Review Daymare 1998 (Xbox One) – Sobrevivendo aos bugs

Daymare 1998 havia sido pensado, inicialmente, como um tributo ao Resident Evil 2. Game lançado (olha, que coincidência… só que não) no ano de 1998, pela Capcom. Porém, quando o remake do clássico dos anos 90 foi anunciado, em 2015, a publisher japonesa solicitou, gentilmente, que o projeto fosse abandonado pela pequena produtora italiana Invader Studios (na época, Invader Games)

A partir daí, toda a narrativa da história foi revista. E da mistura de elementos, que muito se assemelham ao survival horror da Capcom, nasceu Daymare 1998. A história do jogo é um show de clichês, com diálogos pobres e personagens que nos faz lembrar os filmes e jogos de ação dos anos 90. Mas, creio ser essa a intenção: reavivar a experiência estética e a atmosfera de um survival horror do final do século passado. É brega? Sim! Mas, também é nostálgico.

Dito isso, a dinâmica das relações humanas, que sempre são evidenciadas, dentro da indústria cultural, em histórias de “zumbis” (seja em jogos, livros ou filmes) é deixada de lado.

Desenvolvimento: Invader Studios
Edição: Destructive Creations, All in! Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Terror, Ação e aventura
Classificação indicativa: 16 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS4 e Xbox One
Duração: 8 horas (campanha)/10.5 horas (100%)

O início da história

O início da história

O jogo começa com uma tentativa de resgate de um material confidencial (agente químico), de um laboratório secreto, de nome Aegis, que trabalha para uma ramificação clandestina do governo norte-americano.

Com a perda do contato com esse laboratório e seus cientistas, duas equipes da milícia armada da Hexacore, conhecido como H.A.D.E.S (Divisão Avançada para Extração e Busca Hexacore), são enviadas para investigar o ocorrido. Porém, assim que chegam, descobrem que o sistema de segurança iniciou um protocolo de quarentena (seguindo orientação da Organização Mundial da Saúde – OMS) – por conta de um incidente biológico – e todos ficam trancados.

Após percalços iniciais, a equipe tem êxito na extração desse agente químico. Porém, alguns eventos acabam por liberá-lo nas ruas da cidade de Keen Sight, desencadeando uma contaminação em massa.

Mecânica batida

Bons gráficos

Daymare 1998 é um survival horror com elementos de jogo de ação em terceira pessoa. A jogabilidade segue a tendência iniciada em Resident Evil 4, com a câmera no ombro do personagem. Porém, não houve um refinamento da mesma. Os mesmos problemas com os controles e câmera que tínhamos, em 2005, voltamos a ter aqui. Inicialmente, assumimos o controle do agente especial Liev, personagem de bússola moral, extremamente, duvidosa. Convém mencionar que, durante o desenrolar da história, podemos controlar outros dois personagens: Sam Walker (um guarda florestal que sofre de estranhas alucinações) e Raven (um piloto de helicóptero que carrega um trauma do passado). Cada um trás um olhar diferente ante aos acontecimentos do jogo.

Os gráficos não são um primor, mas possuem belos efeitos de luz e sombra. Porém, a modelagem dos personagens poderia ser melhor. Os efeitos sonoros são muito parecidos com os do jogo da Capcom. Quando dei “start” quase escutei um Resident Evil 2 (com aquela voz macabra). Os cenários são diversificados e também remontam aos jogos clássicos da franquia que lhe serviu de inspiração: laboratórios, estacionamentos, hospitais etc.

Modelagem ruim

Dificuldade alta para um jogo mediano

O jogo apresenta três níveis de dificuldade: daymare, normal e fácil. Porém, na prática, isso não faz muita diferença. Joguei no modo normal e o nível de dificuldade é bem acima da média. A munição e itens de cura são coisas raras. E o sistema de recarga da arma é confuso.

A mesma pode ser feita de forma lenta (recarrega completamente) ou rápida (recarrega parcialmente e as balas caem) e é necessário que você tenha um pente com balas no seu inventário. Para isso, você terá que combinar a caixa de cartuchos de balas com o pente. Algo – extremamente – burocrático e desnecessário. Se um “zumbi” te pegar desprevenido ou com pouca bala carregada, é morte certa. E pra piorar tudo, não temos a opção de salvar o jogo, pois os saves são automáticos.

O acesso ao inventário do personagem no jogo – com as armas, itens diversos, arquivos de textos, áudio, vídeo, mapas, entre outros – é feito em tempo real (ou seja, o jogo não fica pausado), com um dispositivo tecnológico fixado ao pulso do personagem, de nome D.I.D.

O dispositivo tecnológico D.I.D.

De início você se sente meio perdido. Mas, depois acaba se acostumando com os menus. Os puzzle, inteligentes e criativos, são, de longe, uma das coisas mais legais do jogo. Como o game está todo localizado para o português-BR dá para aproveitar bastante esses momentos, que servem para diminuir, vez ou outra, o ritmo da jogatina.

Bugs que estragam a experiência

Meu maior problema com Daymare 1998 são os bugs que afetam de forma negativa a “experiência” com o mesmo. Os problemas de performance são irritantes, com queda de taxa de quadros que geram lentidões e travamentos a quase todo o momento. Só para vocês terem noção, algumas vezes, quando atirava nos inimigos, apenas segundos depois que o som do disparo da arma saía.

As cutscenes em CG engasgam e as legendas atrasam. Em outro momento tive que reiniciar o game, pois a tela ficou totalmente travada. São problemas, pelo que pesquisei, não encontrados na versão para PC, lançada no ano passado. Então, nada que um um bom patch de atualização não possa resolver.

O guarda florestal Sam Walker
Legendas em português.

Um esforço digno de nota

Lançado em 28 de abril deste ano para os consoles de mesa (Xbox One e PS4), Daymare 1998 tenta servir como um game-homenagem. Porém, se perde um pouco nessa missão e se mostra um jogo sem identidade. Apesar de todos os defeitos, o jogo tem lá seus méritos. E a história trás algumas reviravoltas interessantes até. Dessa forma, os esforços da produtora indie – que conta com cerca de dez funcionários apenas – são dignos de nota.

Tudo isso acontecendo nos mais diferentes ambientes, como cavernas gélidas, túneis vulcânicos repletos de monstros, sendo  possível até mesmo se meter em locais mais instáveis, correndo o risco de ser engolido por uma cratera ou morto por uma explosão de bolsa de gás a qualquer momento.

Esta review foi feita com uma cópia de Xbox One cedida pelos produtores

Daymare 1998

7

Nota Final

7.0/10

Prós

  • Experiência nostálgica
  • Bons gráficos
  • Excelentes puzzels

Contras

  • História clichê
  • Controles travados
  • Excesso de bugs
  • Dificuldade elevada