Croc

Review Croc: Legend of the Gobbos (Switch) – Quando a vida era mais simples

Com a crescente onda de relançamentos de clássicos das décadas passadas, tornou-se comum ver grandes franquias adormecidas retornando aos holofotes com versões atualizadas para os consoles atuais e o PC. Dessa vez, temos a volta do crocodilo querido em Croc: Legend of the Gobbos.

Desenvolvimento: Argonaut Games
Distribuição: Argonaut Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Plataforma, Aventura
Classificação: Livre
Português: Não
Plataformas: Switch, PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S
Duração: 6 horas (campanha)/12 horas (100%)

Salvar a família

Uma arte simples

Abandonado por sua família de sangue, o crocodilo Croc é adotado por uma tribo de criaturas chamadas Gobbos, que vivem em uma ilha e cuidam dele desde a infância como se fosse um dos seus. Eles também o ensinam a lutar. Entretanto, ao crescer, a tribo é atacada por um vilão chamado Baron Dante e seus comparsas. Com isso, os Gobbos são caçados e presos em gaiolas, e Croc parte em uma missão para resgatar sua nova família.

Um detalhe curioso sobre essa sinopse é que, originalmente, ela seria bem diferente: o estúdio Argonaut tinha uma parceria com a Nintendo, e o Croc seria, na verdade, o Yoshi de Mario Bros. Como a parceria foi cancelada por conta de muita interferência criativa da Big N, o estúdio decidiu criar seu próprio mascote verde.

A nostalgia bate

As fases no gelo são fáceis

Croc, como qualquer jogo de seu gênero, tem uma história simples que serve apenas como pano de fundo para a gameplay. Mas quando falamos em simplicidade, o jogo leva isso ao pé da letra: o level design é básico, não há falas – apenas grunhidos que expressam emoções – e a jogabilidade não sofre grandes alterações ao longo da campanha.

Se por um lado não temos nada muito refinado – até porque estamos falando de um jogo de 1997, lançado numa época em que ainda havia poucas referências para os jogos de plataforma 3D –, por outro, o carisma compensa. Desde o protagonista até os inimigos, passando pelo design que parece feito por uma criança e pela trilha sonora relaxante. Vale lembrar que até mesmo Mario 64, hoje um clássico, não envelheceu tão bem assim – o que é comum entre os pioneiros do 3D.

É preciso olhar com os olhos da época

Há poucas fases aquáticas

A aventura de Croc pode parecer datada hoje em dia, mas ele bebe muito das fontes disponíveis na época. O mapa das ilhas para seleção de fases claramente se inspira nos jogos do Mario, enquanto o sistema de cristais que funcionam como “vida” remete diretamente aos anéis do Sonic: ao ser atingido, você perde a maioria deles e precisa tentar recuperar o que der. Infelizmente, a quantidade recuperável é mínima – se você tiver 60 cristais e for atingido, no máximo conseguirá voltar com uns 3, já que o resto desaparece muito rápido.

Existem ainda os cristais coloridos escondidos nos cenários, que abrem portas para desafios extras. O jogo apresenta uma dificuldade progressiva, mas os chefes são sempre fáceis – embora com bugs irritantes. Às vezes, você é acertado mesmo sem haver impacto visível. Outro detalhe incômodo está nos botões do Switch: pular no A e atacar no X é meio estranho, mas nada que um mapeamento rápido no console não resolva.

Respeita o material original e erra pouco

Tudo é muito carismático aqui

O remaster de Croc: Legend of the Gobbos é um trabalho competente, pois sua proposta é clara: melhorar os gráficos mantendo a geometria original, com leves ajustes na jogabilidade. Nada foi reimaginado – cenários e personagens apenas ganharam mais nitidez e formas arredondadas. E se quiser comparar com os gráficos antigos, é só apertar o botão “–” no Switch.

Aliás, essa comparação só é mais justa quando ativamos o filtro VGA, que imita a aparência do jogo numa TV de tubo – algo que muitos jogadores da época lembram bem. Mesmo com isso, o jogo no modo retrô continua superior tecnicamente, rodando a 60 fps e sem os cortes de polígonos que ocorriam no PS1. Aquela sensação de cenários “tremendo” ao movimentar o personagem era fruto das limitações da época.

Croc em uma fase escura é pura arte

Na jogabilidade, a Argonaut acertou em cheio ao adotar o controle analógico livre para movimentar o Croc, substituindo o controle tanque dos direcionais, que tornava a experiência frustrante. Se quiser sentir a diferença, experimente usar os direcionais e verá como o simples se torna em um pesadelo. Porém, haveria espaço para melhorias: o ataque de cauda do Croc poderia servir para quebrar as caixas, ao invés de sempre precisar subir nelas para depois destruí-las com o pulo. É algo que se acostuma rápido, mas poderia ser mais fluido.

O jogo também traz bônus interessantes, como a Crocipedia, com entrevistas em texto com os criadores originais, artes conceituais dos personagens, encartes antigos e até o comercial de lançamento no Japão. Pena que os textos e áudios estão apenas em inglês e japonês.

O renascimento da Argonaut Games?

A remasterização de Croc: Legend of the Gobbos pode ser o pontapé para o retorno da Argonaut Games, que ficou fechada por 20 anos e, agora, demonstra seu carinho pela aventura desse simpático crocodilo que muitos já não esperavam rever. Quem sabe não vemos um remaster de Croc 2, um remake completo (como sugeri aqui) ou até um jogo inédito da série? Só a recepção comercial desse relançamento poderá dizer.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Julio Pinheiro

Croc: Legend of the Gobbos

8

Nota final

8.0/10

Prós

  • Bom remaster
  • Carismático, apesar de simples
  • Adição do analógico com movimentação livre
  • Extras dos bastidores

Contras

  • Chefes ruins e bugados
  • Não há tradução para os textos do documentário