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Review Observation (PS4) – Uma misteriosa aventura no espaço

Observation chamou minha atenção desde seu anúncio, no segundo semestre de 2018. Pessoalmente, gosto muito de ficção científica e a ideia de controlar uma inteligência artificial em uma estação espacial me deixou muito interessada.

Um ano e alguns meses depois, em plena quarentena, eis que finalmente a oportunidade de jogar Observation bate à minha porta. E o que encontrei ao abri-la foi bastante recompensador.

Desenvolvimento: No Code
Edição: Devolver Digital
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Terror, Simulação
Classificação indicativa: 14 anos
Português: Legendas e Interface
Plataformas: PC e PS4
Duração: 6 horas (campanha)

Tripulantes em um dos módulos da estação espacial

Perdidos no Espaço

Desenvolvido pela No Code e publicado pela Devolver Digital, Observation coloca o jogador no controle da inteligência artificial SAM, responsável por todos os sistemas operacionais da estação espacial. SAM se junta a Dra. Emma Fisher para investigar o que aconteceu com o resto da tripulação, desaparecida após um evento misterioso chamado apenas de “O Incidente”. 

Controlar uma inteligência artificial traz muitos benefícios mas também muitos revezes. Como SAM, o jogador tem acesso a câmeras fixas em diversos pontos da estação e pode saltar de uma câmera para outra rapidamente, evitando longas caminhadas pela estação espacial, porém a visualização do ambiente é limitada pelos ângulos de visão das câmeras, o que restringe a movimentação do jogador.

visão de perto de um tripulante da missão

A exploração da estação espacial é um aspecto fundamental do jogo, e vale a pena passar a câmera minuciosamente pelas paredes de cada compartimento disponível na estação.

Documentos, fotos e arquivos de mídia podem ser encontrados onde menos se espera e através desses itens, construímos pouco a pouco a personalidade de cada integrante da tripulação e aprendemos mais sobre a função de cada um deles na missão espacial.

Cada item que encontramos ao longo do jogo vai restaurando fragmentos do núcleo de memória de SAM, e através de mensagens gravadas pelos integrantes, vamos montando o enigma da missão da Observation.

Os puzzles tecnológicos são totalmente integrados à narrativa, pois à medida que completamos as tarefas designadas por Emma através dos puzzles, a trama do jogo vai lentamente sendo revelada. Controlamos uma inteligência artificial, portanto puzzles envolvendo combinações de coordenadas, compilação de arquivos e controle do sistema de portas fazem completo sentido.

puzzle de soltura do módulo

Apesar de  parecerem muito complexos à primeira vista, – cheios de termos técnicos e nomenclaturas específicas – essa que vos fala teve maiores dificuldades em apenas um puzzle, e o diferencial desse puzzle era a rapidez exigida nos reflexos, algo no qual tenho certa dificuldade.

Desorientado

A ambientação do jogo em uma estação espacial deserta já traz aquele arrepio na espinha a qualquer amante de ficção científica. O ambiente claustrofóbico e desorientador em gravidade zero é sentido a todo instante, assim como os ruídos da movimentação robótica das câmeras controladas por SAM.

Nos momentos em que temos a chance de explorar a região de fora da estação, sentimos o impacto da imensidão e do silêncio esmagador do espaço sideral.

Confesso que apesar da empolgação inicial em explorar o ambiente externo, não pude disfarçar o alívio em voltar para o conforto e a familiaridade do interior da estação.

visão da órbita de saturno

A sensação de desorientação se faz ainda mais perceptível nos momentos em que SAM é transferido para uma esfera móvel. Ao contrário das estáticas câmeras fixas, uma vez na esfera nós podemos nos movimentar livremente pela estação – ou poderíamos, se a esfera facilitasse a nossa vida.

Sinceramente, os momentos nos quais estive no controle da esfera foram os momentos em que eu menos me diverti no jogo.

Com a esfera podemos nos movimentar em 360 graus, ou seja, inexistem os conceitos de “chão” e “teto” e entram em cena as batidas frequentes contra objetos, intermináveis tentativas de regular a altura em que estamos, além da irritante sensação de que nos locomovemos em slow motion, o que me deixou bastante frustrada com esses segmentos do jogo.

mapa da estação espacial Observation

Os mapas da estação não servem para muita coisa em grande parte do jogo por conta do design da estação, na qual os módulos são basicamente idênticos mas não são sequenciais, ou seja, depois do “EAS-06” não seguimos para o “EAS-07” e sim para o “EAS-08” e o “EAS-07” fica do outro lado.

Porém, em um determinado momento do jogo perdemos momentaneamente o acesso a todos os mapas, e nesse momento, dei valor ao pouco auxílio que antes fora oferecido, pois pouca ajuda é melhor que ajuda nenhuma.

Há algo estranho entre nós

No momento em que restauramos o acesso a uma nova parte da estação, um evento singular acontece. Orientações e símbolos estranhos aparecem na interface de SAM, e cabe a nós, jogadores, nos atentarmos aos códigos demandados, enquanto escutamos sons sinistros de sintetizador.

Após acertarmos as sequências exigidas nos deparamos com um simples comando na interface de SAM que trouxe calafrios à minha espinha.

Texto "Traga Ela" em caixa alta na interface de SAM

A partir desse momento, a idéia de que há algo estranho entre nós permeia toda a atmosfera do jogo e a impressão de que esse algo está a nossa espreita é constante, enquanto nos enredamos cada vez mais no mistério do Incidente e desvendamos o destino da tripulação.

Elementos de 2001: Uma Odisseia no Espaço, Gravidade e ALIEN: Isolation se entrelaçam na intrigante narrativa de Observation, em um ritmo cadenciado que incentiva o jogador a superar os diversos puzzles e realizar as tarefas um tanto monótonas que são designadas a uma interface de computador.

A trama captura o jogador pela imersão e pela curiosidade em desvendar os mistérios que se escondem na estação e fazem de Observation uma experiência singular.

Seja pelo inusitado protagonista que controlamos, ou por sua jogabilidade diferenciada por meio de interfaces e respostas automatizadas, Observation tira o jogador da zona de conforto de ser sempre aquele que toma as decisões de forma ativa.

Como SAM jogamos de forma reativa, sempre após algum questionamento ou comando. E ao mesmo tempo, logo percebemos que SAM de alguma forma está conectado a toda a cadeia de acontecimentos do jogo.

símbolos estranhos aparecem na interface de SAM

Os efeitos visuais de Observation são bastante satisfatórios, os planos do espaço e da órbita do planeta chamam a atenção pela beleza e de modo geral, o jogo é muito bonito, sempre.

A estação espacial apresenta bastante cuidado nas texturas, o jogo apresenta uma performance visual boa e constante, sem quedas ou instabilidades percebidas durante o gameplay.

Singularidade

Observation é uma experiência inusitada e por isso mesmo intrigante e envolvente.

Tem como motor propulsor a narrativa, que ao mesmo tempo usa e foge aos clichês da ficção científica, e seus poucos pontos fracos não possuem força diante do intenso apelo à curiosidade do jogador, que se envolve cada vez mais na trama e na tentativa de desvendar os mistérios da estação espacial Observation.

Fãs de ficção científica ou de um bom suspense, não irão se arrepender de dar uma chance a esta incrível aventura espacial.

Esta review foi feita com uma cópia de PS4 adquirida pela autora

Observation

9.5

Nota final

9.5/10

Prós

  • História envolvente e intrigante
  • Narrativa revelada de forma gradual
  • Os puzzles são intrigantes e complexos na medida certa
  • Bom ritmo de jogo, intercalando entre puzzles, exploração do ambiente e cenas entre os personagens

Contras

  • Os intensos efeitos visuais podem causar problemas em jogadores com fotofobia ou problemas similares.
  • Não apresenta menu de episódio no pós-game, o que obriga o jogador a pegar todos os colecionáveis na mesma campanha.