Alçado ao status de “esporte de mente”, o Poker segue em uma crescente de popularidade nos últimos anos. Isso também se manifestou na proliferação de mesas de jogadores online. Contudo, ainda é difícil emular a experiência tensa do feltro no universo virtual. Com isso em mente, a Ripstone trouxe seu Poker Club, prometendo o simulador definitivo a quem respira Texas Hold’em.
Desenvolvimento: Ripstone
Distribuição: Ripstone
Jogadores: 1 (local) e 1-6 (online)
Gênero: Simulador
Classificação: 10 anos
Português: Legendas e interface
Plataforma: PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S, Switch, PC
Duração: sem registros
Poker para quem é fã
Antes de tudo, é preciso deixar claro que Poker Club foi pensado com foco nos fãs, ou pelo menos essa é a impressão. Por isso, o primeiro contato pode ser confuso para quem não está acostumado às plataformas virtuais ou às peculiaridades e regras dessa modalidade do jogo de cartas.
Assim, a recepção do jogador acontece por meio de uma lista enorme de menus e muito texto em vez de uma imersão fluida aproveitando o próprio ambiente. Mas se videogame é sinônimo de entretenimento, é provável que quem tem um conhecimento mesmo que superficial das combinações possíveis no Poker decida simplesmente pular tudo.
E é assim que surge o primeiro problema. O jogo pode se autodenominar a simulação mais imersiva já vista – em uma localização em português bem questionável -, mas ele simplesmente não recebe bem quem não está totalmente familiarizado às mesas online.
Sem recompensa
No entanto, isso serve apenas para alimentar outro ponto importante: a falta de sensação de recompensa. Quando o assunto é Poker online, a coisa costuma funcionar quase como uma introdução gradativa às drogas. O jogador começa de forma gratuita, talvez até ganhe alguns itens cosméticos – na internet é possível ser premiado até em dinheiro com as primeiras vitórias.
Mais adiante, depois que já conquistou tudo que podia abrir a carteira, surge a sessão paga com a promessa de recompensas ainda maiores. Em Poker Club o caminho é inverso. Além de não ser um jogo grátis, não existe uma narrativa ou campanha propriamente dita a ser seguida. Basicamente, tudo se resume a algumas mesas amadoras abertas em locais diferentes e desafios específicos a serem cumpridos para avançar rumo ao mundo do Poker profissional.
Antes, porém, você deve criar seu avatar. É ele que os adversários verão sentado ao redor da mesa enquanto decidem se pagam para ver suas cartas ou se desistem da rodada. Inicialmente, não existem muitas opções de roupas, acessórios e demais customizações para o personagem. É jogando que se desbloqueia mais opções, e logo você percebe que esse é de fato o único objetivo aqui.
Já ouviu falar em “poker face”?
No melhor estilo freemium, Poker Club oferece fichas e multiplicadores como recompensa a quem faz login diário. Além disso, cada disputa inicial tem missões específicas – “elimine um jogador” ou “saia da mesa com $ 250 a mais em fichas” -, que rendem estrelas ao jogador. Acumulando esses prêmios, novas competições são habilitadas até chegar no cenários dos grandes torneios profissionais.
E o dinheiro também é importante. É com ele que você garante tanto o buy in – taxa de entrada que varia de acordo com a mesa em que a partida acontece – como alguns dos acessórios para personalizar seu avatar. Mas para por aí. Talvez surjam no futuro competições mundiais como se tornou patente no cenário dos eSports, mas ainda não é o caso.
No fim das contas, vencer é apenas satisfação pessoal de saber jogar bem. A recompensa em forma de fichas serve apenas para continuar jogando ou mudar a aparência do boneco que você criou. Contudo, até para isso é preciso estar muito envolvido a essa altura, pois os personagens têm pouca função real. Eles estão lá e podem vestir roupas diferentes, cobrir os braços com tatuagens e até ostentar itens sobre a mesa, mas invariavelmente todos têm a mesma cara boba de paisagem.
Já ouviu falar em poker face? Pois é, nem mesmo a famosa expressão usada para esconder as reais intenções dos adversários está presente ou quaisquer outras que poderiam demonstrar algum tipo de emoção. É quase como se todos os competidores tivessem sido lobotomizados. No mesmo sentido, o voice acting é genérico, repetitivo e até apático, seja na vitória ou na derrota depois de apostar todas as suas fichas.
Definitivo ou genérico?
Ainda assim, existem pontos positivos em Poker Club como é o caso do matchmaking. Não importa o horário ou o dia, sempre é possível encontrar mesas cheias para fazer uma aposta. Chega a ser irritante tentar convidar um amigo para a mesma disputa já que as salas se enchem rápido.
Mais uma vez, isso ressalta a falta de menus mais enxutos e intuitivos. Pode ser que existam meios mais simples de criar mesas privadas ou talvez seja impossível mesmo, é difícil afirmar com certeza sem dedicar horas analisando cada opção nas diferentes telas que o jogo apresenta.
De fato, isso se repete até mesmo durante as partidas. Às vezes, Poker Club derrama tanta informação sobre o jogador que é fácil para quem não é um aficionado se distrair e tomar uma decisão errada. Ainda assim, quem não perde nenhuma chance de apostar algumas fichas e tentar levar o big pot na base de muita estratégia e blefe, pode encontrar no simulador bons momentos de diversão. Mesmo assim, a imersão definitiva ainda ficou distante.
Cópia de PS4 cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong