Jogo simples e sem muito segredo, que não esconde em momento algum sua clara inspiração nos jogos isométricos da franquia The Legend of Zelda, até mesmo em Wind Waker e suas cenas velejando em alto mar. Pode Oceanhorn ter sua própria personalidade apesar de se basear tanto em outro jogo?
Desenvolvimento: Cornfox & Bros. Engine Software
Edição: FDG Entertainment
Jogadores: 1
Gênero: Ação, Aventura, RPG
Classificação indicativa: Livre
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC, macOS, Android, iOS, PS4, Xbox One e Switch
Duração: 9 horas (campanha)/ 16 horas
Um garoto e sua aventura
O protagonista acorda de repente e descobre que seu pai foi embora, deixando apenas um diário e um colar misterioso. Será que você é capaz de desvendar o que pode ter acontecido? Precisamos realizar essa missão enquanto enfrentamos monstros, segredos e quebra-cabeças numa jornada entre várias ilhas do arquipélago do reino de Arcádia e o monstro Oceahorn que dá nome ao jogo.
Consigo dizer que o jogo se destaca por sua beleza simples e direção de arte, além de visuais bonitos e coesos. Não espere uma qualidade de animação absurda, visto seu primeiro lançamento foi em meados de 2013 para iPhone 4s, ainda assim hoje em consoles modernos o jogo impressiona pelo uso de luz e sombra. Oceanhorn oferece quebra cabeças constantes e de boa variedade fazendo uso das dungeons, e com isso a sensação de dever cumprido acontece o tempo todo sem deixar o ritmo do jogo e seu nível de dopamina cair. Para ajudar neste quesito, o personagem também evolui conforme você adquire experiência simplesmente jogando, o que resulta em upgrades automáticos, rápidos e frequentes.
Ambientação sonora
A obra apresenta um trabalho extremamente bem feito, tanto na apresentação dos eventos através de pequenas cutscenes dubladas (em inglês) quanto em sua trilha sonora. Também pudera, as músicas foram compostas por ninguém menos que Nobuo Uematsu, de Final Fantasy, e Kenji Ito, de Seiken Densetsu (conhecido no ocidente como a série Mana). Foram pouquíssimos momentos em que não me senti imerso no jogo, pois a música dos lugares pelos quais eu passava eram completamente bem produzidas.
Deslizes
Talvez um dos poucos defeitos seja que, em alguns locais, a música simplesmente desaparece e você fica acompanhado apenas dos efeitos sonoros e grunhidos dos inimigos.
Existe um problema pequeno também com a movimentação do personagem que parece imprecisa em alguns momentos. A ação de corrida também é executada de uma forma estranha e não dura muito por causa do curto fôlego que o protagonista possui, o que torna sua execução um pouco inútil. Também não gosto da ideia do botão de correr ser o mesmo que executa as ações, o que causa em uma confusão entre os dois comandos em diversas situações – como quando estou querendo correr mas existe uma caixa próxima para ser empurrada. Por último e não menos imporatante, temos um mini-mapa no canto inferior direito que não se expande, o que faz com que ele basicamente não seja usado pra muita coisa por conta de seu tamanho.
Diversão acima de tudo
Os quebra-cabeças do jogo podem não ser os mais complexos do mundo, mas cumprem o trabalho de serem intuitivos o bastante para dispensar o uso de tutoriais chatos e longos. Basicamente os desafios se revezam entre ativar alavancas, apertar botões, empurrar caixas, atear fogo em objetos e encontra chaves. Como o nível de dificuldade é bem acessível, considero isso como um ponto positivo pelo fato de qualquer pessoa conseguir jogar sem grandes frustrações.
Oceanhorn é um jogo que em sua plataforma original (iOS) não funcionava tão bem por conta do controles touch, mas algum tempo ele acabou recebendo suporte para controles externos. Apesar de ser um jogo proveninete do mundo mobile, seu escopo não tem cara de produções no formato freemium ou de curta duração, então não se preocupe em acabar encontrando um produto de baixa qualidade – em todo o tempo você se sente jogando algo completo e feito para consoles de mesa.
Pare de pensar em Zelda
Minha dica principal é: jogue Oceahorn sem ficar procurando Zelda por todos os cantos. Ele não é e não deve ser encarado assim de forma alguma, se optar em fazer isso sua frustração virá à tona.
Oceanhorn é um jogo com boa história, bom nível de complexidade de quebra-cabeças e uma história competente que traz bastante curiosidade. Tudo ao que ele se propõe demonstra ter sido bem planejado, portanto o jogo é recomendado para amantes de bons jogos de aventura, mas também para fãs da fórmula clássica de The Legend of Zelda – mas, como disse anteriormente, esqueça as comparações.
O título tem sim fortes inspirações e mecânicas utilizadas da franquia da Nintendo, porém em nenhum momento ele tenta ser melhor ou a substituir, muito pelo contrário: Oceanhorn busca seu lugar ao sol, e este desejo se torna ainda mais claro com a vinda de Oceanhorn 2 – que infelizmente ainda está preso ao Apple Arcade e dispositivos iOS e macOS.
Este review foi feito usando uma cópia para Xbox One cedida pela FDG Entertainment