Acompanhando o sucesso de Final Fantasy e querendo uma jogabilidade um pouco mais dinâmica, a SquareSoft (atualmente Square Enix) iniciou a franquia Mana no Game Boy, em 1991. O terceiro título, Trials of Mana (1995), recebeu um remake de mesmo nome em 2020 para Nintendo Switch, PC, PS4 e, quatro anos depois, para Xbox Series X|S. Será que a nova versão faz jus ao legado da franquia? Vamos ver aqui.
Desenvolvimento: Square Enix
Distribuição: Square Enix
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG, Ação
Classificação: 12 anos
Português: Não
Plataforma: Xbox Series X|S, Nintendo Switch, PC, PS4
Duração: 20 horas (campanha)/44 horas (100%)
Reinos buscando a Mana

A Deusa da Mana selou oito bestas divinas utilizando a Espada da Mana e depois descansou, transformando-se em uma árvore. Após algumas eras, o poder da deusa começou a enfraquecer, tornando possível romper os selos das bestas divinas e obter a Espada da Mana. Algumas pessoas, querendo o poder mágico e político que a espada oferece, começaram a conspirar em seus reinos ou clãs para conseguir esse poder.
A trama do título gira em torno dessa caçada, pois os heróis precisam despertar e derrotar novamente as bestas divinas para que os vilões não consigam a Espada da Mana.

A história é simples e segue a mesma estrutura de muitos outros jogos da desenvolvedora, mas o diferencial de Trials of Mana está nos reinos e clãs que são bons ou maus dependendo dos heróis escolhidos pelo jogador.
Existem seis personagens jogáveis, mas é possível escolher somente três. Os escolhidos são os heróis e os reinos ou clãs dos não selecionados são os vilões, responsáveis pelos ataques e invasões. Isso dá uma dinâmica interessante e bastante rejogabilidade ao título.
A narrativa tem um bom fechamento, com vários momentos divertidos e épicos, não sendo somente uma desculpa para o jogo acontecer, pois existe uma certa complexidade, com intrigas e conspirações.
Desafios da Mana

O combate de Trials of Mana é bem clássico dos RPGs de ação e se distancia dos hack ‘n’ slash por ser mais lento. Os personagens possuem ataques rápidos e fortes, além de movimentos especiais e magias, que variam bastante conforme sua classe.
Cada herói possui uma classe base específica com possibilidade de evolução. Quando sobe de nível, o jogador deve distribuir pontos nos atributos, podendo criar uma construção diferenciada em cada personagem, com focos diferentes. Conforme os atributos aumentam, o personagem ganha habilidades ativas e passivas.
Depois do nível 18, é possível evoluir da classe base para a classe 2, seguindo um rumo de Light ou Dark, que são focados em suporte ou dano, respectivamente. As classes 3 são acessíveis depois do nível 38 e a quarta classe, por fim, é alcançada somente depois de enfrentar o chefe final, liberando habilidades e magias poderosíssimas.

Para acompanhar as inúmeras escolhas possíveis, o título possui vários níveis de dificuldade. Os mais intensos são liberados apenas para o modo New Game Plus, pois é preciso finalizar o jogo ao menos duas vezes para conseguir o que é necessário para superar o desafio.
Os combates são muito divertidos e dinâmicos, mas é necessário pensar rápido em determinadas situações. Utilizar magias poderosas para aniquilar os inimigos menores é muito satisfatório, assim como as lutas contra chefes. Felizmente, não existem elementos punitivos como barra de stamina ou parry, mas determinadas magias exigem tempo para serem atiradas, deixando o personagem exposto a ataques.
Luz e sombras

Tive o privilégio de jogar o remake de Trials of Mana em seu lançamento, no Nintendo Switch. Comparando as versões, no Xbox Series S existem claras melhorias na resolução, taxa de quadros por segundo e tempo de carregamento. O que já era bonito na versão para Switch se tornou muito melhor por estar mais fluido no Xbox.
Apesar disso, a obra não trabalha tão bem com as sombras. Existem locais iluminados e escuros, mas a diferenciação de luz se dá somente pela cor das texturas. É um pouco frustrante, porém, faz parte das escolhas artísticas da própria desenvolvedora quando se trata de um jogo de menor escopo e menor orçamento, diferentemente de Final Fantasy XV e XVI, por exemplo.
Existem alguns problemas de repetição no som das criaturas, mas esse é o único ponto negativo em relação ao áudio, pois as músicas são únicas e, às vezes, até épicas, fora o fato de que muitos diálogos são dublados.
Conquistando a Espada da Mana
Os problemas audiovisuais do jogo deixam de ser relevantes quando colocados diante de sua jogabilidade tão satisfatória. É difícil de enjoar por causa da constante sensação de evolução dos personagens, que gera uma forte rejogabilidade após a conclusão da campanha. Recomendo Trials of Mana para quem gosta de RPGs em geral e não liga tanto para a parte gráfica.
Cópia de Xbox Series S cedida pela Square Enix LATAM
Revisão: Julio Pinheiro