Review Olija Switch

Review Olija (Switch) – Atmosférico que se diz?

Olija é um daqueles jogos feitos por poucos desenvolvedores que pode parecer extremamente simples, mas que consegue fisgar o jogador em poucos minutos. Porém, acredito que nada disso teria acontecido sem a Devolver Digital que apostou sem medo nesse projeto. Após longos 3 anos, Olija está finalmente entre nós para ser analisado e apreciado. Portanto, veremos se essa aposta realmente valeu a pena.

Desenvolvimento: Skeleton Crew Studios

Distribuição: Devolver Digital

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Aventura, Ação, Plataforma, Arcade

Classificação: 14 anos

Português: Interface e legendas

Plataformas: PS4, PC, Xbox One e Switch

Duração: 4 horas (campanha e 100%)

Tudo começa com uma pesca

Olija conta a história de Faraday, o lorde de uma pequena vila que sobrevive apenas de pesca. No entanto, os peixes tem se esvaído, fazendo com que seu povo fique na pobreza. Visto isso, ele veleja o oceano em busca de mais suprimentos para pôr um fim no sofrimento de todos. Durante essa tentativa de salvar sua vila, uma baleia enorme ataca seu navio, o naufragando e fazendo com que todos afundem no oceano. 

Faraday, por sorte, é resgatado por um velho senhor que veleja em uma pequena barca. Logo nas primeiras palavras desse senhor percebemos que é ele quem está narrando toda a história. Agora a missão de Faraday é se aventurar por Terraleva e encontrar seus companheiros náufragos. Em uma dessas aventuras ele encontra o Arpão Lendário, o qual adiciona, e muito, ao jogo no geral.

Como dito anteriormente, o senhor que salva Faraday é quem narra muitos fatos e acontecimentos durante a jogatina. Isso facilita muito na compreensão da história, tendo em vista que Faraday e outros personagens não se comunicam, apenas soam alguns nomes como o do próprio Faraday e, algumas vezes, da princesa Olija. Mesmo com o auxílio desse senhor, algumas partes ainda podem ser compreendidas vendo apenas as cenas.

O enredo de Olija é satisfatório, e muito se dá pela combinação esplêndida que o mesmo possui com as imagens e os sons. Os três em conjunto conseguem criar uma sensação de entrar em um mundo místico com seus perigos. Estava evitando essa palavra, mas Olija é um dos jogos mais atmosféricos que já joguei. Ele consegue facilmente transmitir as fantasias que envolvem o seu mundo.

Pescando pessoas com um arpão

A mecânica que envolve a exploração e o combate está diretamente ligada ao arpão. Ele é muito semelhante ao Mjönir (martelo do Thor), a única grande diferença é que podemos ir até ele e vice-versa. O arpão facilita muito na locomoção de Faraday, sendo bem viciante jogá-lo e fazê-lo voltar. De certo, foi uma boa jogada da equipe para fisgar bem os jogadores – ba dum tss.

Acredito que Olija inteiro se trata de Faraday entrando em uma caverna para encontrar alguma chave ou itens necessários. Consequentemente, por não ser um super humano, o pulo do nosso lorde não é um dos maiores e é aqui que o arpão entra. Explorar verticalmente essas cavernas é um trabalho rápido e simples: mire em algum objeto, atire o arpão e pronto, você chegou em seu destino – quase um Uber. Isso é muito necessário para encontrar colecionáveis e materiais para criar chapéus. Estes que podem ser fabricados com itens certos e dão habilidades passivas para Faraday –  mas também são fabulosos – sendo possível escolher qual será usado antes de qualquer navegação.

Falando um pouco mais sobre o combate no geral, ele é caótico, surpreendente e bem divertido. A surpresa fica por conta da possibilidade de extrair combos tanto das armas quanto do arpão. Podemos utilizar dos famosos socos e chutes, mas também existem armas brancas e de fogo – e até elas possuem combos. Sinceramente, eu não esperava de um platformer como Olija uma atenção ao combate: ele é rápido e exige certa atenção do jogador, mas não é muito difícil. Até mesmo os chefes não chegam a ser mega complicados, mas seria uma grande mentira afirmar que são esquecíveis. Eles detém uma maneira única de desafiar o jogador, mesmo que seja fácil, a atmosfera criada durante essas batalhas as tornam bem incríveis.

Os maiores problemas que Olija possui são sua duração, crashes e posicionamentos de câmera. Eu não tenho problemas com jogos curtos, eles são esplêndidos quando conseguem fornecer algo consistente. Olija é muito bom e poderia oferecer muito mais, pois dá gosto de jogá-lo. Já os crashes aconteceram com maior intensidade na luta final, e durante toda a jogatina tive, pelo menos, uns 5. Fora que, em alguns momentos dessa mesma luta, a câmera não passava para um outro cenário, todos se locomoviam, menos a câmera, o que me resultou em algumas mortes.

Complementos de peso

Existe uma tríade entre o enredo, as imagens e sons criam o grande chamariz. Olija é um jogo 2D com pixel art que se arrisca em fazer cinemáticas. Em primeiro momento achei bem ruim essa ideia, nunca senti muita afeição e sempre me pareceu estranho. Porém, ao adicionar os sons e a narração, um complementa o outro, fazendo de tudo muito atraente, prendendo atenção com outros olhos. 

As músicas são uma mistura de Lo-fi com algo mais antigo e oriental – não encontrei um estilo coerente que encaixasse -, mas que mantém constantemente um ímpeto na cinematografia, fazendo quem joga se atentar com curiosidade para aquilo que é mostrado. O design de áudio é um toque primoroso pela atenção dada aos detalhes, desde o Arpão Lendário ou das flechas cortando o vento até os sons de colisão durante os combates.

Os cenários são outro ponto a ser noticiado, alguns ambientes com folhas caindo e outros com chuva são magníficos. Antes de entrar nas cavernas, uma cinemática bem obscura aparece em primeira pessoa de Faraday entrando. Por mais que não seja o gênero terror, alguns locais são bem assombrosos, com inimigos fazendo barulhos estranhos durante um silêncio arrepiante. Fora os momentos em que o vilão principal chama pelo nome do protagonista.

Uma aposta bem feita

Olija é uma obra que, caso entregasse mais, seria excepcionalmente perfeita. Trazendo um equilíbrio entre o enredo e as artes existentes, a jornada de Faraday em Terraleva se torna uma isca especial para pescar os jogadores amantes de arte. Já os “porradeiros” ainda conseguem encontrar um petisco agradável. O grande porém de Olija são os crashes que tiram toda a dinâmica de uma boa jogatina, e foram os primeiros que presenciei em 2 anos com o pequeno Switch, o que foi surpreendente – de maneira negativa. A duração também não escapa, mesmo sem furos e com uma aventura fechada que, quando acaba, deixa o gostinho de quero mais. 

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Olija

7.5

Nota final

7.5/10

Prós

  • Design de áudio bem feito
  • Combate divertido
  • Cenários marcantes
  • Enredo bem estruturado

Contras

  • Curto
  • Câmera problemática
  • Crashes até demais