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Review Double Dragon Gaiden: Rise of The Dragons (PS4) – O retorno de Billy e Jimmy às ruas de Nova York

Como fã de beat ‘em up que sou, sempre que o nome Double Dragon surge, há um certo ceticismo. A franquia existe há três décadas e meia e já passou por muitos altos e baixos, incluindo até um filme live action, de 1994 – ele é horroroso, mas um dos meus favoritos de infância.

Para colocar a série de novo em um ponto alto, Double Dragon Gaiden: Rise of The Dragons chegou, evitando invenções exageradas e focando na porradaria simples e direta. 

Desenvolvimento: Secret Base

Distribuição: Modus Games

Jogadores: 1-2 (local)

Gênero: Ação, Arcade

Classificação: 12 anos

Português: Interface e legendas

Plataformas: PC, PS4, PS5, Switch, Xbox One, Xbox Series X/S

Duração: 1.5 horas (campanha)/5 horas (100%)

Dois dragões em Nova York

Sempre que a cidade corre perigo, Billy e Jimmy estão prontos para entrar em ação

Para quem não conhece, o nome Double Dragon refere-se aos irmãos Billy e Jimmy, que precisam enfrentar as gangues de Nova York para trazer a paz para a cidade. Em Rise of The Dragons, também contamos com a ajuda de Marian e Uncle Matin. Cada um possui sua lista de movimentos: os irmãos Lee golpeiam com socos, chutes e golpes especiais; Marian é especialista em projéteis contando com revólveres, bazucas e granadas; Uncle Matin é o fortão do grupo e, além de ter ataques mais fortes e lentos, possui agarrões.

Em meio ao arsenal de movimentos, há os golpes especiais, que podem ser executados assim que a barra azul na parte superior da tela estiver completa. Quando esses golpes eliminam três ou mais inimigos de uma vez, realizamos um controle de multidão, e recebemos um item que regenera nossa vida. Essa mecânica incentiva quem está no controle a sempre esperar os inimigos se agruparem para aí sim desferir um ataque avassalador e sempre ficar com os pontos de saúde intactos. 

Golpes especiais são ideais para eliminar vários inimigos de uma vez e sair do aperto

Outro uso importante para essa barra especial é que, com ela cheia, podemos alternar entre nosso personagem secundário. Sim, podemos escolher dois lutadores ao mesmo tempo e se jogarmos acompanhados de um amigo, todos os quatro heróis vão para ação, tornando possível o desencadeamento de sequências bacanas ao realizar a troca de personagem no meio da briga.

A aventura coloca os protagonistas contra quatro gangues: Assassinos, Okada, Régios e Triângulo. Podemos escolher a ordem que iremos enfrentar cada uma delas, sendo que a primeira oferecerá uma dificuldade mais baixa, enquanto a que ficará por último será a mais carrasca, com um chefe extremamente apelão. É uma maneira bacana de dar mais liberdade para um gênero que tradicionalmente traz uma progressão mais linear, mas ainda assim, há algumas falhas.

As gangues que deixamos para o final possuem estágios divididos em três partes, e isso implica em sessões de plataformas que não combinam muito bem com a ação proposta pelo jogo. Isso piora quando os capangas da gangue começam a aparecer do nada. 

As quatro gangues que aterrorizam a cidade: Assassinos, Régios, Triângulo e Okada

A outra, é que o chefe da quarta gangue traz uma forma nova, mudando totalmente o tom do combate se comparado com o que ele apresentaria se estivesse em uma das três primeiras posições. A ideia é ótima, para adicionar um elemento surpresa, mas o pico de dificuldade alcança limites praticamente injustos, o que pode arruinar os planos de quem estava em uma partida perfeita.

Gastando o tempo em fichas

Podemos gastar fichas com uma série de coisas, incluindo liberar os vilões do jogo

Quem já é fã de Double Dragon vai reconhecer os nomes de alguns inimigos, como Linda e Abobo, além de diversas referências visuais e sonoras à títulos passados. A questão é que em cima disso e da extensa galeria, está camuflado um grinding bem pesado.

Para desbloquear itens, como músicas, artes conceituais e novos personagens, temos que gastar fichas. Essas fichas são conseguidas ao convertermos nossa pontuação ao final de cada partida jogada. Antes de começar podemos fazer vários ajustes, como o nível de dificuldade, número de continuações, agressividade dos inimigos e custo para reviver nossos personagens. 

Lady Okada é uma das chefes mais duronas do jogo, independente da dificuldade

Quanto mais fácil deixarmos o jogo, maior será a taxa de conversão e menos fichas receberemos. Logo, o contrário também é válido. Se a partida ficar extremamente difícil, a taxa de conversão será baixa e receberemos muitas fichas. Entretanto, vale lembrar que Double Dragon Gaiden: Rise of the Dragons possui apenas quatro fases, sendo que elas ganham segmentos de acordo com a ordem que escolhermos, e uma quinta e final, que é opcional. 

Como precisamos de um pouco mais de 370 fichas para liberar todos os desbloqueáveis, além da exigência de enfrentar cada gangue pelo menos uma vez na última fase para quem quer conseguir 100% dos troféus, a sensação de repetitividade vem muito forte, principalmente depois da terceira partida.

Liberar personagens novos, como os líderes de cada gangue e alguns capangas até ajudam a trazer um pouco mais de variedade e novidade, mas ainda assim, com a estrutura já manjada, fica cansativo jogar tudo de novo.

Todo beat 'em up que se preze precisa de um trecho em um elevador

Pelo menos as músicas não são enjoativas e fazem um trabalho sensacional em trazer o clima da guerra nas ruas pelos diversos locais de Nova York. Os visuais também cumprem seu papel de invocar a beleza nostálgica dos anos 90, com gráficos coloridos em alta resolução, baseados no estilo 16-bits.

Um bom retorno, mas com alguns tropeços

Double Dragon Gaiden: Rise of The Dragons não decepciona ao proporcionar uma ação simples e objetiva, tanto para quem joga sozinho quanto para quem tem um player 2. As sacadas de possibilitar o uso de dois personagens e de permitir a escolha da ordem das fases são ótimas. Infelizmente, a necessidade de juntar fichas sacrifica o fator replay, reforçando a repetitividade exaustiva, principalmente para quem não possui tanta experiência com o gênero.

Cópia de PS4 cedida pelos produtores

Revisão: Julio Pinheiro

Double Dragon Gaiden: Rise of The Dragons

8

Nota Final

8.0/10

Prós

  • Usar dois heróis possibilita combinações interessantes
  • Personagens secretos que aumentam o elenco de quatro para 13 integrantes
  • Jogabilidade simples e fácil de aprender
  • Poder escolher a ordem das fases ajuda a quebrar a mesmice
  • Ótima combinação de trilha sonora e visuais

Contras

  • Grinding pesado para troca de fichas baseado na dificuldade de cada partida
  • Trechos de plataforma não combinam com o restante da ação
  • Fica bastante repetitivo após algumas jogadas