Beautiful Desolation capa

Review Beautiful Desolation (Switch) – Uma aventura isométrica na África

Ambientado na África do Sul, Beautiful Desolation é um videogame futurista com aspectos de point ‘n’ click traduzidos para controles livres, em que nosso objetivo é reverter uma viagem no tempo e desvendar um OVNI. A ambientação traz vários elementos futuristas e modernizados de um mundo pós-apocalíptico, porém, o mesmo não pode ser dito em relação à jogabilidade de forma geral.

Desenvolvimento: The Brotherhood
Distribuição: Untold Tales
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, RPG
Classificação: 16 anos
Português: Não
Plataforma: PC, Switch, PS4
Duração: 8.5 horas (campanha)/18.5 horas (100%)

Irmãos unidos por um propósito

Irmãos unidos

Beautiful Desolation conta a história de Mark e sua busca. A narrativa inicia com imagens de eventos passados em que seu irmão mais velho, Don, está em um carro com ele e a esposa (de Mark). Porém, repentinamente, um misterioso objeto surge no céu, fazendo com que o veículo capotasse e a moça morresse. Então, saltamos para 10 anos depois, em uma época que recebeu um grande avanço tecnológico graças ao OVNI.

Com tudo isso, temos Mark indo ao encontro de Don em sua oficina mecânica. Ele pede a ajuda de seu irmão para desvendar a Penrose, nome dado ao objeto voador depois da humanidade passar a estudar sua origem. Entretanto, uma vez que chegam ao local e descobrem alguns fatos importantes, ambos são teleportados para outra época após o encontro de um cachorro-robô-sentinela que estava de guarda. Assim, a missão da dupla de irmãos (e do robô que acabou indo junto) passa a ser encontrar uma forma de voltar ao presente, além de continuar a investigação de Penrose e usá-lo como transporte para casa.

Cenário pode confundir um pouco

A jogabilidade possui movimentação livre, feita através do analógico esquerdo. Toda a narrativa é passada através de conversas com NPCs, chamadas em rádio e documentos encontrados por aí. Fica o aviso também de que Beautiful Desolation é um jogo que demanda uma leitura bastante pesada, já que essa será a única forma de ficar por dentro do que está acontecendo. Infelizmente, existe um exagero nesse quesito, fazendo com que o ritmo fique bastante cansativo.

Ao mesmo tempo, as missões não são claras e apenas apontam para onde devemos seguir, sem informações tão profundas. É realmente uma jogabilidade que exige uma exploração intensa, e muitas vezes resultando em frustração por causa do “vai-e-volta”.

Ritmo lento e evolução demorada

Mapa

Outro elemento bastante presente é o backtracking incessante entre áreas do cenário. É necessário ir e voltar algumas boas quantidades de vezes em certos locais, para encontrar um objeto e levá-lo ao ponto onde este será usado. É uma tarefa cansativa, o que é mais agravado ainda pelo fato da movimentação ser bem lenta e confusa. Às vezes também precisamos explorar nosso inventário e interagir com itens ou combiná-los, mas nada tão impressionante ou inédito dentro do gênero, o que se torna uma tarefa dolorosa graças à jogabilidade.

Apesar de se parecer esteticamente com Fallout (os primeiros), Beautiful Desolation não possui qualquer tipo de combate propriamente dito – apenas minigames que simulam isso -, o que é bastante decepcionante. Sei que a proposta é ser apenas um point ‘n’ click, porém, o estilo do game combinaria completamente com algumas batalhas aqui e ali para variar um pouco sua jogabilidade parada. Sem isso, o trabalho de exploração do cenário, revisitação de locais, leituras de documentos e conversas com outros personagens se torna bem enfadonho.

Movimentação ruim

Mesmo com cenários tão caprichados e belissimamente ambientados na África do Sul, a composição visual é bastante confusa. Como locais são criados com imagens pré-renderizadas (ao estilo Resident Evil 1 e 2 do PS1), muitas vezes se torna um pouco mesclado os trajetos pelos quais podemos caminhar/correr, ou que simplesmente são paredes invisíveis que nos impedem de passarmos por elas. Fora isso, existem objetos que não são passíveis de interação por todo lado, e muitos ficam com seus nomes aparentes na tela, induzindo o jogador ao erro por pensar que trata-se de algum item chave.

A forma que foi escolhida para que o personagem corra também não é nada inteligente. Para que isso aconteça, é necessário segurar o analógico para uma direção durante alguns segundos, então o protagonista passa de caminhada para corrida. Não há um comando específico para isso, a fim de alternar entre as duas instâncias. A navegação também entre itens do inventário e menus diversos também é ruim, trazendo belos visuais fiéis à era que Beautiful Desolation procura representar, porém, não é nada funcional por conta da separação de todos os menus em atalhos diferentes – que nunca fazem tanto sentido pra mim.

Uma aventura por terras nunca antes exploradas

Posso estar enganado, mas possivelmente Beautiful Desolation é um dos poucos jogos ambientados na África do Sul, e isso é algo bastante interessante já que a exploração desse território no mundo dos games é quase inexistente. Apesar de tudo se passar em um local futurista e, ao mesmo tempo, pós-apocalíptico, a forma como tudo foi executado acabou deixando bastante a desejar. Através de seus diálogos cansativos, movimentação ruim e menus deveras confusos, Beautiful Desolation é um produto que consigo indicar apenas para fãs apegados ao gênero, mas mesmo estes precisam ter algum grau de paciência ao lidar com tantas falhas de design e ritmo.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Beautiful Desolation

5

Nota final

5.0/10

Prós

  • Ambientação
  • História interessante
  • Agrada aos fãs mais assíduos do gênero

Contras

  • Movimentação muito ruim
  • Backtracking excessivo
  • Diálogos cansativos
  • Menus com navegação confusa