Criar jardins baseados em cenários pós-apocalípticos nunca foi tão divertido. Essa é a premissa de Cloud Gardens. Sob mecânicas super simples, uma pixel art única, trilha sonora imersiva e sendo um quadro branco para a criatividade de quem joga, ele traz bons sentimentos com poucos recursos. Bastam cenários destruídos, um punhado de sementes e um pouco de imaginação para contemplar as mais belas criações feitas por suas próprias mãos.
Desenvolvimento: Noio
Distribuição: Coatsink Software
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Simulação
Classificação: Livre
Português: Interface e legendas
Plataformas: Switch
Duração: 21.5 horas (100%)
Seu antigo lar se torna viveiro
Eis um pequeno canteiro que surge no meio de uma névoa que te põe aos poucos em atmosferas serenas. Às vezes um canto urbano qualquer, às vezes prédios ou grandes estruturas de concreto destruídas pelo tempo (ou pela ação humana). Nesses espaços, você pega pequenas sementes e começa a descobrir que, se colocadas em qualquer superfície, elas dão origem a suntuosas plantas com flores ou a fungos muito feios, mas que são capazes de dominar quase todo material sintético. Cada uma tem o seu jeito particular de se expandir.
Essa é a ideia de Cloud Gardens. Onde há decadência, há vida crescendo o tempo todo. Juntamente à trilha sonora incrível de Amos Roddy, aprendemos a perceber os padrões de cada planta, a dominar seu desenvolvimento nos diferentes terrenos e objetos e, principalmente, a relaxar dentro de uma jogabilidade um pouco truncada, mas bem funcional no fator calmante de nervos.
A jogabilidade é bastante simples: colete sementes, comece a plantá-las nos espaços, coloque objetos decadentes, edifícios ou veículos próximos às plantas ou use uma quantidade limitada de chuva (gatilhos para a propagação da vegetação), observe-as crescendo e colha suas próprias sementes até atingir os 100% necessários da fase. É possível usar um aspirador para sugar sementes de forma mais prática e uma motosserra não tão útil ao seu objetivo, mas que ajuda a aparar algumas folhagens para ajudar glicínias a encontrar outros espaços, por exemplo, e ganhar mais sementes com o tempo.
Sem a parte da frustração?
Embora tenha suas muitas qualidades de jogabilidade e de objetivo, Cloud Gardens tem lá seus defeitos na sua versão 1.0. A começar pelo principal, a câmera: ela joga o tempo todo contra o controle, através do qual é possível girar em torno do cenário, subir e descer verticalmente e afastar e aproximar (zoom), mas nada de arrastar a câmera horizontalmente ou manuseá-la em torno de seu próprio eixo. Esse recurso é totalmente possível, a julgar pelo excelente modo foto do jogo, mas ausente no modo criativo e de seleção de cenas. Isso parece trivial, mas atrapalha mais do que deveria quando se tem sempre um ponto fixo ao qual a câmera aponta nas fases.
Além disso, algumas fases não deixam claro o suficiente onde cada planta funciona melhor do que outras. A exemplo de superfícies de pedra: uma briófita densa cresce mais e é mais produtiva do que uma videira? Ao longo das fases, isso não é respondido tão claramente na experiência. Com esse problema, além de alguns bugs encontrados, é até normal se estagnar algumas vezes em determinada porcentagem da cena e ter de recomeçá-la toda, o que chega a frustrar um pouco, principalmente quando se alcança 98% ou 99% dela, no máximo.
Ao longo do jogo, o cansaço pode estar um pouco presente também, tanto pelo fato do touchscreen do Switch no seu modo portátil ainda não funcionar na sua primeira versão quanto pela gameplay ser bem repetitiva em si. Outros controles, que não os analógicos convencionais, compensariam e agilizariam muito a conclusão das fases.
Solo fértil
Mesmo com seus problemas, Cloud Gardens vale a experimentação, resultando em uma boa experiência relaxante, criativa e contemplativa. Em seu visual e mecânicas, ele se prova muito competente, mas deixa a desejar em sua câmera ruim de ser controlada, dificuldades inesperadas em fases mais avançadas e uma lentidão desnecessária, refém dos controles analógicos do console.
Nenhum dos contras citados atrapalha demais a jogatina, reservando à pessoa jogadora uma experiência bastante confortável e relaxante. Nela, a criatividade de dar vida a uma vegetação em cenários distópicos é liberada em todas as fases, além de dar asas à imaginação com uma variedade grande de objetos e de flora. E Cloud Gardens encontra um solo bem fértil e boas oportunidades de crescimento, se bem irrigado, onde estiver disponível.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong