Acredito que você vai concordar comigo: Stitchy in Tooki Trouble é um nome um tanto quanto incomum para um jogo, seja por sua extensão ou por causa de ser quase um trava-língua. O indie com fortíssimas inspirações na franquia Donkey Kong Country chega exclusivamente ao Switch para tentar pegar um pedacinho do público já conquistado pelo gorila da gigante japonesa, mas o quão fácil será sua missão?
Desenvolvimento: Polygoat
Distribuição: Polygoat
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Plataforma, Ação, Arcade
Classificação: Livre
Português: Legendas e interface
Plataforma: Switch
Duração: 2 horas (campanha e 100%)
Vá atrás de… finalizar as fases
Em Stitchy in Tooki Trouble somos um simpático espantalho, que teve a plantação de sua fazenda devastada por uma criatura desconhecida. Tomado por um inexplicável poder, ele ganha vida e agora tem a missão de chegar ao final da fase o mais rápido possível, além de coletar alguns colecionáveis (milhos) para receber uma vida extra ao somar cem deles, recuperar 3 totens escondidos em cada local e eliminar alguns inimigos. Parece simples e direto demais, porém essa é a única forma de descrever toda premissa do game. As mecânicas são tão curtas e grossas quanto a descrição que acabei de fazer.
A sensação de estar jogando Stitchy in Tooki Trouble é a mesma de experienciar um título mobile feito por um desenvolvedor iniciante, seja por conta de sua falta de apresentação competente ou por causa de sua jogabilidade simplória e rasa. As possibilidades aqui são poucas: pule, escorregue, corra, pule na cabeça de inimigos e atire seu corpo contra o chão e objetos para destruí-los. Essa última ação permite com que encontremos itens escondidos e totens que formam uma grande estátua no final da fase, bem parecido com o jogo já citado da Nintendo no início desse texto. Também temos a famosa habilidade do pulo duplo, que dá um pouco mais de dinamicidade à gameplay, mas sem acrescentar tanta coisa além da possibilidade de alcançar alguns locais um pouco mais altos ou evitar a morte em precipícios graças à física irreal.
Entre algumas fases e outras, temos que enfrentar chefes em locais fechados em um formato de arena, para vencer e continuar avançando no mapa. Aqui usamos praticamente todas as técnicas aprendidas até então, desviando de ataques desferidos em padrões por parte do inimigo, para depois pular em suas cabeças e usar a investida do espantalho para espatifar a ameaça. A partir daí, seguimos para o mapa seletor de fases e assim por diante. Existe até mesmo uma fase igualzinha à da mina de carvão de DKC, em que você precisa desviar de obstáculos, mantendo-se vivo até o final do trajeto enquanto passa raiva por perder coletáveis pela fase por ter tomado o caminho errado.
Tentar falar mais do que isso sobre Stitchy in Tooki Trouble seria forçar demais a barra, tentando criar conteúdo a partir de onde não existe. O game se ausenta de vários pontos que trariam mais diversidade para sua jogabilidade, como fases bônus que são um ponto altíssimo em sua inspiração, além de coletáveis que fazem sentido e recompensam o jogador de alguma forma. Os totens aqui, por exemplo, não são nada além de objetos que pegamos em fases para marcar uma checklist sem fundamento, além do melhor tempo não premiando você de forma alguma. Muitas coisas foram feitas, aparentemente, apenas “porque sim”, pois fazem parte do mundo dos videogames.
Uma tentativa justa, porém falha
Stitchy in Tooki Trouble é difícil de recomendar até mesmo para fãs assíduos de Donkey Kong Country, porém, vá tendo em mente do que te espera. O indie carece muito de carisma, polimento em termos de animações (todas são bem grosseiras e simples) de forma geral e uma apresentação mais digna. O design de personagens e inimigos são até bem feitos, mas a estrutura das fases muitas vezes são tão maçantes até dizer chega. O game do simpático espantalho merecia muito mais, principalmente por demonstrar que faltou bastante entendimento por parte dos desenvolvedores sobre o que torna o gorila da Nintendo algo tão especial assim: personagens com personalidade, level design criativo e mecânicas bem aproveitadas. Stitchy in Tooki Trouble aposta na simplicidade, e acaba tropeçando justamente por não saber usar isso a seu favor.
Cópia de Switch cedida pelos produtores