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Review Capcom Fighting Collection (Xbox One) – Um passeio ao passado

Para deixar bem claro logo no início, o maior mérito de Capcom Fighting Collection é apresentar, a novos jogadores (e presentear os fãs de longa data), a série Darkstalkers (Vampire, no Japão), que foi jogado no ostracismo. O jogo usava a famosa placa CPS2, inaugurada nos arcades com Super Street Fighter 2 e que foi a base para outros jogos incríveis da desenvolvedora, como a série Alpha de Street Fighter e os crossovers Marvel vs. Capcom e X-Men vs. Street Fighter.

Pensada como parte da comemoração dos 35 anos de Street Fighter, a coletânea não se resume a Darkstalkers. Além dos três títulos de monstros lançados para arcade, entre 1994 e 1997, o jogo conta com mais duas edições especiais da franquia, lançadas somente no Japão: Vampire Savior 2 e Vampire Hunter 2. Além disso, traz também Hyper Street Fighter 2, os fofos Super Gem Fighter Mini Mix e Super Puzzle Fighter II Turbo; os não tão conhecidos Red Earth e Cyberbots: Fullmetal Madness. 

Desenvolvimento: Capcom

Distribuição: Capcom

Jogadores: 1-2 (local e online)

Gênero: Luta

Classificação: 12 anos

Português: Interface e legendas

Plataformas: PC, PS4, Switch, Xbox One

Duração: 8 horas (campanha)

Muito coisa para explorarmos

Temos dez clássicos para revisitar.

Aqui, existem dez jogos, em suas versões de arcade (ocidental e japonesa), rodando a 60fps, que contam com a possibilidade de aplicarmos filtros, aumentar a proporção da tela para 16:9, balancear a dificuldade, configurar os controles à nossa vontade (com simplificação de golpes), um modo treino para aprimorar combos, golpes especiais e muito mais.

Todos os jogos podem ser curtidos offline ou online, apesar de eu ter tido problemas com esse último. Digo isso porque, ao menos no Xbox, as salas para partidas casuais ou ranqueadas, se encontram vazias e não há crossplay (jogar com jogadores de outras plataformas). Capcom Fighting Collection te permite determinar quais títulos você quer jogar para desafiar os adversários pelo mundo. Podemos escolher todos os dez jogos disponíveis, só que, nesse caso, a escolha é aleatória. Mesmo assim, não consegui achar um único adversário, e olha que busquei partidas em horários diferentes durante o dia. De toda forma, consegui testar brevemente o online com um amigo e a partida seguiu sem problema algum de lag e quedas. Mas, se não conhecer alguém que tenha o jogo, terá que se contentar em jogar offline.

Os desafios são divertidos.

Conteúdo não falta nessa coletânea! O pacote nos instiga a explorar cada jogo de uma forma muito competente. Existem desafios diversos que podemos conferir no menu Prêmios do Lutador. Por incrível que pareça, tais desafios são bem tranquilos de serem concluídos e é através deles que desbloqueamos as conquistas. Eu, por exemplo, que nunca liguei pra isso, me vi vendo qual desafio teria que cumprir para desbloquear determinada conquista. A coletânea conta também com ilustrações de cada um dos jogos – sejam artes promocionais, cartões de instruções, sketchs e artes conceituais – e suas respectivas trilhas sonoras, que podem ser conferidas no menu Museu. A versão que recebi para teste veio com um conteúdo bônus que adiciona ainda mais ilustrações e remixes de músicas clássicas.

O Retorno de Darkstalker 

Darkstalker é muito bom!

Vamos falar dos jogos da coletânea. Visto na época como o “sucessor” de Street Fighter 2, Darkstalkers: The Night Warrior trazia um rol de lutadores baseados em contos de terror. Então, aqui nós podemos controlar criaturas da noite como lobisomem, vampiro, súcubo, múmia, Frankenstein, e por aí vai. Além dos belos sprites 2D – que representou um salto gigante em comparação a Super Street Fighter 2 e suas variações -, o título implementou mecânicas que ficaram consagradas nos jogos de luta dali pra frente. Falo, por exemplo, de defesa aérea e dos combos sequenciais. 

Night Warriors: Darkstalker’s Revenge, por mais que tenha sido lançado como uma sequência, serviu para refinar as mecânicas trazidas no primeiro título, adicionando quatro novos personagens (Huitzil, Pyron, Donovan e Hsien-ko) e dando “coerência” aos eventos da história. Sabe aquelas inúmeras edições de Street Fighter 2? Aqui temos algo parecido. É a mesma engine, quase os mesmos personagens e uma ou outra modificação, como a nova barra de especial e um sistema de combos simplificados. 

Morrigan fora de contexto.

Nesse sentido, Vampire Savior: The Lord of Vampire (ou Darkstalker 3) é que pode de fato ser considerado um sucessor da franquia. Nele vemos melhorias visuais significantes, e novos cenários super detalhados dão as caras, assim como novos personagens. Além disso, um sistema de especial mais bem elaborado foi implementado, como o Dark Force (no qual nosso personagem tem seus atributos e habilidade aprimoradas por tempo limitado); e o Damage Gauge System, em que nossa barra de vida é única, mas dividida em duas partes, dinamizando ainda mais as partidas, como nos crossovers da desenvolvedora japonesa.

Da série Darkstalkers, mais dois títulos completam a coletânea. Trata-se de Vampire Hunter 2: Darkstalker’s Revenge e Vampire Savior 2: The Lord Vampire. Ambos foram lançados apenas no Japão e fazem meio que um compilado especial de Darkstalker 3. O triste dessa franquia é que muitos dos seus personagens só são reconhecidos, atualmente, por participações em outros jogos da Capcom, que é o caso da Morrigan, da Felícia e Demitri. A tentativa fracassada (e fajuta) da Capcom de reviver a franquia, dez anos depois, com um compilado dos três primeiros jogos – lançado, na época, para Xbox 360 e PS3 -, deixou o jogo num novo hiato por mais quinze anos. Daí a oportunidade para muitos de conhecer os reais (e incríveis) títulos de onde tais personagens nasceram.

Clássicos esquecidos

Red Earth pela primeira vez nos consoles.

Seguindo a tendência de clássicos esquecidos, temos Cyberbots: Fullmetal Madness e Red Earth, que misturam luta com beat ’em up. O primeiro – um spin-off do beat ’em up Armored Warriors – foi lançado em 1995 e apresenta batalhas entre robôs gigantes. É o jogo de origem de Jin, personagem conhecido na série Marvel vs. Capcom, e que por muito tempo alguns jogadores pensavam que ele teria sido criado para o crossover. Além de Jin, Cyberbots conta com mais cinco personagens e com cada um podemos escolher quatro variações de mechas (Blodia, Reptos, Fordy e Guldin) para batalhar contra nossos adversários.

Já Red Earth se passa num mundo de fantasia medieval aos moldes do que vemos nos RPGs. É o primeiro título a utilizar a nova placa CPS3, que serviu de base para Street Fighter 3. Temos quatro personagens à nossa disposição, cada qual com características diferenciadas. Todas as partidas são contra chefões monstruosos e durante as lutas podemos obter itens que aumentam nossa energia e poder de ataque.

Um clássico esquecido.

Avançando nas batalhas, subimos de nível, melhorando os nossos atributos. Muito popular no Japão (particularmente, não me recordo do jogo ter feito sucesso no ocidente), é a primeira vez que temos um port de Red Earth para consoles. Fica aqui então a oportunidade para os fãs de jogos de luta conhecerem a série.

Mais Street Fighter 

Um dos quinhentos SF2 está no jogo.

Representando o principal título de luta da Capcom, temos Hyper Street Fighter 2 é um port modificado de Super Street Fighter 2 Turbo, lançado no início dos anos 2000. O jogo, que é uma edição de aniversário, corrige alguns bugs do título anterior e apresenta todos os personagens das cinco variações de Street Fighter 2. Ele é, de longe, o mais difícil de todos os títulos dessa coletânea.

Não que os outros sejam fáceis, até porque estamos lidando com versões desses jogos dos arcades, e a dificuldade, nesse caso, é propositalmente elevada. Felizmente, a dificuldade – como dito mais acima – pode ser diminuída em todos os títulos aqui presentes. 

Uma preciosidade.

Super Gem Fighter Mini Mix é uma preciosidade. Apresentando personagens da série Street Fighter, Red Earth (Tessa) e Darkstalker com um visual Super Deformed, igual aos bonequinhos funko (Cabeça grande e corpo pequeno), o jogo é um dos melhores títulos presentes na coletânea.

O design cartunizado é lindo e vai um pouco na pegada do que foi visto em Street Fighter Alpha. Super Gem Fighter possui combos simplificados, golpes especiais devastadores que brincam com outros títulos da Capcom e é extremamente divertido. 

O Tetris da Capacom.

Super Puzzle Fighter II Turbo é o Tetris de Street Fighter. O visual segue a mesma pegada de Super Gem Fighter, as músicas e efeitos sonoros foram retiradas de Street Fighter Alpha 2. A galera que gosta de Tetris Effect e que curte jogo de luta, vai amar esse título. Cada carreira de blocos eliminados faz com que nosso personagem desfira um golpe especial ou uma sequência de combos no adversário, enquanto o mesmo ri e zomba do coitado. É impagável!

Vale a pena?

Capcom Fighting Collection é um verdadeiro passeio pela história de jogos consagrados, porém o deserto encontrado no modo online pode indicar que, para os jogadores do console da Microsoft, pagar um valor elevado num produto que contém títulos de mais de vinte anos atrás não pareceu muito interessante. E isso é importante porque, atualmente, a possibilidade de travar lutas online é que torna a experiência com os jogos do gênero mais longeva. Em linhas gerais, à revelia de tudo isso, acredito que o pacote seja uma opção única (e rara) para revisitar alguns clássicos esquecidos e queridos da Capcom.

Cópia de Xbox One cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Capcom Fighting Collection

8

Nota Final

8.0/10

Prós

  • Jogar Darkstalker
  • Conteúdos extras
  • Desafios diversos

Contras

  • Online vazio
  • Sem crossplay
  • Valor elevado