Smelter é mais um daqueles jogos que você provavelmente nunca ouviu falar, e se impressiona ao olhar vídeos e imagens. Criado por uma empresa independente japonesa, seu primeiro projeto já mostra como cativar o público e refinar mecânicas de plataforma e ação, tendo diversos jogos de Super Nintendo como referência e, por isso, também mantém um estilo retrô de 16 bits.
Desenvolvimento: X Plus Company Limited
Distribuição: DANGEN Entertainment
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, ação, estratégia
Classificação: 12 anos
Português: Não
Plataformas: PS4, Xbox One, Switch, PC
Duração: 13 horas (campanha)
Onde tudo começou
Smelter tem sua introdução no jardim do Éden, apresentando a famosa história bíblica Adão e Eva aos seus jogadores. Ao controlar Adão e comer o fruto proibido, o jardim é completamente destruído e Eva é separada de seu amado, sendo jogada no limbo da escuridão. Ao retomar sua consciência, ela encontra-se em uma caverna desconhecida e decide prosseguir para tentar encontrar seu marido. No meio do caminho, uma estranha criatura verde chamada Smelter pede a ajuda de Eva para também sair daquele lugar, oferecendo seus poderes em troca disso. Logo após uma animação estilo Sailor Moon, a heroína se transforma e agora possui novos poderes para utilizar e escapar da caverna em segurança.
A partir daqui, a história praticamente inteira é focada em Smelter e Eva se torna uma simples carapaça para a história, o que é um tanto quanto estranho. Não há diálogo entre os dois durante a aventura e, em poucos momentos, o jogador é relembrado que estava ajudando ela a procurar Adão. A impressão passada é que essa é uma justificativa para utilizar uma personagem feminina com armadura que cobre apenas metade de seu corpo.
Pula pula, bate, bate
Smelter possui dois estilos principais de jogo. O primeiro é o já bem conhecido gênero plataforma 2D em que o jogador deve chegar de um lado a outro da fase e coletar um item essencial chamado Dome Rune. Ele possui grande importância no próximo estilo de jogo, que é o real-time strategy.
Focando primeiramente na parte plataforma, provavelmente esse é o ponto mais forte e extremamente bem executado. Aqui, Eva precisa enfrentar diversos monstros e obstáculos utilizando a armadura de Smelter, coletando novas habilidades no meio delas. Você poderá deslizar paredes e escalá-las, semelhante às mecânicas usadas na série Mega Man X. Além disso, ao avançar um pouco mais, você poderá alternar entre três elementos e cada um terá um efeito mais forte ou fraco em certos monstros, além de trazer habilidades exclusivas que exigirá alternar entre eles durante a fase, como a possibilidade de um pulo duplo ou planagem.
Durante as fases, você poderá encontrar paredes invisíveis que escondem itens secretos para serem utilizados como melhorias, tanto para as fases de plataforma quanto de estratégia. Além disso, também há portas escondidas que levarão o jogador a uma sala de trials (desafios), testando suas habilidades com os controles. Você precisa passar o percurso com uma regra específica, como passá-lo sem tomar dano, sem morrer, matar todos os inimigos ou completar antes do tempo limite. Após finalizar, você receberá uma recompensa que também será usada para melhorias do seu protagonista posteriormente.
Preparar as tropas!
Já no segundo estilo de jogo, como citado acima, temos uma mecânica de estratégia em tempo real, mas com visão de cima. Aqui, você controlará apenas Smelter e seu objetivo é conquistar territórios cada vez maiores com suas tropas, realizando algumas tarefas junto com seus aliados dentro desses territórios e liberando novas fases de plataformas para serem exploradas.
Você deve mover o Smelter para uma célula inexplorada e selecioná-la para que ele crie um caminho do seu exército até ela. Depois, dentro daquela célula, você pode construir algumas estruturas como casas para gerar novos soldados Zirm, uma torre que gerará maçãs para alimentar esses soldados e fortalezas de guerreiros corpo-a-corpo ou de arqueiros. Você precisa criar novos soldados Zirm e levá-los até a outra estrutura para ocupá-la e dar assim sua função, como guerreiro ou coletor de recursos. Zirms sem casa ou sem maçãs morrerão depois de algum período, então é importante proteger essas duas estruturas indefesas. Por fim, no mapa, também haverá outros locais para exploração, que fornecerão recursos extras, teleportes para chegar mais rápido em outras áreas e até habilidades novas.
Infelizmente é aqui onde o jogo mostra diversos problemas em sua construção. Em alguns momentos, você será atacado por inimigos e a dificuldade parece sempre estar muito acima do que deveria, pois em momentos aleatórios você terá uma horda gigantesca de monstros que vai trucidar suas estruturas ao tentar avançar.
Outro ponto negativo está em uma das missões que é necessária para prosseguir, por não explicar muito bem o que precisa ser feito e deixando, assim, para o jogador entender por conta própria. Tudo piora mais um pouco quando você descobre que não há como começar outra missão enquanto esta não se encerrar. Por último, ao mandar um soldado Zirm para algum alojamento, será decidido qual deles deve ser enviado. O problema é que alguns deles estão muito afastados do local e, em casos de extrema urgência, fará mais sentido o jogador desocupar alguém de um estabelecimento próximo para que chegue bem mais rápido ao seu destino.
Uma salada com um leve toque azedo
Smelter , durante a aventura, mostrou momentos altos e baixos, além de em diversos momentos ter alguns bugs que causavam soft lock e obrigar a perder uma parte do seu progresso, ao fechar e reabrir o jogo. Porém, o time de desenvolvimento já está ciente destes problemas e estão lançando diversas correções frequentes para melhorar a experiência, e evitar que situações assim aconteçam.
No geral, Smelter mostrou ser um projeto decente e muito divertido, com animações, trilha sonora e gráficos a serem seguidos como exemplo de trabalho bem feito. Provavelmente seria uma experiência muito mais agradável e completa se tivesse apenas a parte de plataforma 2D, mostrando inclusive um game design bem mais coerente durante estas fases, trazendo desafios bem pensados e de forma mais equilibrada do que nos momentos de estratégia.
Cópia de PS4 cedida pelos produtores.
Revisão: Jason Ming Hong
Smelter
Prós
- Controles bem responsivos
- Desafio equilibrado nas fases plataforma
- Trilha sonora excelente
Contras
- Mecânica de estratégia frustrante e tediosa pela dificuldade inconstante
