Peaky Blinders capa

Review Peaky Blinders: Mastermind (Switch) – Estratégia, sincronia e planejamento

Baseado na série de mesmo nome, Peaky Blinders é um jogo de estratégia em terceira pessoa lançado recentemente para todas as plataformas modernas. Com fortes inspirações em títulos no estilo Commandos e Shadow Tactics: Blades of Shogun, o game conta com mecânicas de puzzle e estratégia que funcionam de forma surpreendentemente bem… até um dado momento. Se você é um amante dos jogos de PC onde sua missão era comandar tropas militares de pequenas quantidades de personagens, certamente Peaky Blinders irá lhe cativar.

Desenvolvimento: FuturLab
Distribuição: Curve Digital
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Puzzle, Estratégia
Classificação indicativa: 14 Anos
Português: Legendas e interface
Duração: Sem registros

Cutscenes

Gangsters de Birmingham

O ano é 1919. Estamos na cidade de Birmingham, na Inglaterra, onde existiu um grupo de gangsters chamado Peaky Blinders, liderado por Tommy Shelby (interpretado pelo ator Cillian Murphy, famoso por Batman Begins e Interception). Sim, são eventos baseados em fatos reais que a série traz em seu enredo para traduzir em uma produção bastante aclamada com cerca de 8.8 no IMDb. Peaky Blinders: Mastermind traz elementos existentes antes mesmo da primeira temporada, da série produzida pela BBC, e incorpora em uma jogabilidade focada em resolver missões através de quebra cabeças e habilidades únicas de cada personagem integrante do grupo de gangsters.

Infelizmente o jogo não traz nenhuma menção ou base profunda para que a pessoa que está jogando possa entender realmente do que se trata tudo e todos por aqui, mas apenas um panorama geral no menu de instruções sobre quem são os Peaky Blinders. De qualquer forma, por incrível que pareça, é possível aproveitar o game sem ter um conhecimento prévio sobre os acontecimentos da obra, e o resultado é ter vontade de consumir o conteúdo original logo após ter contato com o jogo.

Seletor de fases

A história é contada através de cenas estáticas, porém muito bem pintadas e desenhadas, com o rosto dos respectivos personagens que estão falando no momento. Infelizmente, nada de dublagens, visto que a atuação na série é bem elogiada por fãs. Tudo tem início com uma festa onde Tommy, Arthur e os outros membros do Peaky Blinders querem dar na noite daquele mesmo dia. Porém, sem bebidas a seu dispor, Tommy sai em busca de de seu álcool após descobrir que uma gangue rival, os Gilroys, estão com caixas do produto. A partir daí tem início a primeira missão do jogo trazendo o contexto consigo enquanto explica como jogar de uma forma divertida sem inserir tutoriais excessivos na cara do jogador.

Planejamento e sincronia

Apesar de parecer, Peaky Blinders não se trata de viagem no tempo, mas sim de planejamento. O cerne do jogo simula as habilidades altamente estratégicas de Tommy – por isso o subtítulo “Mastermind” -, permitindo com que suas ações sejam executadas e rebobinadas como se fosse realmente um script montado pelo jogador, e depois alterado para encaixar ações de outros personagens.

Você passará a maior parte do jogo executando ações, criando uma linha do tempo para um certo personagem e então mudando para adequar outro neste roteiro. Cada um destes personagens controlado pelo jogador possui uma habilidade diferente, e todos são necessários traçar seu próprio caminho dentro de uma missão para se obter sucesso.

De olho no cenário

No início são poucos os Peaky Blinders que podemos controlar, sendo Tommy, Ada e Finn nas primeiras fases. Tommy possui a habilidade de convencimento através de palavras persuasivas, possibilitando que NPCs sejam controlados por ele a fim de realizar tarefas e até mesmo pegar ou empurrar objetos. Já Ada consegue distrair guardas mulherengos por ser uma personagem do sexo feminino, agindo como uma grande personagem passiva. Finn Shelby, o irmão de Tommy, é o mais baixinho e por isso consegue se esgueirar por janelas e pequenas passagens por baixo de muros e paredes, servindo como aquele que pega itens valiosos e entrega aos outros personagens.

Arthur e John são os valentões do grupo e conseguem lutar contra brutamontes no mano a mano, a diferença é que Arthur é capaz de derrubar portas enquanto John incendeia obstáculos e arma explosivos. Já Polly é capaz de subornar pessoas em troca de informações.

Na delegacia

Nas primeiras fases a quantidade de interações com cenários e variedade de missões são bem limitadas, justamente por causa da pequena quantidade de selecionáveis disponíveis, o que é possível até transmitir uma sensação de repetição ao jogador. Mesmo assim, a ansiedade por tentar novamente e finalizar a missão num tempo menor é o maior chamariz para criar o fator replay de cada uma das fases, além dos relógios colecionáveis espalhados por cada cenário e um modo hard que é possível de ser jogado com dicas e sinalizações do objetivo de cada personagens desativadas durantes as missões, o que torna tudo mais imersivo, porém um pouco mais complicado.

Complicações e incômodos

Existem três formas de se rebobinar as ações em Peaky Blinders: segurando o botão ZL para criar um efeito fast rewind, pressionando o botão L para voltar na última ação do personagem selecionado e, exclusivamente no modo portátil do Switch, rolando a linha do tempo através da tela de toque. O problema é que muitas vezes o L avança para o início da fase, apresentando algum tipo de bug na funcionalidade de pular para a última ação. O que acaba obrigando o jogador a usar o touch se quiser voltar mais rapidamente, mas isso só se estiver jogando no modo portátil.

No pátio

Fora isso, muitas ações requerem que você fique segurando o comando de ação por algum tempo, como acionar uma alavanca ou segurar uma porta para manter aberta, por exemplo. Isso é um pouco irritante e se torna chato com o passar do tempo. Já que é necessário segurar a ação por momento suficiente para que o outro personagem seja selecionado, e então sincronizado para passar pela porta ou passagem que estiver sendo mantida aberta. Não parece algo tão natural de ser feito e, sinceramente, algo facilmente solucionável através da retirada desta necessidade de ações com a exigência de segurar um botão.

Por fim, existem apenas um número bem limitado de fases, sendo que as mecânicas mais variadas e os puzzles que exigem mais raciocínio, por causa de sua complexidade, surgem apenas nas últimas missões. Não tenho problemas com jogos curtos, mas Peaky Blinders parece levar tão a sério a frase “deixar o melhor para o final” que não faz um uso tão bom de tudo aquilo que tem a oferecer logo no início. Mas digo isso, mais uma vez, considerando a pequena quantidade de missões disponíveis – 10 apenas. Como a série possui cinco temporadas até o momento, espero que futuramente mais conteúdo seja implementado baseado neste conteúdo bastante amplo existente.

Na prisão

Também é possível que alguns tipos de jogadores encrenquem com a falta de punição no jogo de uma forma geral, visto que não existe um game over ou derrota numa missão. Cada vez que um personagem falha em sua tarefa, é possível rebobinar a ação e corrigir o erro sem problemas.

Um jogo para dois públicos

Peaky Blinders: Mastermind consegue a maestria de cativar até quem não conhece a obra na qual o jogo é baseado, realizando até mesmo a façanha de gerar interesse em conhecer mais sobre este universo. Fãs mais ferrenhos da série talvez não gostem da jogabilidade por provavelmente terem esperado um jogo mais parecido com algo como The Godfather de PS2, com elementos de mundo aberto, combate e visão em terceira pessoa. Porém, considerando que você é um amante de puzzles e gosta de desafios relativamente complexos, Peaky Blinders: Mastermind é um jogo que se encaixa perfeitamente em sua biblioteca de jogos, porém demora para entregar tudo o que tem a oferecer.

Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores

Peaky Blinders: Mastermind

7

Nota final

7.0/10

Prós

  • Idioma português brasileiro
  • Desafios bem estratégicos
  • Mecânica viciante
  • Suporte à tela de toque
  • Gráficos acima da média

Contras

  • Uso abusivo da mecânica
  • Performance ruim ao rebobinar
  • Pouco conteúdo em geral
  • Missões muito parecidas
  • Imprecisão ao rebobinar rapidamente