada. Embarque neste mundo engraçadinho com toques de fofura e muitos elementos de plataforma.
Desenvolvimento: Cloud M1
Distribuição: Cloud M1
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Plataforma, Aventura, Arcade, Ação
Classificação: Livre
Português: Legendas e interface
Plataforma: PC, Switch
Duração: 7 horas (campanha)
O palhacinho que evolui
Ayo the Clown nos coloca na pele de Ayo, um palhaço bastante diferente. O jovem inicia sua busca pelo seu cãozinho sem qualquer dote básico vistos comumente em títulos do gênero plataforma. Ayo não consegue nem mesmo pular, mas isso possui um motivo: seus sapatos estão sendo consertados pelo sapateiro local. Por isso, o protagonista precisa focar-se em coletáveis e em se manter vivo, enquanto seu par de calçados não fica pronto. O enredo é contado através de cutscenes com algumas poucas animações, com uma narração que lembra um desenho animado de sábado de manhã.
Algo diferenciado que me chamou bastante a atenção neste indie foi a progressão. Ao contrário da maioria dos títulos de plataformas, em Ayo the Clown somos introduzidos a pequenos trechos da história, enquanto recebemos habilidades de NPCs entre uma fase e outra. O pulo comum é o movimento mais básico, porém, mais à frente, Ayo adquire um balão que o permite flutuar por alguns segundos, como também um habilidade de deslizar em descidas eliminando tudo o que vier à frente.
Fora isso, temos uma espada feita de bexiga e um martelo (ambos itens coletáveis nas fases) que eliminam inimigos que forem acertados por ela, além de uma bexiga de água que apaga chamas. Em termos de level design, que já conhecemos dentro do gênero será visto por aqui: plataformas flutuantes, trampolins para nos impulsionar às alturas, segredos em paredes falsas, botões que liberam passagens e afins.
Há bastante também o uso bem feito da verticalidade, não limitando a progressão a uma linha reta sem graça, o que é excelente. Muitas vezes é necessário subir ou descer nos cenários para continuar avançando, ou fazer uso de plataformas flutuantes, sapos ou ostras trampolins e uma espécie estranha de NPC que serve para elevar Ayo como se fosse uma centopéia saindo da terra. A eliminação dos inimigos e a coleta de itens nas fases também possui um propósito, que é de fazer upgrade em seu balão, corações e afins, tornando-o este primeiro maior e capaz de levitar Ayo em melhores alturas. O segundo motivo é adicionar itens ao seu baú de tesouros.
Um mundo bem feito e colorido
Tudo é muito colorido e único, além de que o design visual das coisas é bem interessante. O que torna tudo icônico no mundo de Ayo é definitivamente a direção de arte. Apesar da simplicidade e vários elementos clichês, tudo consegue colaborar através do seu capricho e consistência em trazer uma temática feliz e fases bem elaboradas para este mundo.
Checkpoints, por exemplo, são mecanismos de torta na cara, que joga uma torta no rosto de Ayo caso ele passe devagar demais nestes locais. Plataformas flutuantes são caretas risonhas, superfícies que balançam são vacas penduradas, flores que giram servem como um impulso para o balão, as armas são feitas de bexigas modeladas no formato de espada ou martelos de palhaço que fazem barulho, etc.
Existe até mesmo um tanque de guerra que atira, uma bota que transforma Ayo em um dragão-bota-cuspidor-de-fogo e um helicóptero que serve para voarmos por aí atirando em barreiras e inimigos. Este último é utilizado em uma luta contra chefe, o que transforma completamente a jogabilidade, lembrando os famigerados “jogos de navinha”. Porém, um botão de travar o lado para o qual o helicóptero está virado seria muito bem-vindo, sem falar que ajudaria a direcionarmos melhor os tiros.
Todos esses itens corroboram para uma experiência agradável em Ayo, além de trazer aquele sentimento de que tudo foi feito com carinho e dedicação. Porém, não para por aí, pois a variedade de cenários é grande. Existem ambientes em cavernas, florestas e até mesmo praias e navios piratas, mostrando que os desenvolvedores souberam trabalhar com a variedade de cenários para tirar aquela sensação de mesmice.
Alguns problemas que não tiram o brilho
Fora dos cenários convencionais, podemos navegar entre o mapa de seleção de fases. Porém, aqui existe um defeito: instruções vagas. Coisas como “verifique seu baú para confirmar quantos tesouros você possui” não fala onde se encontra esta opção. Curiosamente, o baú fica localizado no menu de pausa, o que não faz tanto sentido, na minha opinião. Os botões também não podem ser mapeados, e isso é incômodo já que a navegação nos menus utiliza o botão B para confirmar, indo completamente na contramão do sistema do Switch.
Outro ponto é a movimentação em si, que passa um sentimento de ser “flutuante”. A sensação é que nunca ela se faz 100% precisa, ainda mais quando estamos utilizando o balão para levitar ou cairmos em velocidade lenta. A caixa de colisão com certas plataformas e elementos da fase também é frustrante, já que alguns objetos possuem um formato arredondado, causando um efeito bem desengonçado de imprecisão quando Ayo colide com elas.
O balão, além de funcionar bem, peca ao exigir com que seguremos para cima + B a fim de levitar na vertical, o que é uma combinação não muito bacana já que já se faz necessário segurar o lado direito para andar.
Por fim, eu acredito que a interface de usuário é um tanto quanto amadora, e poderiam ter feito algo bem mais polido. Porém, diria que nada disso estraga a experiência como um todo, que acaba sendo um saldo bem mais positivo do que os defeitos existentes aqui.
Um dos melhores do gênero
Com sua simplicidade e direção de arte belíssima, Ayo é sem dúvidas um dos melhores indies de plataforma que joguei neste ano. Não existe muito a sensação de esforço e recompensa, infelizmente, além do fato que podemos fazer upgrade no balão do protagonista. Fora isso, a diversidade enorme de fases acompanhadas de um level design muito bem construído e um sistema de habilidades que amplia as possibilidade do personagem, faz de Ayo the Clown uma experiência divertidíssima e quase obrigatória para todos os amantes do gênero.
Pode ter certeza de que Ayo arrancará sorrisos com suas dancinhas, gritos de felicidade e comemoração no final das fases. Todos esses detalhes minuciosos e uma jogabilidade bem bolada que se renova constantemente são a receita para um sucesso, mesmo com a existência de alguns erros menores – os quais podem ser consertados com pacotes de atualização.
Cópia de Switch cedida pelos produtores